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A Lei da Vida

por Rui Crull Tabosa, em 15.11.09

Tudo o que tem princípio encontra fim.

É assim com os seres vivos e também com os Estados, as nações e os povos.

Tal como os indivíduos, também aqueles nascem, crescem e morrem.

Após o nascimento tendem a crescer – é a expansão territorial, para espaços contíguos ou ultramarinos.

Algumas nações atingem mesmo a dimensão imperial: Roma será disso sempre o exemplo maior. Um continente quase inteiro conquistado, civilizado e explorado sob o signo da águia imperial e a tremenda vontade de Poder daquela que foi considerada a Prússia da Antiguidade.

Após o crescimento e a expansão, é da natureza das coisas que se segue a licença e o egoísmo, dando a virtude lugar aos prazeres, o sacrifício, em nome do futuro, lugar ao gozo do momento presente.

Avisava já Veleio Patérculo, no início do séc. I a.C., que “quando Roma se libertou do medo de Cartago, e afastada a sua rival, o caminho da virtude foi sendo substituído pelo da corrupção, não gradualmente, mas de forma rápida. A antiga disciplina foi abandonada para dar lugar a uma nova. A cidadania passou da vigília ao sono, das armas aos prazeres, da actividade ao ócio.”

E Roma morreu uns séculos depois.

Nenhuma razão há – absolutamente nenhuma – para que connosco, com Portugal, não suceda exactamente o mesmo.

Nascemos no Século XII com a coragem e a intrepidez de D. Afonso Henriques, expandimo-nos, primeiro até ao Algarve daquém Mar e, depois, às partes mais distantes do Mundo, desde o Brasil a Malaca, passando por Ormuz e Goa, para mais tarde decairmos como Império e nação, sucessivamente, até às fronteiras do início de Quatrocentos.

Sim, porque a amputação faz parte do ciclo da vida das nações.

Após a descolonização, perdida a matriz ultramarina de Portugal, abraçámos o projecto europeu como um regresso ao seio da nossa Mãe Europa.

Poderíamos ter encontrado um novo desígnio nacional.

Bastava que igualássemos a vontade e a coragem dos nossos concidadãos emigrantes.

Bastava que estivéssemos entre os melhores. Que acreditássemos em nós próprios. Que encontrássemos nos nossos governantes e nas instituições políticas exemplos a seguir: de serviço público, de probidade, de honestidade, de sensatez, de amor à Pátria, enfim.

Ao invés, porém, o País vive mergulhado no pesadelo da descrença.

Governantes sob permanente suspeita de corrupção, empresários subservientes ao poder, trabalhadores desmotivados, desempregados desesperados, uma sociedade letárgica e anémica, convivendo pacificamente com a dissolução das instituições e dos costumes, com a continuada quebra da natalidade, que compromete já decisivamente a nossa própria sobrevivência colectiva, com os projectos mirabolantes de um poder político irresponsável e indiferente perante o futuro, com o endividamento galopante do País, em suma, com o abismo que, por acção ou omissão, estamos a reservar aos nossos filhos, as gerações vindouras.

Enquanto isso, discute-se animadamente o casamento gay, a adopção gay e a eutanásia, como antes se discutiu o aborto livre até ao mesmo ser liberalizado (e só no primeiro semestre de 2009 atingiu-se o formidável número de 10 mil abortos, ou seja, 20 mil por ano, um quinto dos nascimentos…), entre outros temas fracturantes, muito mais giros e certamente de maior importância do que o desemprego, a falta de competitividade da nossa economia ou a dívida pública.

Estes preocupantes sinais são prenúncio do Fim.

E, ou travamos a marcha da decadência e levantamos voo ou estaremos condenados ao abismo, ao crepúsculo de Portugal.

Neste último caso, poderemos estar certos que ninguém terá pena de nós. Não somos insubstituíveis. Outros, melhores, mais fortes e ágeis, tomarão o nosso lugar.

