por Laura Abreu Cravo, em 05.04.07
A blogosfera é, essencialmente, o reflexo da humanidade. Nessa medida, não pode esperar-se da primeira grandes manifestações no que às raras grandezas da segunda diga respeito e, bom de ver, constantemente rodeadas das encarnações da avareza mental, estreiteza de espírito, egoísmo simplório e imperfeições várias que lhe são congénitos.
No entanto, a blogosfera, esta comunidade virtual, tem a vantagem de, pelo menos numa primeira fase, afastar emitente e destinatário (quer pela possibilidade de recurso de uns ao anonimato, quer pela oportunidade de escrever que é dada a outros que sejam, de facto, anónimos) a um ponto tal que o carácter e comportamento daqueles com quem interagimos poderá sempre ficar a pairar como um traço abstracto de um personagem ficcional. E sorver, daquelas criaturas deficitárias, apenas a escrita que seja boa.
Noutros casos, temos a oportunidade de conhecer gente que escreva primorosamente (como se gosta e precisa) e que, a esse magistério, junta a lisura de carácter, a simplicidade, a inteligência arguta, a ironia fina e algum sarcasmo amortecido. Nessa particular circunstância, da boa gente, estamos perante aquilo que os anglo-saxónicos sabiamente designam "a win-win situation". Ora, como todos bem sabemos, as dobradinhas são coisa que requer muita persistência e trabalho sério e nós, pedaços da humanidade que somos, nem sempre estamos para isso.