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Ups, a Purdey fez ricochete

por Francisco Mendes da Silva, em 06.01.11

Esta noite, através do sentido de oportunidade da Teresa Caeiro na Sic-Notícias, Portugal lembrou-se do que, de resto, o Carlos Nunes Lopes já tinha "revelado" aqui 31 da Armada: Manuel Alegre recebeu dinheiro para fazer publicidade. A um banco. Ao Banco Privado Português. Enquanto era deputado. E isso lhe era proibido (alínea f) do n.º 6 do artigo 21º do Estatuto dos Deputados).

 

 

 

(ampliação clicando na imagem)

 

Gostava de ver Alegre explicar isto, em nome do "país limpo" que anda para aí, de peito insuflado e voz gutural, a exigir. E não vale dizer que, dado o teor da publicidade em causa, nela participou, não como deputado, mas enquanto caçador.

 

Explicar significa revelar e demonstrar, por exemplo:

a) se participou na campanha do BPP ao abrigo de alguma lei especial que se lhe aplicasse em derrogação do Estatuto (cfr. n.º 6 do artigo 21º) - não estou a ver qual, mas nunca se sabe;

b) se a comissão parlamentar competente em matéria de aplicação do Estatuto dos Deputados o notificou para pôr termo à situação no prazo de 30 dias (cfr. n.º 7 do artigo 21º);

c) se viu o mandato suspenso enquanto durou a sua participação na campanha publicitária (cfr. n.º 8, primeira parte, do artigo 21º);

d) e se repôs o montante do salário de deputado que auferiu enquanto durou essa participação (cfr. n.º 8, segunda parte, do artigo 21º).

 

Adenda: pelos vistos, a explicação "oficial", que já vem de 2008, é a seguinte: a BBDO, agência de publicidade, pediu a Manuel Alegre um texto sobre a sua relação com o dinheiro. Alegre, um bonacheirão solícito, lá escreveu e entregou o dito, sem perguntar para que efeito os senhores da BBDO, agência de publicidade - de publicidade - o queriam. Quando mais tarde abriu uma revista e viu o texto, acompanhado da sua assinatura e caricatura, alojados numa publicidade ao BPP, pensou "ai, os malandros" e toca a ligar-lhes para suspenderem essa sua surpreendente participação sem aviso prévio.

 

Que dizer deste arremedo de justificação? Desde logo, que deve ser dada a Manuel Alegre a oportunidade de, digamos, aperfeiçoar a coisa. É que se esta explicação é para manter, então o candidato é um caso sério de charlatanice. Quer Alegre convencer-nos de que a BBDO, provavelmente a agência de publicidade mais conhecida do mundo, lhe pediu e pagou para que escrevesse um texto sobre dinheiro sem lhe especificar qual o destino do mesmo? Quer Alegre convencer-nos de que a BBDO lhe pediu e pagou um texto sobre dinheiro sem que aquele indagasse qual o fim do pedido? Quer Alegre convencer-nos de que a maior agência de publicidade do mundo lhe pediu e pagou um texto sobre dinheiro e o autor nem sequer suspeitou de que o texto serviria seguramente para uma campanha publicitária, provavelmente de um banco?

 

Será que Manuel Alegre acha que os seres humanos, com a sua singular excepção, são todos estúpidos? Sim, sim, Alegre tem de explicar isto muito bem. Porque tudo aponta para que seja um mentiroso puro e simples - ou, pelo menos, que se tenha pontualmente portado como tal, para encobrir uma situação de ilegalidade, consciente ou negligente.

 

Adenda 2 (10h30): Em directo na TSF, Manuel Alegre manteve na íntegra a justificação. Cada um que a julgue por si. Entretanto, Nuno Artur Silva, director das Produções Fictícias, apresentador do Eixo do Mal e também ele um dos participantes na campanha do BPP, disse, igualmente à TSF, que ninguém o informou de que o seu texto seria para uma campanha publicitária ao banco, mas apenas que seria semanalmente publicado numa página da revista do Expresso que teria o patrocínio do BPP (um patrocínio semelhante, disse ele, ao de um programa de rádio). O único comentário que posso tecer é que não vejo qual a diferença prática, principalmente porque nunca vi semelhante coisa: uma página jornalística "patrocinada" por uma determinada marca ou empresa? Nem sei como é que essa ideia - que, de facto, conhecemos da rádio e da televisão - tem transposição para a imprensa. Continua tudo muito estranho. Por outro lado, Pacheco Pereira, outro dos participantes, disse à TSF que sabia, desde o início, que se tratava de uma campanha publicitária do BPP.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De Anónimo a 06.01.2011 às 01:49

Na altura, entre 2005 e 2006, Alegre escreveu sobre a sua relação com o dinheiro, mas em momento algum no seu texto publicita o Banco ou outra entidade. Anos depois, ao «Diário de Notícias», garantiu que não sabia que o texto iria ser utili...zado para publicidade ao banco, pelo que pediu a suspensão da campanha e devolveu o dinheiro que lhe pagaram (1500 euros).

