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José Manuel de Mello - (1927-2009)

por Manuel Castelo-Branco, em 16.09.09

 

Com aquele aguçado sentido do pragmatismo que sempre caracteriza os "fazedores", e com a tenacidade que deve ter herdado do seu avô Alfredo da Silva, levou uma vida a trabalhar para erguer, solidificar e impor um grupo económico.

De caminho, como tinha um olho mais aberto, uma atitude, e - sobretudo - um "tom" que o faziam evidenciar-se no quadro do capitalismo vigente antes de Abril de 74, preocupava-se: o imobilismo salazarista, primeiro, e a Primavera nunca cumprida de Marcelo, a seguir, levaram-no incansavelmente a ir dizendo de sua justiça. Falou mil vezes com Thomaz, discutiu outras tantas com Marcelo, acreditou na semente deixada pela Ala Liberal. Ficou desde aí amigo e "seguidor" de Sá Carneiro, mas foi perdendo as esperanças.

A revolução - que o apanha em pelo processo de internacionalização das suas empresas - deixa-o quase sem nada. José Manuel de Mello "vira a página" e recomeça a partir de onde pôde e como pôde.

 

 

Ele não fugiu, voltou, arriscou investindo no País que o tinha expulsado, criou emprego e gerou riqueza.

 

 

Obrigado....


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De PVC a 16.09.2009 às 11:44

Por que é que destes homens não se fala nos bancos de escola?

É na escola que se pode aprender a fazer. conhecendo e seguindo os exemplos.
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De Anónimo a 16.09.2009 às 11:46

Duas coisas:

A CUF era o que era, antes do 25.A, por causa do férreo proteccionismo salazarista. Não me parece que o José Manuel de Melo se possa queixar muito do "imobilismo" do Salazar. Outros, sim. Numa economia aberta, não teria existido a CUF com aquela dimensão e aqueles quase monopólios.

"deixa-o quase sem nada". Bem, isso é mesmo muito relativo, não? Mas parece que de facto é voz corrente que os grandes empresários que tiveram os seus império nacionalizados, ficaram praticamente na miséria, pois...

Pedro
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De Réspublica a 16.09.2009 às 12:48

A CUF foi criada ainda na Monarquia, era um dos mais imporantes grupos industriais mundiais, o único exemplo de industria em Portugal, para além da estupidez do Salazar, não com o seu apoio, sem o Estado Novo a CUF ainda tinha sido maior.
Quanto ao seu fim está bem documentado, má gestão PREC e da auto-gestão comunista...
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De Ega a 16.09.2009 às 13:48

Respublica:
Tem toda a razão. E agora acrescente ainda a obra social da CUF (creches, colónias de férias para os filhos dos empregados, etc). E frise que os Melos chegaram ao ex+ilio pos 25 sem nada a não ser o seu maior activo: o imenso prestigio que gozavam no mundo empresarial.
Depois, e já não novos, foi recomeçar do principio.

Se ainda houvesse empresários destes, até o Sócrates não fazia figura de palhaço na governação.
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De Réspublica a 16.09.2009 às 14:19

Apoiado, falta é gente de fibra, mas se houvessem mais Melos, o Sócrates não tinha lá cehgado, nem a esquerda era mais que 12%, como em França, o progresso leva as pessoas a serem democratas e defenderem os ideias superiores do Liberalismo/Capitalismo...
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De PVC a 16.09.2009 às 14:28

meu caro, deixe-se de sectarismos.

Homens como este, não há nos partidos, de esquerda ou de direita.

esse é o nosso problema.

 
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De Anónimo a 16.09.2009 às 14:36

Sem o Estado Novo a CUF seria ainda maior? Você tem a noção da dimensão da CUF nessa altura? Tanto o Alfredo da Silva como os seus herdeiros, para além da habilidade para os negócios, foram extremamente hábeis na influência politica, tanto durante a monarquia, como durante o Estado Novo. Olhe, o Alfredo da Silva foi deputado e membro da câmara corporativa, por exemplo. E durante o Estado Novo, nada se fazia sem o aval directo dos ministros e, acima deles do Salazar. Como é que pensa que eram decididas  as licenças, as concessões e as adjudicações? Se eles pediam (exigiam...) que não houvesse concorrência, tanto de fora como de dentro, obviamente que não havia concorrência. Já ouviu falar nas leis do condicionamento industrial?

Ainda quanto às preocupações sociais da CUF, de que fala o ega, não deves ter conhecido o "jardim" que era Barreiro nos anos sessenta e setenta, por exemplo...