É assim a Lei da Vida.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De Marquesa de Carabás a 15.11.2009 às 21:40

Bem, isto ou é "sindrome de domingo à nôte", ou então o senhor Tabosa excedeu-se.
A foto é um aglomerado  de tudo o que se possa imaginar, só lhe falta uma gaivota, um por de sol...mas acho que mesmo que se quisesse não cabia.
O texto, é quase, quase uma epopeia.Ele vai do sec. I  a.c. até mais ou menos à exactamente uma hora e picos atrás.
Ele morre-se, ele mata-se, ele abraça-se, ele peleia-se, ele levanta-se voo, ele filosofa-se, ele cresce-se ele expande-se, ele amputa-se, ele  morre-se  outra vez, ele renasce-se ...Ó Maria da Fonte, venha cá ver isto que o senhor Tabosa com este fôlego dá-lhe cabo do seu extraordinário folhetim " Os filhos de el rei D. João..." que estava a ser rodado na Ciudad del México e, de sopetão abraçou as margens do Mondego, com o "Résito" a render-se à monarquia à falta de opções e, imagino que vencido pelo cansaço.
Nem imagino o que nos espera amanhã aqui no 31, depois de uma tirada destas. Confesso que "inda" estou assim um bocadinho arrelampada. Parec os tempos das bandeiras,da guerra da sucessão...bora outra vez imaginar qualquer coisa para animar aqui o "pipol"????

Cumprimentos,


Marquesa de Carabás

 
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De Maria da Fonte a 15.11.2009 às 23:41

Marquesa

Até as Brites de Almeida, e as Marias da Fonte, têm momentos de desânimo.
Se todos pudessem vêr Portugal com os olhos delas, tudo seria diferente. Mas assim....

O Ega vê.
Vê como eu vejo, que caminhámos por onde não devíamos, e nem sequer queríamos ter caminhado.
Que era outro o nosso destino.

O Crull vê o presente, como eu vejo.
Eu até teria escolhido uma fotografia pior, uma representação do Terramoto de 1755, com Lisboa completamente arrasada, sem pedra sobre pedra.
E  com um Réquiem, por Banda Sonora.

Mas o Crull, ainda não viu que o passado está errado.
Está errado o caminho que seguimos.
Mas é falsa, a razão porque julgamos tê-lo feito.

Crull, foi posta à venda a primeira Edição da Obra de Pedro Nunes, Médico, Filósofo,  Matemático e Astrónomo, Português,  que está a ter grande sucesso fora de Portugal, pelos elevados conhecimentos que revela.

Pedro Nunes, Sábio, educado segundo as Antigas Escolas
de Filosofia, foi  Professor do Infante Dom Luís.

Ao Infante Dom Luís,  foi dado o Título de 9º Condestável do Reino, e atribuidas todas as Terras que haviam pertencido a seu tio, Dom Diogo, Mestre da Ordem de Cristo, e que tinham sido propriedade do filho deste, D. Afonso, 8º Condestável do Reino, até à sua morte, por altura do seu casamento com Violante Gomes, A Judia, A Pandereta.

Pedro Nunes, e o Rei Dom António I, filho de Dom Luís e Violante Gomes, foram muito próximos.
E foi com Pedro Nunes que Dom António I, o Prior do Crato, estudou.

Contudo, ninguém sabe quem foi Pedro Nunes, como ninguém sabe quem foi Violante Gomes.

Crull, passe um Réquiem por Portugal, daqueles bem trágicos.

Talvez quem sabe, eu pare com a choradeira, e faça a vontade à Marquesa.

Um abraço a todos

Maria da Fonte  
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De Ega a 15.11.2009 às 22:03

Meu caro Crull:

A sua inventariação da nossa História está quase perfeita.
Não sei se ela deixa bem claro que o futuro faz parte da dita História.

