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Um post público que parece uma conversa privada.

por Henrique Burnay, em 26.03.07
O David, de quem sou amigo, leu isto e isto, e percebeu isto. Se fosse apenas um erro de percepção, a coisa resolvia-se com um email a dizer mais ou menos assim: ò David, lê lá o que escrevi e tenta pensar. Mas não é.
O que eu disse - e disse coisas diferentes em posts diferentes e com intenções distintas - foram, essencialmente, duas coisas.
Uma, que o Estado Novo não foi uma monstruosidade imposta de fora, foi também imposta de dentro ( o também aqui significa que se reconhece a parte da monstruosidade, que não é isso que está em causa). Quem conheça o que vem nos arquivos da PIDE, quem conhece quem já consultou os processos pessoais, percebe que um dos factos mais terríveis é que os informadores eram tipos banais, que vasculhavam os acidentes banais da vida das pessoas banais (a propósito, aconselha-se o excelente "A vida dos outros"). Ou seja, não está aqui dito que a ditadura não era má ou que era só mázinha, está dito que era feita por uma elite, e sustentada por muita cumplicidade (foi António Barreto, esse perigoso branqueador do fascismo que um dia disse que os portugueses o que gostavam mesmo era de poder eleger um Salazar de quatro em quatro anos - mas isso o David ( e os "Davides" e é só por isso que isto é um post e não um mail) não sabe, porque em matéria de história portuguesa contemporânea gosta mais de discutir a ideologia do que os factos.
E isto leva-nos ao segundo ponto. Eu tenho dificuldade em achar que cem mil portugueses (suponho que tenham sido quantos votaram em Salazar, não sei), com tempo e dinheiro para gastar em telefonemas e em votos, acham mesmo que Salazar foi o maior de todos os portugueses. O que acho é que o facto de não se conversar sobre a história recente de Portugal, de não se discutir como se de História e não de facções se tratasse, dá nisto. O David (os Davides, entenda-se) não se lembra, ou não acha relevante, que nunca se tenha feito um bom documentário, com opiniões divergentes sobre o Estado Novo. Eu acho. O David (os Davides, são eles que me interessam) acham que isso é branquear. No fundo acham que tudo o que é preciso saber é que foi mau. Eu não gosto desta gente que acha que sabe tudo o que é preciso que os outros saibam. E é aí que está o ponto da nossa discussão. Eu acho que quando se recusa discutir o Estado Novo como se de História se tratasse, se transforma uma Ditadura numa coisa que alguns percebem como sendo tão a preto e branco como um filme de cowboys. E é aí que há sempre uns quantos que preferem estar "do outro lado", seja lá que lado for. O que o David (os Davides) não percebe, porque isso exigia fazer perguntas antes de ter respostas, é que só se pode compreender o mal que se entende (entender aqui deve ler-se no sentido de conhece, estudar, não de concordar, aceitar, etc, leiam antes de gritar). E quando se recusa discutir o Estado Novo recusa-se dar argumentos para o detestar.
Tudo isto dito, no fundo a coisa é simples. Aliás, o problema desta gente é serem simples a pensar estas coisas. O David (os Davides) acha que Salazar é mau, que isso é indiscutível e dispensa discussão. E que a Direita no fundo é Salazarista e que isso também dispensa discussão. O que é uma estupidez. E depois lê que "era bom sermos como as excepções, mas não somos" - o sentido do texto é este -  e acha que eu disse que ser excepção ou não é indiferente, o que não é exactamente prova de grande inteligência ou de capacidade de leitura (felizmente o David, agora é o David, mesmo, dá outras provas de basta inteligência, entre outras enormes virtudes). 


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De Mário Coimbra a 26.03.2007 às 17:13

Não querendo meter a foice em ceara alheia, gostaria de salientar que ainda é cedo para a história (leia-se todos nós) ser imparcial com o período em questão.
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De Anónimo a 26.03.2007 às 22:11

Quem não consegue descobrir nada melhor do que uma boina frígia para enfiar pelos cornos abaixo, também não deve ser muito inteligente.
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De libertas a 27.03.2007 às 01:01

taxas de crescimento do PIB

1960-4.7%
1961-3.5%
1962-10.5%
1963-3.8%
1964-6%
1965-9.4%
1966-4.5%
1967-4.1%
1968-5%
1969-2.4%
1970-8.4%
1971-10.4%
1972-10.3%
1973-4.9%

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