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Dúplice Aliança

por Rui Crull Tabosa, em 21.09.09

Sejamos claros.
Não é provável que o PS ou o PSD alcancem isoladamente a maioria absoluta nas eleições legislativas do próximo dia 27.
E, a acreditar nas sondagens, há uma possibilidade real de o PS conseguir uma maioria parlamentar com o apoio político do Bloco de Esquerda.
Sabemos bem que nem José Sócrates nem Francisco Louçã têm sustentado este último cenário, o que se compreende facilmente devido ao facto de este ser ainda um tempo de apelo ao voto. E se o PS afastaria eleitores moderados caso confessasse essa possibilidade, também o Bloco perderia inúmeros potenciais votantes, de entre os crédulos de esquerda desiludidos com estes 4 anos e meio de governação.
Mas, pelo sim pelo não, alguns próceres socialistas (Mário Soares, Manuel Alegre, Ana Gomes, etc.) vão já anunciando os amanhãs que cantam, admitindo um entendimento entre o PS e o BE.
O que cumpre saber é como se materializará a nova maioria caso o PS e o Bloco alcancem juntos 116 ou mais deputados nas próximas eleições.
Louçã tem dito e repetido que não fará uma coligação com o PS. Claro que não, pois tal seria a sua morte política. Mas já nada diz sobre apoio parlamentar.
Quanto a Sócrates, depois de ter perdido a soberba de exigir a maioria absoluta, também tem recusado discutir qualquer cenário que signifique abrir o jogo…
Neste contexto, em que nem Sócrates nem Louçã dizem honestamente ao eleitorado o que pensam fazer se juntos obtiverem maioria política no próximo Parlamento, importa, então, reflectir sobre cada uma das possibilidades que a ambos se colocam.
Existem, grosso modo, quatro possibilidades: i) Governo minoritário do PS sem qualquer apoio do BE; ii) Governo de coligação PS/BE; iii) Governo PS com acordo de incidência parlamentar com o BE; e iv) Governo PS com apoio circunstancial do BE.
i) Esta é, evidentemente, uma possibilidade não desprezível. Mas, a ocorrer, representa um risco grande, quer para o PS quer para o Bloco. Com efeito, o PS arrisca-se a governar sem estabilidade, com um líder pouco dado a compromissos e a cair sem honra nem glória no princípio ou a meio da próxima Legislatura; pelo seu lado, o BE arrisca-se a que, tendo uma votação de cerca de 10%, os seus eleitores comecem a sentir alguma inutilidade ou, pelo menos, inconsequência prática no seu voto bloquista;
ii) Esta possibilidade é inverosímil. O PS teria de adoptar a agenda radical do Bloco (o que seria insustentável, em particular na Economia) ou o BE sacrificaria os seus temas fracturantes para se conformar com as contingências da governação. Um deles ficaria certamente a perder;
iii) Um acordo de incidência parlamentar, embora comprometesse um pouco menos ambos os partidos, continuaria a representar, em especial para o BE, o inconveniente de poder ser tido como uma traição pelos respectivos eleitores, sem que esta força política consiga impor a sua agenda radical, pois muito do que defende não é passível de ser aceite em acordo por qualquer partido democrático moderado;
iv) Esta é a possibilidade que considero mais provável: o PS governaria em minoria, comprometendo-se o Bloco a aprovar a lei do Orçamento do Estado, a apoiar o PS em moções de censura/confiança e em outras matérias estruturantes para a governação e, em troca, o PS permitiria que aquele partido trotskista conformasse as políticas governamentais de forma sub-reptícia e não assumida perante os Portugueses.
Daqui a uma semana saberemos, então, o que finalmente vai acontecer.
Apesar de PS e BE o negarem, creio que está em formação um acordo secreto de partilha do Poder, que terá como inevitável consequência a radicalização das políticas governamentais e o ataque às classes médias.
O País pagará pesada factura se no dia 27 permitir uma maioria PS/BE.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De blogdaping a 21.09.2009 às 13:28

Tou careca de informar :
Mais de 5 linhas......................... LIXO !!
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De Tiago Mouta a 21.09.2009 às 14:16

A familia Soares enviou a piscadela 12.867 (esta semana, apenas!) ao BE...
Tudo de feição para Louçã...
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De Ana Gabriela a 21.09.2009 às 15:14

Rui
Aposto na ii) ou os históricos não teriam vindo abrir essa possibilidade. E ganham os dois: o PS ao ver viabilizado o governo minoritário; o BE por finalmente saborear o poder, ou não fosse esse o seu objectivo desde o início.
E provavelmente até foi Alegre a preparar o terreno. Agora, olhando para trás, para todo esse teatro, começo a perceber que talvez venha daí o início do "acordo secreto": aumentar a possibilidade do PS ver garantida a sua margem de poder nas eleições legislativas.

