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Concordo inteiramente o este post do Paulo. As reacções de uma alguma direita ao veto de Cavaco Silva tem sido excessiva e desproporcionada. Bem sei que há muito boa gente que gosta de alinhar no folclore da esquerda fracturante, promovendo guerras artificiais e que não levam a lado algum. O que teria acontecido se Cavaco Silva tivesse vetado a lei. Sou contra o casamento gay, e também sou daqueles que preferia que este assunto tivesse ido a votos num referendo. Mas também é inequívoco que um veto de Cavaco Silva nesta fase apenas iria contribuir para o arrastar desta discussão, com um desfecho mais que previsível: Cavaco seria obrigado a promulgar a lei daqui a uns tempos, o que seria motivo de enorme regozijo para a esquerda arco-iris. Por isso Cavaco fez bem em despachar logo o assunto.
Houve um tempo em que se discutiu o casamento gay: antes das últimas legislativas e depois no período anterior à sua aprovação na Assembleia da República. Mas todos sabíamos que depois dos resultados das legislativas, a sua aprovação era mais que certa. Portanto o período crucial desta discussão teve lugar antes das eleições. E aí, salvo algumas raras excepções, a maioria das pessoas que agora se insurgem contra Cavaco estiverem em silêncio perante o programa socialista nesta matéria (bem sei que ninguém levou o programa do PS a sério, a começar pelos próprios autores). Manuela Ferreira Leite, no seu jeito desajeitado é certo, defendeu que era contra o casamento gay. Mas quantos outros políticos ou "activistas católicos" o fizeram durante a campanha eleitoral? Estou a recordar-me, por exemplo, de Pedro Santana Lopes, que não me recordo de o ouvir emitir a sua opinião sobre este assunto antes desta entrevista ao "i" (admito que possa estar enganado neste caso). Por isso, estas questões devem ser debatidas no momento certo, e não quando já passou o seu prazo de validade. Não digo com isto que os opositores se devem calar perante uma mudança legislativa; mas um Presidente da República deve agir em conformidade com as suas responsabilidades políticas e não contribuir para a criação de situações artificiais. Foi isso que Cavaco Silva fez ao promulgar a lei. Em Janeiro certamente voltará a ter o meu voto.