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A relação que este governo cultivou com os media irá ficar para a história da politica portuguesa como um verdadeiro manual erros em lidar com a imprensa. O terramoto político causado pelo afastamento de Manuela Moura Guedes foi apenas um culminar de uma estratégia errada, que visou controlar e manipular a informação até níveis nunca antes vistos na democracia portuguesa. Se no passado, os governos eram acusados de controlar os meios de comunicação públicos, este executivo tentou estender esse controlo aos órgãos de comunicação social privados. E até metade do mandato pode-se dizer que tiveram sucesso, com um estado de graça mantido muito às custas de uma imprensa benigna. A verdade é que também houve uma gestão rigorosa da informação por parte do governo.
Mas tudo começou a mudar quando explodiu o caso da licenciatura de José Sócrates. Nessa altura, o país assistiu a uma tentativa despudorada de silenciamento da imprensa, com telefonemas do próprio Primeiro-ministro para directores de jornais e rádios e pressões do seu gabinete para alterar o rumo da cobertura, que iniciaram um longo processo de ataque à liberdade de expressão liderado por São Bento. Mais tarde surgiu o furacão Freeport, e nunca mais este governo soube lidar com a imprensa. Assumindo que a comunicação social era responsável por este caso, o PS sentiu-se no direito de lançar na opinião pública a tese das forças ocultas e da campanha negra, onde os media estariam a ser marionetes nas mãos da oposição para prejudicar o governo. O próprio Primeiro-ministro nomeia um director de jornal e uma estação de televisão privada como os seus grandes opositores. Mais tarde, assume também uma oposição infame contra o jornal nacional da TVI, criticando um programa que lhe era critico. Numa tentativa óbvia de silenciamento, o país descobre que a PT se preparava para adquirir parte da Media Capital, com cobertura do governo. Sócrates, assustado com a reacção da opinião pública, recua e veta o negócio, que antes considerara um assunto de privados. Em plena campanha eleitoral, e talvez fora de tempo, Manuela Moura Guedes é retirada do ar, já depois de José Eduardo Moniz ter saído da TVI. O Partido Socialista, que há muito lutava para que este cenário se concretizasse, reage como virgem ofendida, como se nada tivesse feito para isso acontecer. Pelo meio, regressam as teorias das forças ocultas, que estariam a fazer tudo isto para prejudicar o governo.
Como tem vindo a ser apontado por personalidades de vários quadrantes, o Partido Socialista é, no mínimo, co-responsável por esta decisão, depois de ter considerado um órgão de informação como sua opositora pública.
Um futuro governo irá de certeza apreender os erros de José Sócrates. A convivência com uma imprensa hostil faz parte da vida democrática, e quem vai para o governo tem de ter o estômago para saber lidar com ela. A tentativa de a controlar ou manipular acabará sempre por ser desmacarada, trazendo para os seus autores o desrespeito das pessoas.
Também aqui.
«ApesarEsta pérola da Agência Financeira é demonstrativa
da suspensão do «Jornal de Sexta» apresentado por Manuela Moura Guedes
- caso que levou à demissão em bloco da direcção de informação do canal
- os portugueses mostraram qual é o seu canal de eleição.»