por Henrique Burnay, em 21.03.07
Esta notícia de que o
Bruno fala, sobre o Véu Islâmico é, para ser exacto, sobre o niqab (o véu que cobre a cara toda menos os olhos),
segundo o DN de hoje. Um detalhe relevante. Ver a Grã-Bretanha a legislar sobre a vestimenta dos estudantes (sem ser para definir as regras do uniforme) seria surpreendente. E uma má notícia. Ao contrário de França, a Grã-bretanha tem uma tradição de muito maior "liberdade" individual. Regra geral cada um faz o que lhe apetece e o Estado não se costuma intrometer no que é do domínio privado (não por acaso, na Grã-Bretanha admite-se a proibição do véu porque cobre a cara, enquanto que em França o critério é proibir-se um símbolo religioso). Tem sido essa a regra de convivência e, até aos ataques de Julho de há dois anos, era tida como boa. Tal como o "modelo" holandês o era, até à morte de Theo Van Gogh e a tudo o que se lhe seguiu.
Ao contrário da excitação de alguns, que acham que este tipo de medidas revela que a "Europa" não está para brincadeiras, o que isto revela é que não sabemos o que fazer com a necessária integração das comunidades islâmicas. E que o que temos feito não está a resultar.
Ou seja, o que é mais relevante nesta integração: o modelo alemão ou a origem não radical dos imigrantes? No mínimo, eu acho que as duas coisas. E, se assim for, o nosso problema passa mais por conseguir "desradicalizar" as sociedades de origem do que por as obrigar a esconder o seu radicalismo. Proibir os véus, os que cobrem a cara toda ou só metade (excepto no que isso impede a normal relação social) cheira-me à alheira que os judeus comiam. O que, sendo bom gastronomicamente, foi uma adaptação provocada por uma necessidade lamentável.
De resto, e é aí que quero chegar, não se ataca um mal tapando-o. O mal é o radicalismo, não é o véu.
Post gastronomicamente corrigido.