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Notas sobre a educação

por Afonso Azevedo Neves, em 26.10.09

Nos últimos quatro anos assistimos a um movimento de decapitação do ensino em Portugal. À força de medidas superficialmente benévolas e inspiradas, onde a necessidade de uma avaliação de professores era um imperativo de qualidade desejável, lenta mas inexoravelmente e sem que para tal fosse alheio o comportamento da anterior Ministra da Educação mas sobretudo uma velha e estafada tradição do “eduquês” em Portugal, um conjunto absurdo de regras e a sua posterior aplicação levou a que os mais experientes professores desejassem mais que nunca um merecido descanso que os poupasse às agruras do processo tolo e perigoso em que se transformou a ideia da avaliação.

Sobraram os que ainda não estando dispostos à reforma antecipada estavam ainda dispostos a enfrentar velhas imposições de igualdade que tem tanto de irrealista como de irresponsável, sempre sujeitos à manipulação oportunista de Governo e Sindicatos. Essa velha ideia, com décadas de resto, foi então levada ao absurdo.

Em vão se tentou mascarar a tolice com a igualmente estafada ideia de mérito, ignorando-se propositadamente ou por pura incompetência, que a ideia de igualdade assim aplicada exclui a necessidade do mérito. Pior que isso, a igualdade deixou de ser a de oportunidades – também ela irrealista – mas a de igualdade como fim último culminando no absurdo: o estatuto da avaliação do aluno.

Assim, de uma assentada, professores e alunos foram libertos das responsabilidades, da mais justa comparação entre os que se esforçam e os que não fazem e porque, é bom perceber, a igualdade tal como vista por este governo que agora volta a funções e sujeita como sempre esteve aos sacrossantos rankings, só se afigura exequível no espaço curto de tempo se as exigências e pontos de referência forem as do mínimo exigível. Satisfazem-se os rankings e os medos eleitorais, sacrifica-se o futuro e as expectativas de quem se esforça.

Concluindo: Se somos todos iguais, se nos fazem iguais e se os resultados serão nivelados sempre pelo professor ou o aluno mais fraco, de que serve o esforço? Para que interessa trabalhar mais que o próximo? A resposta está aí para todos verem.

 


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De fsc a 26.10.2009 às 15:26

Agora vamos ter "Uma Aventura no Ministerio"

Fixe.

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De Marquesa de Carabás a 26.10.2009 às 15:47

Peço desculpa fsc, mas "uma aventura no Ministério " paga direitos de autor. Tal como: "Uma aventura no parlamento" e "uma aventura nas Cortes"; a moi même!


Cumprimentos,

Marquesa de Carabás
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De João Moreira Pinto a 26.10.2009 às 15:45

Bom texto. Parabéns! Infelizmente não se perspectivam as mudanças necessárias.
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De Afonso Azevedo Neves a 26.10.2009 às 16:39

Obrigado João, é verdade mas apenas vejo uma "Ana Jorge" para dar solução a um problema que é demasiado grave para que a resposta seja adiada.
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De fsc a 26.10.2009 às 16:12

Carabas tambem deve ao Gato das Botas neste caso deve ter a ver só com a parte masculina.
Porque se esconde??
Sei lá se lhe devo direitos??? Será que existe tambem o gato das botas???
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De Marquesa de Carabás a 26.10.2009 às 20:44


Senhor/a fsc,

Os "direitos" são uma brincadeira, pelo facto de eu já ter dado esses nomes em posts anteriores.
O gato das botas existe certamente e,o senhor Marquês de Carabás também. O rei também. A história é conhecida. Está aqui  http://www.educacional.com.br/projetos/ef1a4/contosdefadas/gatodebotas.html (http://www.educacional.com.br/projetos/ef1a4/contosdefadas/gatodebotas.html) eu

Não me escondo. como vê estou aqui, tal como o senhor/a  fsc.

Cumprimentos,

Marquesa de Carabás
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De Não Interessa a 26.10.2009 às 17:16

Eu que sou completamente insuspeito de simpatizar com esta avaliação quase que passei a apreciar-lhe certos aspectos, com essa penúltima frase. Arre que esta gente só consegue pensar em superioriar-se a outrem, que doença..
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De Pedro Silva a 26.10.2009 às 18:01

Por uma questão de semântica julgo que se devia falar mais de ensino e menos de educação... Penso que a última começa em casa e que a primeira deve ser uma garantia de igualdade dada aos cidadãos pelo estado.
Quanto à avaliação dos docentes não aquece nem arrefece os problemas reais do ensino, não passou de uma forma encapotada de se procurar reduzir custos, provavelmente levar uns quantos à reforma e tornar o grosso da classe docente numa força contratada, sem vínculo e sem carreira a 1000€ por mês. Fácil e barato. Diga-se de passagem, continuam a ser estes a fazer muito do trabalho dentro das escolas.
Há ainda a reforma da gestão escolar a abrir portas ao nacional caciquismo autárquico.
Mas isto tudo faz parte do grande plano para criar 150.000 postos de trabalho, quiçá mais ainda, produzindo  uma massa de trabalhadores mal formados, não especializados e mal pagos, de outra forma como poderíamos atrair investimento estrangeiro?!!
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De A Velha a 26.10.2009 às 23:09

A questão fundamental não é o Investimento, seja nacional ou internacional, porque ao estrangeiro, e a algum nacional, dá a gloriosa ´república, os necessários subsídios, mesmo que sejam só projectos de fachada.
A questão fundamental é outra!

É a formatação das mentes!
Reduzindo o desenvolvimente cerebral, com a inibição da capacidade de memorização, de análise e síntese, impede-se a crítica e conseguem-se eleitores amorfos e obedientes, que perpectuam a Oligarquia reinante.

Essa é para mim a pior forma de escravatura, que alguma vez existiu.

A Velha 
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De fsc a 27.10.2009 às 09:12

por mim, minha sra , estamos conversados

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