Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Pouco depois das eleições legislativas de 2005, Mário Soares pôs duas condições para que José Sócrates pudesse repetir a vitória que o Partido Socialista então alcançara.
Escrevia aquele venerando socialista que “…o PS está num bom momento da sua história. As dificuldades são enormes mas são, a prazo de quatro anos, superáveis, se houver bom senso e determinação. Com duas condições: se souber dialogar com – e convencer – a outra esquerda, social e política; e tiver a sabedoria de fazer, à esquerda, as alianças necessárias para ganhar as eleições autárquicas e, a partir dessa experiência, abrir caminho para uma ampla maioria plural de esquerda” (itálico e realçado nossos).
Passaram 4 anos e todos sabemos o que aconteceu: o Governo do PS não dialogou à esquerda, como não o fez à direita; afrontou sindicatos, professores, juízes e magistrados em geral, polícias, agricultores, profissionais de saúde, funcionários públicos, emigrantes, etc., etc.
O PS não fez ou não soube fazer coligações com outros partidos de esquerda em eleições autárquicas (e como o poderia fazer, depois de António Costa, em Fevereiro passado, ter descrito o Bloco de Esquerda como “um partido oportunista que parasita a desgraça alheia e incapaz de assumir responsabilidades”).
Quer isto dizer que não foi cumprida nenhuma das condições que Mário Soares colocara a Sócrates para que este pudesse vencer as eleições que agora se avizinham.
Soares sabe-o. Sócrates também. E o mesmo se diga em relação à generalidade dos dirigentes socialistas.
E todos eles sabem igualmente – e nós também não o ignoramos – que quem perde a maioria absoluta jamais voltará a conseguir novamente alcançá-la.
Julgo que José Sócrates perderá as próximas eleições legislativas.
Mas mesmo que tal não sucedesse, a sua vitória seria pírrica.
O seu mundo está perdido. O seu poder à beira do fim. E os seus correligionários, seguidores de ontem, serão amanhã os seus coveiros.
É duro, mas a vida é mesmo assim.
Em nenhuma outra actividade humana como a da política é tão verdadeira a máxima de que o homem é o lobo do homem...