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Terribil.
Eis como Camões definiu Afonso de Albuquerque.
Comandante militar, estratega geopolítico e soldado de Quinhentos, Albuquerque foi ainda integracionista convicto e percursor de um multiculturalismo sem complexos. Um líder nato.
Sob o seu governo, conquistámos Goa, Ormuz e Malaca, fechando quase por completo as portas do Índico à navegação árabe e ao comércio de turcos, genoveses e venezianos.
É sua a ideia de fazer um raid a Meca com a finalidade de raptar o corpo do Profeta, apenas o entregando caso os muçulmanos devolvessem Jerusalém à Cristandade. É também seu o plano de, por meio de levadas, desviar o curso do rio Nilo do Mediterrâneo para o Mar Vermelho, a fim de secar o poder do sultão do Egipto, que ameaçava os interesses portugueses no Oriente.
Proibiu o sati, o abominável costume hindu de sacrificar a viúva na pira funerária do marido morto. Prática a que os ingleses apenas no séc. XIX ousaram por termo.
Armas e balas eram, para Albuquerque, “a moeda em que El-Rei de Portugal mandava aos seus capitães” pagar impostos a Estados estrangeiros que reclamassem o senhorio de terras conquistadas pelos Portugueses.
Na última carta a D. Manuel, Albuquerque escreve, desgostoso, que “mal com os homens por amor del Rey, e mal com El Rey por amor dos homens, bom he acabar”.
Não sem que antes recomendasse ao monarca o seu filho nos seguintes termos: “as cousas da Índia ellas falaram por mim e por elle: deixo a Índia com as principaes cabeças tomadas em vosso poder, sem nella ficar outra pendença senam cerrar se e mui bem a porta do estreito” de Áden.
Cumprem-se hoje exactamente 494 anos sobre a morte de Afonso de Albuquerque. E daqui a dois dias 48 sobre o fim do Estado Português da Índia. Que teve como um dos últimos heróis Aniceto do Rosário, morto a defender Damão em 1954.