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Tudo o que tem princípio encontra fim.
É assim com os seres vivos e também com os Estados, as nações e os povos.
Tal como os indivíduos, também aqueles nascem, crescem e morrem.
Após o nascimento tendem a crescer – é a expansão territorial, para espaços contíguos ou ultramarinos.
Algumas nações atingem mesmo a dimensão imperial: Roma será disso sempre o exemplo maior. Um continente quase inteiro conquistado, civilizado e explorado sob o signo da águia imperial e a tremenda vontade de Poder daquela que foi considerada a Prússia da Antiguidade.
Após o crescimento e a expansão, é da natureza das coisas que se segue a licença e o egoísmo, dando a virtude lugar aos prazeres, o sacrifício, em nome do futuro, lugar ao gozo do momento presente.
Avisava já Veleio Patérculo, no início do séc. I a.C., que “quando Roma se libertou do medo de Cartago, e afastada a sua rival, o caminho da virtude foi sendo substituído pelo da corrupção, não gradualmente, mas de forma rápida. A antiga disciplina foi abandonada para dar lugar a uma nova. A cidadania passou da vigília ao sono, das armas aos prazeres, da actividade ao ócio.”
E Roma morreu uns séculos depois.
Nenhuma razão há – absolutamente nenhuma – para que connosco, com Portugal, não suceda exactamente o mesmo.
Nascemos no Século XII com a coragem e a intrepidez de D. Afonso Henriques, expandimo-nos, primeiro até ao Algarve daquém Mar e, depois, às partes mais distantes do Mundo, desde o Brasil a Malaca, passando por Ormuz e Goa, para mais tarde decairmos como Império e nação, sucessivamente, até às fronteiras do início de Quatrocentos.
Sim, porque a amputação faz parte do ciclo da vida das nações.
Após a descolonização, perdida a matriz ultramarina de Portugal, abraçámos o projecto europeu como um regresso ao seio da nossa Mãe Europa.
Poderíamos ter encontrado um novo desígnio nacional.
Bastava que igualássemos a vontade e a coragem dos nossos concidadãos emigrantes.
Bastava que estivéssemos entre os melhores. Que acreditássemos em nós próprios. Que encontrássemos nos nossos governantes e nas instituições políticas exemplos a seguir: de serviço público, de probidade, de honestidade, de sensatez, de amor à Pátria, enfim.
Ao invés, porém, o País vive mergulhado no pesadelo da descrença.
Governantes sob permanente suspeita de corrupção, empresários subservientes ao poder, trabalhadores desmotivados, desempregados desesperados, uma sociedade letárgica e anémica, convivendo pacificamente com a dissolução das instituições e dos costumes, com a continuada quebra da natalidade, que compromete já decisivamente a nossa própria sobrevivência colectiva, com os projectos mirabolantes de um poder político irresponsável e indiferente perante o futuro, com o endividamento galopante do País, em suma, com o abismo que, por acção ou omissão, estamos a reservar aos nossos filhos, as gerações vindouras.
Enquanto isso, discute-se animadamente o casamento gay, a adopção gay e a eutanásia, como antes se discutiu o aborto livre até ao mesmo ser liberalizado (e só no primeiro semestre de 2009 atingiu-se o formidável número de 10 mil abortos, ou seja, 20 mil por ano, um quinto dos nascimentos…), entre outros temas fracturantes, muito mais giros e certamente de maior importância do que o desemprego, a falta de competitividade da nossa economia ou a dívida pública.
Estes preocupantes sinais são prenúncio do Fim.
E, ou travamos a marcha da decadência e levantamos voo ou estaremos condenados ao abismo, ao crepúsculo de Portugal.
Neste último caso, poderemos estar certos que ninguém terá pena de nós. Não somos insubstituíveis. Outros, melhores, mais fortes e ágeis, tomarão o nosso lugar.
É assim a Lei da Vida.