Temos de nos colocar do ponto de vista destes políticos: o actual PM, Soares, Alegre, e Louçã. Sei que é um exercício difícil, mas absolutamente necessário para compreender o que se está a passar:
- Analisemos os seus percursos, está tudo lá.
- A sua histeria em campanha também é um sinal. A dramatização, a falta de palavra, o contorcionismo.
- A sua imensa sede de poder, o seu egocentrismo.
- A linguagem que utilizam, a agressividade e as fracturas que provoca. É uma linguagem mais emotiva do que racional, muito pobre em termos de conteúdo.
- Finalmente, analisemos os seus valores e referências: "ninguém dá lições de patriotismo ao PS" (?) Patriotismo?
 Quanto às referências: Chávez, Zapatero... As do BE desconheço, quais serão?

Bem,já me alonguei. Sim... Aposto na ii)
Cumprimentos.
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De Rui Crull Tabosa a 21.09.2009 às 15:44

Eu escrevi que considero inverosímil uma coligação de governo PS/BE por tal não se me afigurar a solução mais inteligente para ambos aqueles partidos, o que não quer dizer, evidentemente, que a mesma não possa vir a concretizar-se (o PS pode querer 'comprometer' o BE e o BE pode começar a ter uma grande sede de poder...).
Mas essa eventualidade seria tão negativa para Portugal que, acredito, prefiro nem sequer a colocar.
Acho que eles prefeririam uma pega de cernelha em que o touro seria, evidentemente, o povo português
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De Mafalda a 21.09.2009 às 17:08

Caro Rio sem Regresso

Estou consigo.
Basta vêr o que aconteceu na Câmara de Lisboa com o Vereador do Bloco de Esquerda.
Basta vêr quem é quem!

Eu diria que se avizinham tempos muito difíceis.
E  nesses tempos, a grande preocupação da esmagadora maioria dos portugueses, já não vai ser se tem ou não dinheiro para o supermercado. Não vamos ter de certeza!
A grande preocupação de todos nós, vai ser se o que ganhamos será suficiente para pagar os Impostos.
É que se não for...

Eu penso que temos levado esta questão com demasiada ligeireza, sem atender aos perfis ditatoriais dos envolvidos.
Sócrates e Louçã. 
Mafalda
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De trigueiral a 21.09.2009 às 15:26

Mas já dão como adquirido que é o PS quem vai ganhar ?

A uma semana das eleições e com as sondagens conhecidas já se dão por derrotados ?

Homens de pouca fé...


 
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De Rui Crull Tabosa a 21.09.2009 às 15:38

Trigueiral,
Eu escrevi que "a acreditar nas sondagens, há uma possibilidade real de o PS conseguir uma maioria parlamentar com o apoio político do Bloco de Esquerda", o que não é o mesmo que "dar por adquirido que é o PS quem vai ganhar".
Agora não podemos ignorar que a referida possibilidade pode concretizar-se, para mais se os eleitores não perceberem a táctica desses 2 partidos... 
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De jpt a 21.09.2009 às 15:40


"e o ataque às classes médias"

Porquê o ataque às classes médias? Maior que nestes últimos 4 anos? Só se considerarem, como aquele economista do PSD, que classe média é quem recebe 10000 euros por mês. Ah, sim, e ainda os que vão fazer cirurgias aos privados e têm os filhos em colégios particulares.
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De Rui Crull Tabosa a 21.09.2009 às 15:53

Não sei se tem presente aquela proposta do BE de acabar com os benefícios fiscais nas despesas com educação e saúde...
Dizer que as famílias que têm filhos no ensino particular não pertencem também à classe média, desculpe, mas revela algum desconhecimento sobre a realidade sociológica do País (depois de tudo o que este Governo tem feito à escola pública, compreenda que cada vez mais pais tentam por os seus filhos nas escolas particulares).
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De jpt a 21.09.2009 às 16:49

Sim, eu também vi o debate. Confesso que não percebi porque é que Louçã se engasgou. A proposta é acabar com os benefícios fiscais nos PPR's, despesas de saúde em áreas COBERTAS pelo SNS, e despesas de educação. Tirando as despesas de educação, nas quais tenho dúvidas, concordo a 100 % com o resto. Não é a classe média que tem PPR's e faz cirurgias nos privados (repito, não estamos a falar das aspirinas compradas na farmácia, nem na conta do dentista). Há um enormissimo exagero de descontos fiscais, os quais só benificiam que tem mais dinheiro e prejudica o estado, que assim n tem fundos para investir no SNS e escola pública. Pode não concordar com o princípio, mas para alguém de esquerda, faz todo0 o sentido.
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De Rui Crull Tabosa a 21.09.2009 às 17:24

O que o programa eleitoral do Bloco de Esquerda defende é "A transformação do regime do IRS para um efectivo englobamento, com o essencial dos rendimentos a

serem tratados da mesma forma, com a simplificação e redução do sistema de deduções e benefícios ao


estritamente necessário nas despesas de saúde e educação".