Gostava de ver o Sr. Cavaco Silva a devolver os 150 mil euros, a bem da transparência!!
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De jcd a 06.01.2011 às 11:25

Querem ver como se faz uma campanha suja? É assim:


Devolveu porque infringiu o estatuto de deputado ou porque viu lá o nome do BPP? Alegre tem que explicar.


Quando devolveu? Devolveu o cheque ou chegou a depositá-lo? Ele diz que devolveu o cheque, mas passaram 2 anos. Teve o cheque durante dois anos? Parece-me que mentiu, devolveu o dinheiro e não o cheque. Alegre tem que explicar.


O artigo apareceu durante semanas no Expresso. Porque não mandou cancelar assim que saiu o primeiro? Foi só quando se apercebeu que podia ser um escândalo? Alegre tem que explicar.


Na verdade, Alegre não fez nada de mal. Usou a sua capacidade como escriba para ganhar dinheiro e ninguém devia ter nada a ver com isso. Claro que se assustou, ao ver que tinha infringido um regulamento e voltou atrás, mas nem isso deveria ter feito. Aquele estatuto de deputado tem coisas absurdas.


Nota-se que Alegre não está nada à vontade neste papel de ataque descabelado a Cavaco Silva. Não gosta, não está no seu sangue. Faz, porque não tem outros argumentos. A nódoa, ficará sempre.
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De Anónimo a 06.01.2011 às 16:53


Jcd,Manuel Alegre se fizesse publicidade infligia o regulamento de deputado.Ponto Final.Mas nem isso fez,escreveu um texto sobre a utilização do dinheiro,o que é bem diferente. Quizeram pagar-lhe, ele não aceitou. Utilizar isto como arma de arremesso, dá vontade de rir ao TIRIRICA...
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De jcd a 06.01.2011 às 17:17

Agora, fazendo como fazem os adeptos de Alegre, continuemos.


Não estou esclarecido.Quiseram pagar-lhe e ele não aceitou? Aceitou ou não aceitou? Não disse que devolveu o dinheiro? Quando? Quando lhe mostraram que tinha incumprido a lei e isso poderia prejudicar a sua carreira política? Manuel Alegre tem que esclarecer muito bem. Tudo isto parece muito estranho e está muito mal explicado.


Porque é que aceitou o cheque? E depositou-o ou devolveu-o? Ontem disseram que tinha devolvido. Parece-me que alguém está a mentir. Porque é que Manuel Alegre se furta aos esclarecimentos e só fala de banalidades?


É assim, está a ver? 
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De Pedro a 07.01.2011 às 14:27

Ó Meu Deus, jcd, que emocionante, essa saga do cheque de 150 mocas páqui e prácolá, é de uma gravidade extrema. Assunto de Estado, e acho que o James Cameron já comprou os direitos da história, de tão emocionante e obscura e tenebrosa que ela é. A coisa é mais estranha do que o triângulo das bermudas e eu acho que está metida a maçonaria no caso. Esse homem não pode ser deputado, nem muito menos Presidente da República. Um homem que fez um texto literário para uma campanha publicitária no tempo em que era deputado, ganhando 1500 aéreos, e que nem se sabe se devolveu o dinheiro e como, seria uma vergonha internacional. Tem que explicar tudo muito bem explicadinho, antes que fuja para o Brasil e compre lá um apartamento no Leblon com o dinheiro. Se continuar a fazer quinhentas perguntas por comentário sobre este caso, a gente até se esquece de tudo o resto. Não, não estou a falar do que se passa com o outro candidato, o inominável, que qualquer pergunta sobre ele, até a cor das meias, é um ataque nojento e reles ao carácter de um homem que já disse que só daqui a quinhentos anos nascerá outro tão sério como ele.
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De jcd a 07.01.2011 às 15:35

You didn't get it.
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De Pedro a 07.01.2011 às 17:21

ófe corse note.
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De amcslb a 06.01.2011 às 08:36

ó sr xico silva... sabe por acaso que quando soube q era para este efeito o texto o ma mandou suspender a publicidade e devolveu o dinheiro?


fico à espera que o sr anibal silva faça o mesmo...


o que queremos saber foi a quem comprou e vendeu as acções (dele e da filha). foi este esquema que levou ao buraco dos 5 MM 


ridiculos
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De JP a 06.01.2011 às 10:41

E você acha que isto são assuntos minimamente comparáveis?

De um lado tem um presidente da república em exercício, altamente comprometido pelas suas relações profissionais, políticas e financeiras com uma das maiores fraudes bancárias de sempre em Portugal; Que foi (e é) financiado por pessoas directamente envolvidas no escândalo; Que teve até à última no seu conselho de estado alguém com elevadíssimas responsabilidades num banco onde o estado já teve que enterrar 5.000.000.000€! Que esteve calado durante todo o processo e nunca piou acerca da ajuda do estado; Que vem culpar uma administração (de insolvência?) que está a tentar corrigir o que os outros fizera, etc....

E você quer comparar isto com uma publicidade de jornal no valor de 1.500€ ?????

Esta argumentação (?) lembra muito uma outra de alguns meses atrás onde se falava de uma outra "campanha suja" mas isso agora também não é importante...
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De Anónimo a 06.01.2011 às 12:04

A explicação é simples e já foi totalmente dada.


