Também digo sempre bem alto aquilo em que acredito. Mas confesso que hoje me vou deixando ficar cada vez mais céptico quanto ao futuro. E comodista. No entanto, ainda capaz de aderir a um projecto bem delineado, praticável e nas mãos de pessoas competentes. Ora esse projecto é que eu não vejo ninguém apresentar. Exemplificando: eu quem confiar para acabar de vez com a corrupção mediante a eficácia dos meios policiais e judiciais?
Aí está um problema interessante e complicado, que nos toca a ambos, enquanto o aparelho judiciário não funcionar não funciona o país, mas há sempre soluções terminar a desjudicialização da justiça, extinguir a mediação e os julgados de paz (em particular por serem inconstitucionais), reforçar o número de juízes dos tribunais judiciais e dos tribunais adminsitrativos e fiscais, aumentar o número de MPs, reforçar a formação contínua dos operadores judiciários no CEJ, construir campus judiciários em todas as cidades e investir em infraestruturas e pessoal o dinheiro das rendas milionárias pagas pelo Ministério da Justiça, e acima de tudo criar meios dos cidadãos acederem aos tribunais, inclusivé fisicamente.
Não se pode reformar por partes, é preciso ter um todo coerente. Tem que se começar pelas bases que justificam o sistema, a distribuição de poderes e lugares, partir para o funcionamento e interacção entre cada um e os meios de fiscalização. Partir para um combate à corrupção deixando os aparelhos partidários intactos para interferir é inutil - acaba nas investigações que temos hoje em dia, ou seja, sem culpados ou reforma.
Ao virar-se para mim e pedir de bandeja esse todo pede conscientemente o impossivel, pq sabe que um so homem n pode prever ou pensar em tudo. Tenho ideias sobre partes mas coisas épicas não se fazem a um ou dois. Todo esse debate é preciso fazer (em vez de gastar energias a discutir a virtude relativa de políticos que já venderam a alma a bom preço).