por Henrique Burnay, em 26.02.07
Não vi muitos dos filmes de ontem, mas vi Babel e gostei. Gostei muito. Não é sobre a globalização, nem sobre as dificuldades de comunicação – para mim não é, quero eu dizer. Ou talvez seja e talvez seja aí que não resultou tão bem (daí o merecido entusiasmo com que a cena da rapariga muda na discoteca é referida). O que faz de Babel um filme magnífico é o recordar da nossa incapacidade para dominar as tragédias que provocamos sem querer. Somos culpados do mal que não queremos. Babel não é sobre o mal, é sobre os nossos erros e a impossibilidade frequente de evitar as suas consequências. Ninguém ali queria aqueles resultados, mas ninguém ali é inocente. O mal nem sempre é um acto de vontade. É isso que causa angústia.