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"O capitão tenente Oliveira e Carmo foi o último herói português na Índia. Comandante da lancha «Vega», morreu em Diu, no dia 18 de Dezembro de 1961. Diz o relatório elaborado pelos sobreviventes que «foi atingido mortalmente no peito» por disparos de um avião; antes, já uma rajada lhe havia cortado «as pernas totalmente pelas coxas».

 

A pequena lancha de fiscalização, de 17 metros de comprido e uma única metralhadora de 20 mm, largara da doca de Diu, passou a barra e fez-se ao mar alto, em direcção ao «Delhi», um cruzador indiano de 9740 toneladas. Este assim que detectou a Vega, abriu fogo de metralhadora pesada, o que levou a Vega a retirar. Após essa manobra táctica, voltou a aproximar-se do enorme cruzador. Nessa altura, o segundo-tenente, de 25 anos, começou por se fardar «de branco», explicando aos marinheiros «que assim morreria com mais honra». Exortou-os a lutar até ao fim: «Fazemos parte da defesa de Diu e da Pátria e vamos cumprir até ao último homem e última bala se possível.»

 

Não foi no entanto a artilharia pesada do navio inimigo que derrotou a «Vega», mas o ataque concertado da aviação inimiga equipada com modernos aviões a jacto. Durante a sangrenta batalha, a Vega, agilmente manobrada pelo seu comandante,  esquivou-se às primeiras rajadas aéreas. No entanto, um novo ataque, desta vez com fogo cruzado, matou o marinheiro artilheiros e cortou pelas coxas as pernas de Oliveira e Costa. Deflagrara entretanto um incêndio na casa das maquinas que tornava impossível a manutenção da embarcação. Já ferido, despediu-se da mulher e do filho, beijando as fotografias que trazia no bolso. Foi no entanto, na terceira rajada do inimigo, superiormente armado, que viria a morrer o Capitão Tenente. O seu corpo afundou-se com a lancha Vega que heroicamente comandou e nunca foi recuperado.

 

A título póstumo, Jorge Manuel Oliveira e Carmo foi promovido a capitão-tenente e recebeu a Torre e Espada - a mais alta condecoração portuguesa para feitos em combate. "

 

Homenagem justaa este herói de Portugal amanhã, 10 de Junho,  pelas 11h no Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Belém.

 

 

PS : Na alocução que fez durante a sessão solene das cerimónias do Dia de Portugal, António Barreto reiterou as críticas ao povo português que é “parco em respeito pelos seus mortos” e acusa o Estado de ser pouco “explícito no cumprimento desse dever”, avisando que está na altura de “eliminar as diferenças entre bons e maus soldados, entre veteranos de nome e veteranos anónimos, entre recordados e esquecidos”.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De Manuel Castelo-Branco a 10.06.2010 às 16:44

Caro Luís:


Permita me que lhe diga, mas você consegue ser muito insensato em poucas palavras. O Tenente Oliveira e Carmo foi um homem muito corajoso, determinado e desapegado que desempenhou o seu dever. O dever da tropa, meu caro é combater, não é fazer política.  O dever da tropa é defender o território nacional e nunca o de se render à primeira contrariedade. 


E, mesmo na comparação dos Kamikazes, de que fala , são demonstrativos da sua falta de cultura ou desconhecimento de características como o sentido de dever a lealdade ou a coragem. Independente da causa politica subjacente, sobre a qual poderei discutir em outra altura ( aconselho o a ler algumas das intervenções do Prof Inocêncio Galvão Teles no Conselho de Segurança da ONU), o que se apresenta aqui é alguém como tantos outros, que deu a vida para defender um País que também é o seu. Só por esse facto, você devia estar-lhe reconhecido. 


Em memória de outros heróis e das suas famílias, peço-lhe um pouco de mais contenção verbal.


Ao contrário de outros, que não se puseram a Salvo ( ou a Silva), este senhor defendeu  com honra e coragem e missão que o País lhe confiou. Esse é o mérito do Capitão Tenente.
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De Luis Rainha a 10.06.2010 às 16:56

Não me venha falar em "contenção", "mérito" e, sobretudo, nas "famílias". O meu pai foi ferido enquanto desempenhava a sua função como oficial médico num teatro de guerra. Nunca recuperou completamente e nunca ninguém o recompensou devidamente, quanto mais agora homenagens. Se calhar teve a fraqueza de apenas desempenhar a sua missão. Não guiou subordinados até à morte, em obediência a ordens que nada tinham a ver com a "defender o território nacional", pois careciam de objectivos militares reais, apenas obediência a um desejo político magalómano.
Não sei se o seu fervor o levou mesmo a servir nas Forças Armadas; mas eu andei por lá quase dois anos e aprendi que um dos deveres primordiais de um oficial é preservar as vidas dos homens que lhe foram confiados. Sacrificá-las sem um objectivo militar em vista, apenas para oferecer a um político um fim em chamas glorioso... isso não me parece de herói.
Já agora, a história que conta não é a exacta: a "Vega" foi destruída já bem depois de terminar o confronto com o cruzador indiano.
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De toufartodebananas a 10.06.2010 às 18:12

Parece que ambos estão enganados! Da leitura dos vossos comentários depreende-se que:
Manuel Castelo-Branco - A função dos militares é combater e não render-se à primeira contrariedade...
Luis Rainha - A função de um chefe militar é preservar a vida dos seus homens...
Na verdade ambos estão errados. Aliás, à luz da época o Manuel Castelo-Branco está mais perto dos regulamentos disciplinares vigentes à época. Já se fosse hoje, não sei até que ponto seria considerado um herói pois a acção não serviu para rigorosamente nada, sendo por isso as ordens que os militares portugueses na Índia receberam, completamente insensatas, despropositadas e desnecessárias e é nesse aspecto que digo que estão ambos equivocados, pois é de facto dever  de um comandante militar preservar a vida dos seus homens, mas não é o seu único dever e se lhe é dada uma missão exequível essa missão prevalece sobre tudo, inclusivamente sobre a vida dos homens.
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De toufartodebananas a 10.06.2010 às 18:17

Mas esta não era a discussão em que eu gostaria de entrar pois de facto considero de mau gosto e desrespeitoso a esta distância temporal, social e inclusivamente educacional, julgar os actos de um homem que fez aquilo que lhe disseram para fazer.
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De Luis Rainha a 11.06.2010 às 17:36

Só não tem razão, pelo que me toca, porque eu nunca afirmei que a salvaguarda das vidas dos soldados é o primeiro objectivo. Apenas que é uma das prioridades obrigatórias, para um comandante. Em primeiro lugar estará a missão; só que neste caso tal não existia. Ninguém deu ordens ao comandante da “Vega” nem para atacar o cruzador nem para enfrentar os Vampire indianos. Tratou-se simplesmente, e como reconhece a Marinha, de uma missão suicida.

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