por Rui Crull Tabosa, em 01.09.09
Vi a entrevista, afeiçoada, de Judite de Sousa a José Sócrates.
Foi um bom tempo de antena do PS.
Falou-se do alegado sex appeal do Primeiro-Ministro, que se chegou a permitir escolher os temas a que iria responder e prometeu que, se ganhar as próximas eleições, retomará o modelo de avaliação dos professores sem “transigências” mas com mais “delicadeza”...
O momento alto da entrevista foi quando Sócrates anunciou que uma das grandes medidas que tem em carteira para combater o desemprego de mais de 500 mil Portugueses é a criação de 30 mil estágios, ou seja, resolve 6% do problema do emprego. Dizer isto sem se rir não deve ter sido fácil…
O momento mais baixo foi a repetição da mentira de que a sua principal adversária política acha que o casamento existe APENAS para a procriação (esse horrível pecado que parece fazer perdurar e lembrar a alguns a discriminação…), que as obras públicas servem APENAS para dar emprego a ucranianos. A palavra apenas nunca foi dita ou insinuada por Ferreira Leite e Sócrates saberá bem que a insistência na imputação dessa pequena expressão o afasta muito da verdade. Dará jeito mas não é aceitável nem honesto.
Mas o momento verdadeiramente mais revelador da conversa do Primeiro-Ministro na televisão do Estado foi a entrevista que, logo a seguir, Medina Carreira deu na SIC a Mário Crespo.
Medina Carreira referiu-se a Sócrates como esta gente que nos governa; considerou que o Governo está a cometer um crime contra o País ao prosseguir com as obras megalómanas; disse que a reforma da educação é um logro; reconheceu, finalmente, em Manuela Ferreira Leite uma mulher séria e determinada, só esperando que esta se saiba rodear bem caso ganhe as eleições.
Ao comparar a conversa melosa de Sócrates com a entrevista desempoeirada de Medina Carreira lembrei-me do canto das sereias.
Cairão os Portugueses outra vez nesse canto, nessa conversa mole?
Já acordaram? Se não, acordarão ainda a tempo?
Espero bem que sim.
Não por mim, mas por Portugal.