Basta ver a página oficial do Manuel Alegre que está lá tudo.


Tudo o resto são tentativas de denegrir.
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De João Lisboa a 06.01.2011 às 12:04

"nunca vi semelhante coisa: uma página jornalística "patrocinada" por uma determinada marca ou empresa"

Independentemente de as explicações do bardo-da-pátria continuarem a ser esfarrapadas (e são), o patrocínio das páginas de um jornal por uma marca/empresa já aconteceu noutras circunstâncias. No próprio Expresso, mais exactamente, no antigo "Cartaz" (hoje, "Actual"), durante (creio) dois anos, em que, semanalmente, cada secção (cinema, música, teatro, livros...) era patrocinada pelo Millenium/BCP, com o correspondente aumento de páginas.
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De Lynce a 06.01.2011 às 12:18

Exigimos saber se  Manuel Alegre declarou ao fisco essa verba que recebeu fruto da publicidade ao BPP. 

Como é que um gajo que se diz da esquerda, faz publicidade a um produto do mundo capitalista? 
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De Pedro a 07.01.2011 às 14:29

Lynce, és burro. Já viste o Manuel Alegre a dizer que era pela abolição dos bancos? Conheces alguém do PS que ache que o dinheiro é para colocar debaixo do colchão? És burro.
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De Lynce a 07.01.2011 às 14:34

Claro que não, Alegre até se abotou com os 1.500€ do BPP quando, na condição de deputado, não o poderia fazer...
Em relação ao dinheiro debaixo dos colchões, a pessoa indicada para te responder a essa questão é o Vara, Rui Pedro Soares e a dinastia Penedos. Pergunta aos gajos, eles é que sabem onde colocaram o graveto.  
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De Pedro a 07.01.2011 às 22:31

Amigo, continuas burro, agora duplamente burro: para já, não explicas essa teoria de que malta de esquerda não pode fazer publicidade a "produtos do mundo capitalista". Explica lá. Depois, porque não sabes que a corrupção em Portugal não tem cor politica. Como se pode ser tão burro?
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De Lynce a 07.01.2011 às 23:00

Até posso ser burro, mas de certeza que, se me conhecesses pessoalmente, assim como a minha vidinha, adoravas ser eu. Vale uma aposta?
:)))


 
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De hajapachorra a 06.01.2011 às 12:19

É espantoso como Cavaco e Alegre têm tantos defensores... Alegre não precisa que ninguém o denigra, o homem faz isso sozinho há muitas décadas, quando escreve péssima poesia e publicidade parola, quando dá entrevistas de marialva manhoso e ranhoso, quando passa a puta da vida sem fazer um caralho. Cavaco também não, é sonso a ponto de aguentar as tropelias do aldrabão do Sócrates para ser sr. presidente, é totó bastante para fazer uma guerra por causa da porcaria do estatuto dos açores e engulir toda a trampa legislativa que a maçonaria lhe serve. Mesmo assim não são comparáveis, o parolo de Águeda é infinitamente mais inútil e perigoso.
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De um simples desconhecido a 06.01.2011 às 12:42

o cãmara corporativa, que nestas coisas anda sempre à frente, já tinha comentado o assunto em 2008. :-)))

aqui fica o link: http://corporacoes.blogspot.com/2008/12/manuel-alegre-e-o-banco-privado_17.html
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De Dulce Dias a 06.01.2011 às 15:36

"Página não encontrada
Lamentamos, mas a página que estava a procurar no blogue Câmara Corporativa (http://corporacoes.blogspot.com/) não existe.

Ir para a página inicial do blogue" (http://corporacoes.blogspot.com/)

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De Álvaro Costa a 06.01.2011 às 12:53

Mais uma vez se demonstra que a gente da alta política está toda embrulhada em questiúnculas acinzentadas... Neste assunto não há "virgens imaculadas", toda a gente o sabe, pelo que continua a ser ridículo o tempo que se perde a discutir o assunto. Tanta dessa gente comprou e vendeu acções da SLN e enriqueceu à conta disso. Não compreendo a obsessão com o Cavaco e agora até já metem a filha ao barulho.
Os senhores candidatos deviam TODOS ter vergonha da campanha que estão a fazer. Não é este tema concreto que interessa ao país. Todos sabemos que estamos num buraco, a questão agora é como vamos sair dele, isso sim é assunto.
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De Mas esperem lá... a 06.01.2011 às 13:03

Estão a pretender comparar a responsabilidade de participar (?) numa campanha publicitária com a responsabilidade de comprar, deter e vender acções (sem saber a quem e em que condições, exceptuando o lucro reconhecido...) de um banco que se tornou o maior cancro do país?


Vocês são patéticos...
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De Ecotretas a 06.01.2011 às 23:36

E se alguém, seguindo esta prosa de Alegre, subscreveu o produto "Retorno Absoluto", anunciado nesta publicidade???

Podem pôr uma acção contra o poeta para verem se podem ter o dinheiro de volta????

Ecotretas
http://ecotretas.blogspot.com/2011/01/purdeys-da-treta.html

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