De pequeno burguês a 03.04.2007 às 13:13
Caro Mário Tomé,
O "fascismo" e a guerra colonial foram as desculpas oficiais do MFA para derrubar o antigo regime. Seria bom de uma vez por todas que, pelos menos os capitães ainda vivos dissessem de viva voz que o verdadeiro detonador do 25 de Abril não foi nem uma coisa nem outra, mas sim o famigerado decreto-lei 353/73 de Sá Viana Rebelo. Foi contra a profunda injustiça administrativa desse diploma que a grande maioria dos militares de Abril se rebelou. Com o "fascismo" e a guerra colonial podiam eles bem...
O próprio Movimento dos Capitães que o meu Major tão alardemente introduz no texto era composto por dois sub-grupos: os que verdadeiramente queriam oferecer ao povo português uma oportunidade para decidirem um novo rumo, e que depois da revolução souberam voltar para os seus quartéis, e cuja face mais visível e emblemática é a do saudoso Salgueiro Maia; e, por outro lado, os que já sabiam muito bem o que queriam que os portugueses "escolhessem", e esses não voltaram no dia seguinte para o quartel. Esses tomaram-lhe o gosto, primeiro pela rua e depois pelos corredores do poder, onde o soldo era mais alto, a farda mais bonita e a ração continuamente melhorada. E esses (cujos nomes me excuso de dar, porque V. os conhecerá a todos, e de ginjeira...), esses, dizia eu, que encheram a boca DE "povo", aprenderam muito bem a lição com o "professor" de Santa Comba: as massas (leia-se, no devido jargão, o povo) foram feitas para ser manipuladas, por quem pouco importa, está-lhes no genes, e o português gosta tanto de andar a toque de caixa...
Depois o meu Major falou na esquerda que eu tildei de "extrema"... Não fui eu que tildei, pode até não ser esquerda, mas extrema é de certeza!
Essa esquerda, meu Major, que V. diz que "tentou que a esperança de milhões não fosse liquidada" (interessante uso do verbo... os velhos vícios são dificeis de largar, não meu Major?), essa esquerda, dizia eu, foi-se evaporando, depois daqueles affaires Baader-Meinhoffianos dos seus amigos, os
F(d)P-25, que andaram a fazer por aí proselitismo da "democracia" (certamente popular) dir-me-á V., essa esquerda, percebeu que seria melhor continuar com os seus negociozinhos, já que conheciam tão bem África, e melhor ainda os seus War Lords, e verdade seja dita: é um continente com muitas potencialidades, não concorda, caro Major? Não me diga que não tem por lá nenhuma exploraçãozinha de diamantes como o seu amigo O.S.Car., ou um traficozinho de armas como aquele seu companheiro de armas que mandou implodir o Cessna em ´81, ou já não se lembra disso? Não me diga que os seus correlegionários não lhe disseram nada e deixaram-no fora do banquete???
Ah, andam todos a tratar da sua vidinha, não é, caro Major? E depois sou eu o pequeno burguês?
De Anónimo a 04.04.2007 às 15:34
Pensei: que raio teria eu dito para o "pequeno burguês" - com aspas porque V, afinal, insinua que não é, que sou eu, e porque não digo eu - enveredar pela insinuação destemperada e caluniosa? (quanto a mim, que no caso
é o que interessa) e só encontro uma razão: a forma e o conteúdo da minha abordagem do colonialismo e do Salazar.
E concluí: querem ver que o "pequeno burguês" que não é, aparentemente, um saudoso do salazarismo e do colonialismo, é apenas um idealista da história mal contada, votou pelo Santo de Comba Dão?
OK. É a vida...
E como nem sequer há mais quem se interesse, o mundo dos blogues já se debruça sobre assuntos mais candentes, por mim, fecho a colecta .
Assim acaba um fugaz encontro.
Boa Páscoa
De Mário Tomé a 04.04.2007 às 15:36
Peço desculpa pelo anonimato involuntário do post anterior. Aqui vai, assinado
Pensei: que raio teria eu dito para o "pequeno burguês" - com aspas porque V, afinal, insinua que não é, que sou eu, e porque não digo eu - enveredar pela insinuação destemperada e caluniosa? (quanto a mim, que no caso
é o que interessa) e só encontro uma razão: a forma e o conteúdo da minha abordagem do colonialismo e do Salazar.
E concluí: querem ver que o "pequeno burguês" que não é, aparentemente, um saudoso do salazarismo e do colonialismo, é apenas um idealista da história mal contada, votou pelo Santo de Comba Dão?
OK. É a vida...
E como nem sequer há mais quem se interesse, o mundo dos blogues já se debruça sobre assuntos mais candentes, por mim, fecho a colecta .
Assim acaba um fugaz encontro.
Boa Páscoa