Pedro
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De Ega a 16.09.2009 às 17:52

Entre muitas outras coisas conheci uma escada feita na falésia da Praia das Maçãs para os miudos das colónias de férias irem ao areal sem qualquer perigo.
E conheci educadoras, assistentes sociais, etc que trabalharam com o Jorge de Melo e sabiam do seu humanitarismo.
E não gosto de pessoas que digam mal de mortos, ainda por cima no momento da sua própria morte.
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De Carlos Anselmo a 16.09.2009 às 11:54

Pode não ter sido perfeito, mas quem o é? Acaso os que o criticam são melhores? Nunca se quiz reformar e trabalhou uma vida inteira. Ajudou a criar milhares de postos de trabalhos e foi um bom agente da economia. Isso é um bom exemplo para as gerações vindouras.
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De Réspublica a 16.09.2009 às 11:57

Sempre que um homem integro e honrado morre, sem que exista alguém da sua capacidade para o substituir, é o país que perde...
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De CSDA a 16.09.2009 às 12:45

Grande Homem. Paz à sua alma.
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De Sergio Resende a 16.09.2009 às 12:45

Portugal ficou mais pobre. Para além de toda a obra feita, recordo particularmente a da saudosa marinha mercante portuguesa, que nunca mais voltou a ser o que era desde que os gestores do pós 25 de Abril lhe deitaram a mão.


Que Deus o tenha em descanso.
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De K2ou3 a 16.09.2009 às 13:19

Meu Tributo.

Vamos agora a ver os abutres que em redor dele viveram, que vão fazer.
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De Ricardo Ferreira a 16.09.2009 às 14:24

Esta é uma hora de tristeza, o País ficou mais pobre, com a perda de um homem integro, e de um verdeiro industrial. Hoje temos industriais de plástico, que não querem nem sabem valorizar o seu País nem os seus colaboradores. Como se sabe o espírito CUF, que o 25 de Abril deitou abaixo, foi sempre diferente do país, seja do seu pensamento de valorização industrial quer de valorização humana dos seus trabalhadores. Já li por aqui, que "A CUF nunca teria sido o que foi por causa do Estado Novo, e que era Monopólio " pois muito bem, informo que a CUF foi criada em 1865 pelo então Visconde da Junqueira, e Henry Burnay, e será em 1890 que Alfredo da Silva, promoverá aquilo a que quanto a mim foi a primeira joinventure em Portugal a CUF com a C.A.F . - Companhia Aliança Fabril e com a sua firme liderança jamais deixou de crescer. Quando chegou o 28 de Maio de 1926, o tecido industrial da CUF era já impressionante, indo desde os adubos, passando pela navegação (Sociedade Geral) ou pela Banca (Banco Totta) e até 1975 jamais deixou de crescer valorizando o pais, dando emprego, e avultados capitais para serem reinvestidos . E para os ingénuos que dizem que a CUF era um monopólio desafio-os a me dizerem em que sector de actividade, se passava isso. Vamos a alguns exemplos? Química e Adubos, (CUF, Nitratos de Portugal, SAPEC , Amoníaco Português ), Tabacos: A Tabaqueira (Grupo CUF) Companhia Portuguesa de Tabacos. Navegação: Sociedade Geral e Companhia Nacional de Navegação (Grupo CUF) Companhia Colonial de Navegação, Empresa Insulana de Navegação. Banca: Banco Totta & Açores (Grupo CUF) Pinto e Sotto Mayor, Espirito Santo, Português do Atlantico. Seguros: Império, Sagres e Universal (Grupo CUF) A Nacional, Confiança, Fidelidade, etc. Para não cansar não dou mais exemplos, e facto haveria muito mais para dizer. A CUF foi o motor do desenvolvimento industrial e economico portugues, que os capitães de abril nunca compreenderam e que muito poderia ainda ter dado ao pais. Preferiram destruir um dos 100 maiores e mais importantes grupos industriais do Mundo, esta foi a sua escolha, e nós portugueses continuamos a pagr hoje um alto preço, por erros estrategicos. Deixo este testemunho
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De Anónimo a 16.09.2009 às 16:09