Pessoalmente - e na minha ignorância - sempre me perguntei porque chegámos onde chegámos, que é exactamente onde não deviamos ter chegado.

acredito na péssima influência da Inquisição e nas sequelas de um Império desmedido. Também, numa desmedida vontade de enriquecer de muitíssimos à custa desse Império.

Fukuyama enganou-se: a História não tem fim; as nações é que podem ter, «comidas» por outras mais fortes.

Portugual: quid iuris? Está nas mãos dos portugueses e é importante que joguemos menos matraquilhos,

Sofremos a carência dos símbolos e das referências. Talvez nos corrijamos. Essa é a nossa manifestação de optimismo.

Tudo passará pelo «aqui vai água» político...

A viela poderá ficar suja. Do mal o menos: lava-se. E Portugal sai novo, como da lavandaria.

Haverá gente para isso?

Um abraço.
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De paciente a 15.11.2009 às 22:17

este Tabosa é cá uma seca...
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De Anónimo a 16.11.2009 às 09:54

este queria hip-hop com drogaria ou lexívia à mistura.
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De ó és tão linda! a 15.11.2009 às 23:13

Rui Tabosa:Não gaste cera com ruins defuntos.Esses gajos e gajas acima, que o criticam,além do analfabetismo endémico que deixam transparecer,querem é discutir acasalamentos entre fufas e entre panascas.Apenas isso.Deve ser o seu ideal de vida.  
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De Ega a 16.11.2009 às 01:08

O comentário é tão estúpido que se fica sem saber se queres um ou um a a cobrir-te.
Vê lá se dormes porque ninguém te vai dar de comer.
Dorme com fome, mas vê lá se dormes.
E amanhã, desenrasca-te, porque a tua história só pode repetir-se.
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De JSA a 16.11.2009 às 03:37

Bem... esta reflexão está BRUTAL!!! Gostei imenso de ler e partilho da mesma opinião!

Um abraço
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De Anónimo a 16.11.2009 às 09:51

Conclusão: pelo andar da situação perdeu-se a vontade de tudo, até de continuar Portugal, da sua "raça" qualquer dia dos seus costumes. Lá se vão os grumets, os delikatessen e os pastelinhos da Marquesa do Carabás.
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De Marquesa de Carabás a 16.11.2009 às 12:05

Senhor que tem medo,
Fale por si se não se importa. Quem tem medo é o senhor, não eu.
Os meus pastelinhos estão de muito boa saúde e recomendam-se. Ele há empadas, rissoles e só não há pastelinhos de nata de belém porque o Costa não deixa ninguém passar na "faixa de gaza" dele.Então, agora com a chuva, é mesmo uma total impossibilidade.Mas dias melhores virão certamente. Nem que tenha que fazer como o senhor e ficar de olhos fechados no escuro à espera que me passe o medo.
O medo tem que se vencer e isso faz-se com vontade. Trate de espreitar bem debaixo da cama que é uma coisa que ajuda.

Cumprimentos anti-fóbicos


Marquesa de Carabás



 
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De Anónimo a 16.11.2009 às 14:25

Marquesa então de, Eyes Wide Shut a comer os seus pastelinhos, seria uma delícia e acompanhados com uns excelcos elixires de Oporto Wines que aqui tenho seria mesmo um must. Quanto ao No Name, nada a fazer, faz parte daquela vendeta que oculta a face e que tem alguma graça já que a outra não tem graça nenhuma. No fear.
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De Anónimo a 16.11.2009 às 09:56

Rui Crull, no seu melhor. Uma verdade crua, dura e nua.
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De Velho da floresta a 16.11.2009 às 17:58


Perspectiva histórica profundamente Spengleriana . Correcta e precisa, deixa-nos a todos um problema para reflexão, que é o da natalidade negativa. Que fazer senhores e senhoras.
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De ULTIMA HORA! a 16.11.2009 às 19:34

está aberta subscrição pública para comprar um bilhete ao sr. Tabosa.

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