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Em Aveiro, Manuela Ferreira Leite afirmou: «Menos entendo, que nesta voragem do PS em acabar com os sub-sistemas de saúde, se prepare para acabar com a ADSE. Nós manteremos a assistência nacional de saúde para os funcionários públicos, não mexeremos na ADSE, como o Partido Socialista pensa fazer»,
Agora veio o Ministro/director de campanha do PS, Vieira da Silva, dizer que Ferreira Leite «vem acusar o PS de algo que não consta do nosso programa, que nunca foi afirmado por nenhum dirigente socialista e principalmente que sempre foi negado pela prática do Partido Socialista», acrescentando, peremptório: «Nunca houve nenhuma intenção por parte do Partido Socialista de acabar com esse sistema de protecção».
É nestas alturas que vale a pena consultar o Programa Eleitoral do PS, onde se escreve discretamente, na pág. 73, que «Como forma de promover maior equidade, devem os subsistemas públicos de saúde evoluir para modelos de auto-suficiência».
Começo por esclarecer que a proposta do PS é inteiramente legítima e pode mesmo ser considerada como visando por termo a uma discriminação entre os funcionários públicos e os restantes trabalhadores.
Mas o que o PS não pode sustentar é que não pretende mexer radicalmente na ADSE ou que Ferreira Leite não tem razão quando disse que o PS pretende acabar com o financiamento público da ADSE.
Com efeito, propor a auto-suficiência da ADSE quer dizer que este subsistema deve passar a sustentar-se a si próprio ou, dito de outro modo, não deve ter qualquer apoio do Estado para a satisfação das prestações dos respectivos beneficiários.
Ora, se considerarmos que, em 2009, o Orçamento do Estado transferiu 623,4 milhões de euros para a ADSE, a auto-suficiência deste subsistema implicará que devam passar a ser os trabalhadores da Administração Pública a suportar a correspondente factura (e os trabalhadores já descontam 1,5% do seu salário, contribuindo os aposentados com 1,1% das suas reformas, com tendência para crescer nos próximos anos até 1,5%),
A ideia é legítima, repito.
O que já não é legítimo é, por exemplo, José Sócrates omitir no seu discurso essa proposta do Programa Eleitoral do PS e, mais grave ainda, o responsável pela campanha do PS vir agora dizer, sem qualquer pudor, que o PS não propõe o que o Programa Eleitoral do PS ... propõe.