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Ontem, no Ulster, pessoas vestidas de laranja celebraram a batalha do Boyne. Foi nesse dia, em 1690, que o Rei Jaime II, da Inglaterra, Escócia e Irlanda, perdeu a batalha com o seu sobrinho, o protestante Guilherme II de Orange.
O exército protestante era, na maioria, composto por mercenários germânicos (a maior exportação daqueles estados, nessa altura), holandeses e dinamarqueses. As tropas católicas eram compostas por irlandeses, escoceses e franceses - sendo estes últimos a óbvia a razão pela qual perderam a guerra (não pelas tropas, desta vez, mas pela união europeia contra o poder de Luís XIV).
Apesar das forças estrangeiras, as peças decisivas foram as cavalarias irregulares locais - sendo as protestantes do Ulster superiores. O fim da história já se sabe: Jaime II perdeu a batalha, a guerra e a coroa. A Irlanda foi ocupada pela coroa inglesa durante mais dois séculos.
Curiosamente, a batalha deu-se no dia 1 de Julho do calendário juliano. O dia 12 de Julho era, durante décadas, celebrado como a Orangefest pelos protestantes por ser o da batalha de Aughrim - a batalha decisiva em que o exército jacobita foi destruido -, ocorrida um ano depois de Boyne.
Quando o calendário juliano foi abandonado, o 12 de Julho passou a 23 de Julho (no calendário gregoriano). Isto deixou os protestantes confusos, a ter de celebrar o "The Twelfth" num dia 23. Os ingleses, agora gregorianos, não podendo mudar a data, mudaram antes a razão da celebração: a batalha importante passou a ser Boyne, que calha no dia 11 de Julho no novo calendário (novo em 1752, entenda-se). Estava mais perto do dia 12 mas ainda não chegava... a solução passou por um mecanismo estranhamente católico: como nas festas romanas, celebram-se o dias dos santos na suas "vésperas". Se existe a Christmas Eve, passou a existir a "Eve" do "Twelfth". Uma espécie de "twist of faith"...
PS:
Perdida a guerra, muitos jacobitas que recusaram jurar fidelidade à coroa inglesa tiveram de abandonar a Irlanda... Inclusive vieram alguns para Portugal: - olá!