31 da Armada

O Vasco Campilho não tem paciência para os meus posts sobre o Pedro Passos Coelho. Está no seu direito, o Vasco. Só lhe fica bem exercê-lo. O Afonso Azevedo Neves já veio a terreiro defender o Pedro Passos Coelho, devolvendo-me o epíteto de idiot. Muito bem, também. É assim que eu gosto.

Para o Afonso, o Pedro Passos Coelho é uma vítima. Uma vítima por ter exercido a liberdade de falar e opinar, em prol do partido. Uma vítima porque, desde sempre, o Pedro Passos Coelho se limitou a exercer o direito que a democracia interna de um partido confere a cada militante. Por exemplo, o direito de criticar a direcção ou a estratégia do partido, mesmo que, suponho que seja esse o argumento, isso se faça na praça pública logo após uma derrota nas eleições internas do partido. Lamento, Vasco “sem paciência” e Afonso, mas discordo. A questão, que ninguém parece perceber, não é esta. A questão é que, intermitentemente, Pedro Passos Coelho usou o «exterior» para debater e combater o que se passava no «interior». Daí resultou, inevitavelmente, uma fragilização – pequena, residual, grande, não interessa agora discutir – do, ou neste caso, da líder. O que faz dos partidos organizações coesas, fortes, sólidas, não é só o desempenho ou a imagem do seu líder: é também o comportamento dos seus mais proeminentes militantes e a forma como contribuem para a imagem de coesão do partido (ver o que se passa lá fora, por exemplo). O que se passou nos últimos tempos no PSD, desde a eleição de Manuela Ferreira Leite, foi tudo menos consensual e, digamos, «desejável». Pedro Passos Coelho, de entre outros, usou os jornais e as televisões para anunciar o seu pensamento político para o país, partindo do princípio de que tinha um e de que era pertinente dá-lo a conhecer, fazendo questão, ao mesmo tempo, de separar a sua persona política da líder - numa altura, repito, em que o partido precisava de paz, coesão, espírito de equipa, para combater o adversário: o PS. E fê-lo mais do que uma vez. Importa, também, chamar à colação questões de princípio, respeito e responsabilidade.

Bem pode o Afonso ou o Vasco dizer que cada militante tem a liberdade de se manifestar e que nos partidos deve haver democracia interna e blá, blá, blá. De acordo. Só que há formas, lugares e momentos para o fazer. O Pedro Passos Coelho utilizou, a seu belo prazer, formas e momentos (público) que prejudicaram – muito, pouco, assim-assim, não interessa agora discutir - a actual direcção e liderança. Logo, o partido – o seu partido. Parece-me no mínimo indecorosa a forma como o Pedro Passos Coelho resolveu agora aparecer, num suposto «momento difícil» do partido, independentemente da terrinha e dos convites (nem vou discutir a mesquinhez desses pormenores), como que a revelar-se magnânimo ou bondoso. Há coisa que ficam e parecem mal. Se o queria fazer comme il faut, deveria ter sido discreto na aproximação, mas acima de tudo deveria ter preparado com a direcção a sua presença (caso esta a aceitasse), que não é, repito, e ele sabe que não, «anónima». Ah, mas foi afastado! Ah, mas foi discriminado! Ah, mas não lhe deram outra hipótese senão a de aparecer por sua livre iniciativa? So fucking what? Ainda não aprendeu o recado, ao fim deste tempo todo? Mas descansem: quando a Manuela sair, vai ter tempo de brilhar, o Pedro.