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pause ou stop/eject

por DBH, em 08.09.09

 

Voltámos ao eufemismo da "interrupção".

 

O programa do Bloco de Esquerda diz assim:

 

"Aqueles que escolherem interromper a sua vida devem-no fazer com o maior conforto".

 

Como se, depois da interrupção, se pudesse voltar atrás e continuar. Como um carregar no rewind depois do pause. Como se a eutanásia fosse Pause. Em vez de Stop. Eject.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De formigapreta a 08.09.2009 às 19:04

talvez o bloco esteja a tornar-se religioso; a vida interrompe-se (seja nova ou velha) e depois retoma-se no outro mundo... quanto ao conforto, ele exige-se quer aos interrompidos, quer aos interruptores (presumo, por uma questão de justiça)
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De fsc a 08.09.2009 às 19:18

o conforto que o Bloco se refere é a presença rapida do exorcista para o rescucitar e a bandeja com um chá de erva praga para para beberem em conjunto, enquanto lançam os orixás.
Acho bem.
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De Diogo Duarte Campos a 08.09.2009 às 20:10

Excelente post.
Abraços
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De Aguia de Ouro a 08.09.2009 às 20:53

Louçã namora o PS!

Vai ser mais uma derrota estrondosa para o PSD e para a direita (inclua-se este blog)!

<a href="http://aguia-de-ouro.blogspot.com/">http://aguia-de-ouro.blogspot.com/</a>
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De al kantara a 08.09.2009 às 23:15

Não, meus filhos. A "interrupção" da vida não é um tema daqueles que sirva para uns gajos mais ou menos espertos fazerem uns trocadilhos engraçados. Só espero que nenhum dos espirituosos , algum dia, fique em situação de sofrimento tal que se esqueça das certezas de quando era um semi-imbecil cheio de certezas...
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De DBH a 09.09.2009 às 00:09

Caro al kantara,

Obrigado pela semi-parte que me calha, da imbecilidade como da esperteza.

Concordo consigo. A morte, o sofrimento - nosso ou de quem gostamos - e a questão da eutanásia não serve para trocadilhos nem piadas.

Mas não foi isso que fiz.  O que escrevi, al kantara, foi lembrar exactamente que a morte é  a morte é a morte é a morte. Não é uma "interrupção".

Fazer um eufemismo para açucarar uma das questões mais complexas da discussão política, isso sim, é a última demagogia.
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De al kantara a 09.09.2009 às 00:42

Caro DBH,
Ainda bem que estamos de acordo nessa premissa da seriedade da questão. Já agora, gostaria que estivéssemos de acordo na possibilidade de discutir a eutanásia como a possibilidade de "interrupção" de um sofrimento absurdo e inútil, ao qual só a cultura judaico-cristã confere sentido.
PS - Já agora, "a morte é a morte é a morte" funciona enquanto "somos" imortais e quando pensamos "morte" estamos, de facto, a pensar na morte dos outros... 
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De artur mendes a 09.09.2009 às 02:15

" Só acultura Judaico- cristã" . Pergunto-lhe: E a muçulmana é  a favor?

 
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De al kantara a 09.09.2009 às 09:01

Confesso-lhe a minha ignorância sobre o papel do sofrimento na cultura muçulmana, apesar de saber que existem rituais chiitas de auto-flagelação que tão cara é a determinadas correntes do catolicismo ibérico. De qualquer forma, ao que me estava a referir era ao papel redentor e salvador que o cristianismo confere ao sofrimento. Por isso, essa pergunta de ser "a cultura muçulmana a favor" está um bocadinho desligada do contexto do meu comentário...
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De João a 09.09.2009 às 12:24

Al kantara,

Eu penso que não está a compreender bem a questão. Não penso que se está a discutir o sim ou não à eutanásia. O que está em causa é um mau uso de palavras para aligeirar um assunto. O uso da palavra "interromper" já vem desde o aborto. A palavra "aborto" é tida como dramática, feia, má e por isso lá se inventou o termo "Interrupção Voluntária da Gravidez" para aligeirar um pouco a carga negativa da palavra "aborto". O problema - e podemos se quiser dizer que é só uma questão de semântica mas eu gosto de chamar as coisas pelo seu nome - é que o uso da palavra "interrupção" implica que estamos perante algo que pode ser retomado o que no caso do aborto não se aplica. Uma vez feito o aborto já não há forma de o feto voltar a ter vida. Quanto à questão do sofrimento ... bem ... é verdade que é doloroso passar por ele mas faz parte da nossa condição humana. Às vezes temos dificuldades em aceitar esta condição e por isso achamos que a dor e o sofrimento não são aceitáveis e temos o direito de não passar por elas. Mas como disse faz parte da condição humana e se continuarmos a viver neste ideia fantasista de que podemos ter uma vida sem dor vamos passar o tempo todo deprimidos ao percebermos que é uma tarefa inglória. Espero ter esclarecido a questão em causa. Em relação à eutanásia percebo a sua opinião sobre o assunto embora não concorde com ela.

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