por Paulo Pinto Mascarenhas, em 03.04.07
Escreve o Rodrigo: "
Se os assessores de imprensa não servem para telefonar aos jornalistas, para que servem eles?" A pergunta que falta fazer é para que servem os jornalistas em Portugal. Os do jornal "
Público", ao menos, serviram a sua profissão e investigaram e publicaram a estranha história de um primeiro-ministro que tem uma licenciatura no mínimo acidentada e de produção independente. Outros, porém, preferiram assobiar para S. Bento e não dar eco da notícia: como já escrevi, no dia em que história saiu publicada, saltando do blogue
Portugal Profundo para o "Público", nenhum dos telejornais generalistas lhe dedicou sequer um segundo do seu tempo.
Como soubemos agora, parece que houve uns expeditos assessores - e talvez um ministro ou outro - que entenderam comunicar aos jornalistas que a história não tinha qualquer interesse - uma tese que, curiosamente, também vi defendida em alguns blogues mais politicamente correctos - e sempre muito "sérios". O primeiro-ministro, como é habitual quando é criticado, ficou "irritado". Compreende-se, uma vez mais, a irritação do primeiro-ministro e até os telefonemas dos assessores para os jornalistas - faz parte da vida deles. O que já não se compreende é a aquiescência - ou cumplicidade? - de alguns editores e jornalistas que escolheram o silêncio - ou a censura? - perante o evidente incómodo dos assessores e do primeiro-ministro.
Finalmente, depois da notícia do "Expresso" de sábado, novamente repescada do blogue Portugal Profundo, a SIC - mas julgo que apenas na sua versão por cabo - resolveu dar alguma atenção ao assunto. Marcelo Rebelo de Sousa merece referência por dedicar parte das suas análises dominicais no canal público ao curso de Sócrates, colocando a dúvida no ponto certo: em que medida é que terá existido tratamento especial ou de favor por parte da Universidade Independente ao então secretário de estado adjunto do Ambiente do Governo de Guterres? Perante a inexistência de documentos comprovativos no que respeita a equivalências, plano do curso ou aprovação do mesmo pelo conselho científico, entre outros factos claramente anormais, as dúvidas são mais do legítimas - e seria de esperar que os jornalistas não as silenciassem. Faz parte da sua profissão procurar esclarecer as dúvidas.