Não é uma apreciação de valor; é uma constatação de facto. Era a cultura da época. Salazar, e isso é público e foi postro em letra de lei, queria e condicionou a concorrência (estudem a legislação do condicionamento industrial da época e depois digam-me alguma coisa) protegendo o que ele chamava os interesses nacionais e, é claro, quem o ajudava politicamente, que ele não era parvo. Dirigiam-se-lhe directamente pedindo favores, como financiamentos da CGD, por exemplo, licenças para instalação de indústrias, e para impeder a concorrência, tanto de fora como de dentro. Recorde-se que o Alfredo da Silva era, para além de uma figura industrial, uma figura do regime, procurador à câmara corporativa, por exemplo. Se o império já era razoável antes do Estado Novo, não era nem pouco mais ou menos o que se tornou depois. Vejam os favores que mereceram em relação a monopólios de comércio e exploração de recursos nas colónias, por exemplo. Sabem o que era a Casa Gouveia?


Eu sei que gostamos destas figures míticas, providenciais, somos assim, mas não vale a pena olhar com demasiado paternanismo a figura do Alfredo da Silva ou dos Melos. Era homens que souberam aproveitar o que regime lhes podia dar. O seu “mérito”, a sua sabedoria e esperteza, inegáveis, está sobretudo aí.



Pedro
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De blogdaping a 16.09.2009 às 15:25

Tudo isso é muito bonito !
Mas estão a esquecer do regimento de cavalaria que a GNR a mando destes ditadores mantinham no Barreiro para dar porrada no povão que resolvesse reclamar ?

Andam muito esquecidos estes facholas !
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De MAC a 16.09.2009 às 15:54

Permita que discorde do seu ponto de vista.


Pegue em si, saia da cidade (ultraje!) e vá até ao Alentejo. Dirija-se ao Monte da Ravasqueira e pergunte pelo Pina ou por um dos outros mais velhos, alentejanos de gema, que ali trabalharam e foram “explorados” (na visão esquerda caviar) por José Manuel de Mello. Pergunte-lhes o que acham dos “maus tratos” sofridos antes do 25 de Abril e espere pela resposta. Na melhor das hipóteses ouve alguns versos acerca do “Príncipe” José de Mello… Na pior escorraçam quem diga mal de quem os "maltratou".


 


Visto no contexto social da época (Estado Novo), a CUF era mais que uma companhia inovadora. Era – escândalo dos escândalos! – progressista. E esta?

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De blogdaping a 16.09.2009 às 16:12

Pode discordar. Está no seu direito.
Mas pergunto:
- Trabalhou na CUF do Barreiro nos anos 50/60 ?
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De MAC a 16.09.2009 às 16:30


Não nos anos 50. Mas trabalhei nos anos 60-70. A CUF permitiu que terminasse estudos, sofresse por Portugal numa guerra que não era minha e cumprisse uma licenciatura. Fui "subtilmente convidado a sair" em 1979 (dado que já não havia saneamento).


Tive que emigrar para os EUA, refazer a vida que e voltar a subir a pulso. Felizmente correu bem.


Com o devido respeito, acho que tenho credibilidade para falar deste assunto.

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De blogdaping a 16.09.2009 às 17:05

Parece-me que temos percursos semelhantes.
A diferença é que não sou de direita, nem ela me serve para nada.
Teve família em Caxias ?
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De MAC a 16.09.2009 às 17:24

Caxias? Não.


O meu texto é explícito quando afirmo que subi a pulso. Entrei com o antigo Quinto Ano. O resto foi sangue, suor e lágrimas.


Não. Não sou de direita. Mas tenho muito respeito por um grande industrialista, um Senhor, um grande HOMEM.

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De Réspublica a 16.09.2009 às 16:42

Oh daping/doping já te lixaram e com estilo... da próxima vez tem mais atenção aos disparates que dizes.
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De blogdaping a 16.09.2009 às 17:07

O menino não diga asneiras ...
Estes "monárquicuzinhos"...
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De Ega a 16.09.2009 às 17:57

Quais, quantos, ditadores? Seria por maus tratos nas fábricas ou porque o P. Comunista já ali tinha muita influência e o Salazar não gostava dele?
As greves? Eram contra os patrões ou contra a 2ª República, dito Estado Novo?

Convirá não confundir as coisas.
E o tempo dessas palavras de ordem já lá vai.
Agora até os rapazes do BE não caiem na tentação dos chavões.