Nada se diz sobre diferenças entre despesas de saúde (cirurgias no estrangeiro vs. despesas com medicamentos ou dentista).


O que louçã disse no referido debate é que não deveria poder haver deduções se houvesse 'alternativa' pública: logo, na educação não haveria benefícios, sendo a ideia de as famílias porem gradualmente os seus filhos no ensino público (pondo em causa a sua liberdade de escolha e esquecendo que ao estarem no ensino privado, essas crianças não representam despesa para o estado equiparável ás que frequentam a escola pública. mas, enfim, é uma questão de ideologia em que a vontade das pessoas não deve contar para o BE); na saúde há alternativa sempre que o SNS preste os serviços e cuidados de saúde em questão: logo, é preferível as bicas de meses e anos às pessoas recorrerem à medicina privada por esta ser mais célere. recorde-se que estes benefícios representam uma pequena parte das despesas efectuadas e o que é grave é que o BE ataque furiosamente a iniciativa privada, como se esta fosse um crime (e sempre lhe digo que foi enternecedor ver que Louçã, Ana Drago, etc. a subscrever PPR's: afinal não são maus de todo, ou não os considera classe média como sugere no seu comentário?).

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De jpt a 21.09.2009 às 17:33

Não se põe minimamente em causa a liberdade de escolha: quem optar por um colégio privado pode fazê-lo. A Ana Drago pode pôr a criança dela num colégio privado (deixando-lhe mais tempo vago para petiscar uns Blinis com caviar de beluga). Nada contra, nem eu nem você temos nado com isso. Eu não tenho é que pagar o colégio da criança com os meus impostos.

Quanto às listas de espera, elas existiram enquanto existir competição entre saúde pública e privada. As listas de espera dão lucro aos privados. Como os médicos e administradores são os mesmos  em ambos os tipos de hospitais, teremos sempre listas de espera. Quando elas acabassem os hospitais privados iam à falência. O BE deveria ter ido mais longe e pedido exclusividade absoluta aos médicos do público.
Mas, caro Rui, não vale a pena continuar, temo que haja uma pequenina clivágem ideológica entre nós.
Abraços
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De Rui Crull Tabosa a 21.09.2009 às 17:56

Desculpe mas não é como diz: uma criança no ensino público custa ao Estado, ou seja, a todos nós, cerca de 400 euros. Uma família que tem o seu filho no ensino particular tem benefícios fiscais de 160% sobre o salário mínimo nacional (ou seja, em 2010, 720 euros= 60 euros mês). Mas essa família poupa mensalmente 340 euros ao Estado... 
Como vê é absurdo, além de iníquo, retirar esse benefício fiscal.
Quanto à saúde, sustentar que há listas de espera porque há sector privado é simplesmente absurdo (actualmente há cerca de 460 mil portugueses á espera de consulta e 175 mil à espera de cirurgia). Quando alguém vai ao médico privado está a desonerar o SNS além de o benefício fiscal a levar a pedir factura, pelo que o fim desses benefícios causaria obviamente um substancial aumento da fuga ao fisco por parte dos prestadores privados de saúde.
Disse que não queria continuar este diálogo, mas achei relevante prestar estes esclarecimentos.
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De Nini a 21.09.2009 às 21:42


Qual clivagem, Jê?
O Ruca Tabosa é que não tem visão nenhuma.
Granda Bloco! Viva o Lobbie das Farmácias!
Graças ao Lobbie das Farmácias, o cota deixa de passar recibos, paga menos impostas e aumenta-me a mesada!
Adoro o Bloco! Chuá! Chuá! Chuá!

