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Consta que Marques Mendes cometeu a incúria de obrigar o PSD a um debate sobre a genética ideológica do partido. A coisa mete até Pacheco Pereira, que, como é recorrente, promoverá a sua habitual série de formulações salomónicas e vazias sobre o partido que é tudo e não é nada.
Ora, eu não aconselhava os meus amigos a apostar em tal investida teórica. Lembrem-se do que aconteceu a Dorian Gray. Quis tanto manter-se eternamente belo e púbere como naquela tarde de Junho em que Basil lhe pintou o retrato que o desejo acabou por se realizar. Dorian continuou esbelto e enxuto, enquanto a sua imagem do retrato - escondida no sótão - ia acumulando as mazelas visíveis de uma vida de hedonismo e trangressão moral.
Receio que ao PSD possa acontecer o mesmo que ao pequeno apolo wildeno quando, já arrependido, resolveu destruir o quadro e terminou morto e velho. Enfim, nada disto é muito provável. O PSD confrontar-se-á certamente com os seus pecados. Mas, ao contrário do espírito derradeiro de Dorian Gray, seguirá com alívio o aviso de Lord Henry Wotton: a aparência é a nossa maior virtude. E lá ficará, convenientemente, tudo na mesma.
Bom esforço, camaradas.