O neoliberalismo em que vivemos é uma pandemia pior que o vírus da gripe “A”. Ele até contagia instituições bancárias supostamente insuspeitas como o BEI, Banco Europeu de Investimentos, que nasceu e vive à sombra da União Europeia e de dinheiros públicos, incluindo capitais do estado Português.
A 16 de Junho último o BEI emprestou 15 milhões a uma empresa privada especializada em “microfinanças” - a Shorecap Internacional Limited com sede nas ilhas Cayman e é difícil vislumbrar-se qual o interesse público do empréstimo.
Nos últimos doze meses, o BEI financiou projectos na Índia em 65 milhões através de famosas empresas de “fundos de desenvolvimento” como as Adlevo Capital, Afrincinvest Limited, GroFin e Lipfrog Investments, todas sediadas nas Ilhas Maurícias.
As Maurícias estão cada vez mais a constituir-se num requintado paraíso fiscal. Deve ser o processo mais transparente para os dinheiros comunitários "ajudarem" os Países pobres.
Canalizam-se assim para as “ong” (“organizações de negócios gananciosos”), - não confundir com as ONG sérias, quase todas de inspiração cristã -, as supostas ajudas ao “desenvolvimento”.
Quanto a debates políticos interessantes, apenas há notícia de que os Deputados alemães não tiveram férias este Verão.
Ficaram em casa para fugir à gripe? A ver na TV a todas as horas uma Ministra a falar da pandemia? Não, estiveram ocupados a tempo inteiro em reforçar os poderes do Bundestag em nome da soberania alemã, para melhor poderem fiscalizar a aplicação do "Tratado Lisboa-porreiro pá".
Será que uma variante do virus da gripe neoliberal também já atacou os nossos candidatos a deputados à assembleia da república e a Primeiros Ministros e que ela os impede de pensar, ao menos um segundo que seja, no buraco europeu em que vivemos?