 
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De Ricardo Ferreira a 16.09.2009 às 16:39

Caro Pedro conheço bem a lei do Condicionamento Industrial, data de 1931. Mas já agora Pedro, depois de ter dito que eram homens que sabiam aproveitar as oportunidades (e ainda bem, se não nunca teríamos cá tido Industria), podemos dizer que o Senhor Belmiro de Azevedo, tirou partido das condições e ligações aos corredores do poder actual, por se não pensa que estou ciente disso em Alfredo da Silva ou sucessores desengana-se. Todos os industriais é obvio para chegarem a algum lado tem de ter relações com o Poder e vice-versa. E foi e será assim em todos os regimes. Agora outra coisa é aquilo que adoram fazer e deitar todo o passado abaixo, não sei talvez porque queiram construir toda uma nova historia, ou um novo pais, cuspindo na sopa daqueles que no passado deram condições as pessoas de uma melhor condição social, fosse em Politica Social, fosse na valorização do homem, fosse na introdução de novas formas de trabalho e de tecnologia. Mas isso é ainda uma história por contar. Nem hoje nem nunca mais haverá uma empresa que se tenha preocupado tanto com os seus empregados, e investido tanto nas suas politicas. Claro está que a vossa respostas será sempre a mesma, "eles faziam isso para calar os trabalhadores e para não haverem greves". Certo é que aquilo que foi destruído foi uma historia única que merece ser contada. Mas ainda a propósito da Lei do Condicionamento Industrial poderia referir 3 casos onde a CUF foi prejudicada pelo Estado Novo, como vê as Leis também têm as suas metáforas.
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De Anónimo a 16.09.2009 às 17:17

Ricardo, sobre o Belmiro,  não faça ao Salazar a desfeita de dizer que o actual regime protege mais os interesses nacionais da industria instalada do que ele, nem lhe faça a desfeita de achar que o seu poder se equipara ao poder dos actuais governantes  ;). É óbvio que, como diz, as relações com o poder são importantes. Mas não se compara uma época e outra, um regime e outro. Por alguma razão, eram diferentes e isso nem sequer é, repito, uma apreciação de valor, é um facto, tenha paciência.


Que é “uma história única que merece ser contada”, é óbvio. Que se conte a história toda, defeitos e qualidade. Que para além dos benefícios cociais, creches, etc, se fale também nos prejuizos ambientais, enormes, para a comunidade e os trabalhadores, no Barreiro, por exemplo, ou na repressão a quem não apreciava o paizinho dos trabalhadores (confesso que me irrita um bocado o paternalismo em relação a estas figuras, coisa, alias, bem portuguesa).


E quanto ao prejuizo para a CUF… parece-me que o balanço dos benefícios e prejuizos deu um razoável saldo positivo para a CUF, não?. Mais do que tinham? Aliás, mais do que lhes concederam? Nunca houve, e não haverá nunca, um grupo em Portugal com a dimensão relativa que eles tinham. O Belmiro é um dono de mercearia, comparado com eles. Não é com este regime que o homem chega lá…;)


Ah, é verdade, não me impressiona muito para aí além a história da devoção ao “principe” da parte dos trabalhadores da Herdade da Ravasqueira. Era uma excelente pessoa, simpatico e atencioso para com os trabalhadores da herdade? Ainda bem, pronto. Nem eu tenho nada de pessoal contra o homem. Eu falo genericamente da CUF e neste grupo sempre houve gente satisfeita e gente insatisfeita na CUF e demais propriedades da familia. Para a gente insatisfeita, o Alfredo da Silva sabia bem usar os meios do Estado, como a policia politica e a GNR, ou as milicias do regime, a Legião Portuguesa. Pode-se dizer que "tirou partido das condições" e "soube aproveitar as oportunidades"...


 


Pedro

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De JPP a 16.09.2009 às 18:26

Em nome dos trabalhadores da Ravasqueira digo apenas o seguinte:
Respeite o nosso luto e não nos envolva quando usa o nome de um grande Homem, que ainda nem desceu à terra, para tentar ganhar protagonismo com os seus "bitates" pseudo-intelectuais.
O sentimento de antigos e actuais trabalhadores é de imensa gratidão, para alguém que tratava os trabalhadores como familia, o que é bem diferente de ser paternalista.
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De Anónimo a 16.09.2009 às 19:36

?

E que tenho eu a ver com isso? O que eu disse, precisamente é que não me interessa a historia da relação  dos trabalhadores da Ravasqueira com o Jose Manuel de Mello.

Pedro
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De JPP a 18.09.2009 às 09:38

Precisamente a minha opinião.
Não tem absolutamente nada a ver com isso!!!
Por isso mesmo os seus comentários tirados da "cartilha" sobre situações que não conhece são despropositados, para não dizer mais...

 

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