por Henrique Burnay, em 01.12.06
Há mais ou menos um ano, considerando a possibilidade de regressar ao jornalismo e o tempo de intervalo entre a reinscrição no sistema e a possibilidade de usufruir dos benefícios, ponderei regressar à Caixa dos Jornalistas. Não o fiz. Entre outras razões, porque na altura o Governo tinha começado o ataque aos sistemas especiais, como a do Ministério da Justiça, que era excelente para os beneficiários, e parecia-me evidente que a dos jornalistas não seria poupada – nada o justificava. A Caixa dos jornalistas era muito melhor do que a opção reservada ao comum dos mortais, mas era evidentemente uma vantagem que não tinha explicação no sistema (e nem tentem encontrar explicações fundadas nas especificidades da profissão). A única bizarria, então, estava em perceber a razão deste diferimento. Porquê primeiro os outros e só mais tarde – como adivinhava e se verificou – os jornalistas? Se lermos o que então se escreveu sobre os privilégios de magistrados, agentes da PJ e funcionários da Assembleia da República, e o compararmos com a discussão que há agora percebe-se a inteligência do timing do Governo. E o reverso da medalha.