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De E. A. a 21.09.2009 às 17:25

Pois o senhor não deve pagar impostos!
Se os pagasse, percebia  o que aqui se tem dito.
E sabe que mais, vá para o inferno com a sua demagogia, porque no serviço público, e é só um exemplo, as administrações já não pagam as próteses totais do colo do fémur, só pagam encavilhamento, que é muito mais barato, mas de muito menor eficácia.
Espero que nunca tenha um acidente, nem faça nenhuma fractura do Colo do Fémur.
Mas se isso lhe acontecer, vai lembrar-se do que eu hoje aqui escrevi!
A não ser claro, que o Sr JPT seja como eu supeito, um daqueles que apregoam uma vida de miséria, mas só para os outros, porque para si, todo o conforto é pouco.
E. A.
Que teve um acidente, e sabe do que fala.
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De jpt a 21.09.2009 às 17:41

No mail acima: "existirão" e não "existiram".

Caro EA:

Lamento o seu acidente, e entendo que o seu comentário esteja no limite da boa educação. Contudo, se as adimistrações (privadas, suponho) dos hospitais publicos não facultam esse serviço, então ele, quando feito no privado poderá ser descontado nos impostos. E relembro-o que o objectivo de poupar nos impostos é melhorar a saúde e educação. Públicas.
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De E.A. a 21.09.2009 às 18:20

Caro Sr JPT

Desculpe que lhe diga, mas o Sr não faz a mínima ideia de quanto custa uma Cirurgia dessas num Hospital Privado!
Passa-lhe pela cabeça, que a possamos pagar?
O Sr só pode estar a brincar!
São milhares de contos com o internamento.
A maioria de nós, não tem esse dinheiro. Os que estão reformados, então, nem pensar!

A sua amiga Drago, pode pôr os fihos na Escola Privada, eu, não pude!
O seu amigo Louçã, pode ter PPR, eu não posso. Não me chega o dinheiro!

E as Administrações dos Hospitais Públicos, são cargos Políticos!

Aquilo que eu gostaria que o Sr tivesse dito, não era que me concedia o direito de descontar no IRS, uma despesa que eu nunca poderia pagar.
Aquilo pelo que o Sr, como Esquerda assumida, defensor dos pobres e dos explorados, se deveria ter batido , era
pelo o acesso gratuito ás ditas próteses, como a  todos os outros tipos de tratamento, aos contribuintes e reformados.
A sua resposta, deixou implícita, a aprovação da redução de despesas no Tratamento dos Doentes!
Nos Impostos, não existe redução!
Mas para gastar conosco, que o financiamos, o nosso dinheiro nunca chega, para o Estado!

Pela minha parte, fico grato à Esquerda, que nos últimos 36 anos, se tem empenhado em fazer dos Hospitais, Empresas Lucrativas!!!
E é por isso, que dizer-se que o Serviço Nacional de Saúde é uma conquista de Abril, não passa de  uma triste ironia!!!

Passe bem!

E.A.  
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De Maria da Fonte a 21.09.2009 às 17:43

Sr jpt

Para a esquerda, faz todo o sentido que os desgraçados dos portugueses vivam na miséria!
Pois faz!
Pois se são os senhores que defendem a revolução burguesa de França, que matou familias inteiras por todo a Europa, e  que defendem a revolução dos bolcheviques burgueses da ex-URSS, que matou milhares e milhares de seres humanos.
Faz sim, caro Sr,  a miséria, para os senhores faz todo o sentido.
Foi por fazer sentido, que os chamados liberais portugueses, saídos da revolução francesa, expropriaram as terras a todos os que se lhes opunham, e as entregaram aos seus sequazes.
A onda de miséria, já vem desses tempos!
Os senhores são coerentes, sim. Mas não esperem que ninguém veja o que esconde a vossa retórica!

Os senhores, são coerentes com os vossos princípios de destruição e morte, sob a capa da liberdade e da fraternidade.

Maria da Fonte
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De jpt a 21.09.2009 às 18:43

Exma Sra Maria da Fonte:

Esqueceu-se dos Kmer vermelhos do Pol-Pot. Eu, por exemplo, sou um pro-polpotiano fanático.

JPTelo
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De Maria da fonte a 21.09.2009 às 21:20

Tem razão Sr JPT, não referi o Exterminador do Cambodja, como não referi aquela Lamparina de longo alcance que deu pelo nome de Mao. Também não referi esse outro assassino Iluminado que se chamou Hitller, porque foram todos actores secundários, surgiram na esteira de...Não foram os protagonistas!

Maria da Fonte


 
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De Cristvs...in Northern Darkness! a 22.09.2009 às 03:05

 Dos cenários, eu prevejo um alternativo:

O PS ganha com maioria relativa.

O BE não apoia o PS e mantém-se em veemente oposição.

Sócrates perde a liderança do PS.

António Costa concorre a primeiro ministro contra Ferreira Leite. Bloco tem grande votação.

Coligação BE/PS. Passos Coelho lidera o PSD durante o resto do mandato...

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