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Carlos Santos, o economista, assina um belíssimo texto sobre a qualidade dos programas do PSD e do Bloco de Esquerda. Até Carlos Santos, o socialista, terá de reconhecer que nem todo o programa do Bloco de Esquerda é mau. Aproveita-se, por exemplo, a parte do programa do Bloco de Esquerda que Carlos Santos, o bloquista, assina.
Carlos Santos contribuiu para o programa do Bloco e agora comenta o programa do bloco como apoiante do PS. Não acredito que esta mudança revele qualquer tipo de oportunismo, de heteronomia ou de bolina ideológica. É normal que um homem mude de ideias. Que o faça em apenas 5 meses serve apenas para confirmar que Carlos Santos (o bloquista, o socialista ou o economista) é mesmo um fora de série. Qualquer um deles.
se nunca como hoje se sentiu uma tão grande apetência do poder executivo para conhecer, seduzir e influenciar a agenda mediática?
Como podem assegurar-se as condições lineares do debate democrático, do debate aberto e franqueado no espaço público, se esse impulso de sedução e domínio perpassa do alinhamento e da agenda para o controlo mais directo ou indirecto de órgãos de comunicação ou das suas estruturas de gestão?
E não falámos apenas e só da política de comuni-cação – verdadeira prima inter pares do poder executivo deste tempo –, nem da conivência ou da banalização e vulgarização dos contactos institucionais com jornalistas, nem das nomeações de administradores ou editores convenientes, nem das soluções legislativas que avaliam e adjectivam a qualidade do jornalismo.
Falamos também – e com farta preocupação – da liberdade de expressão individual e da sua evidente castração. Também o cidadão comum, trabalhador ou empresário, desempregado ou quadro médio, estudante ou funcionário público
sofre e padece o efeito de tenaz da crise económica, por um lado, e da dependência estatal, pelo outro. A conjugação de uma grave situação económica com um discurso oficial de pensamento único, de auto-elogio maniqueísta e de optimismo compulsivo produz uma atmosfera propícia ao medo e ao receio do exercício da liberdade crítica e da assunção pública da divergência. Não, não são só os media; é também a sociedade portuguesa que está condicionada.
Nunca como hoje, em décadas de democracia, se sentiu este ambiente de condicionamento da liberdade. Do ponto de vista dos valores processuais da liberdade de opinião e da liberdade de expressão, vivemos, aqui e agora – ai de nós! – num tempo de verdadeira “claustrofobia constitucional”, de verdadeira “claustrofobia democrática”. (...)