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Um arrependimento tardio mas na direcção certa

por Manuel Castelo-Branco, em 07.04.07
É sempre com alegria que vejo o PSD de Marques Mendes defender a privatização do canal 1 da RTP.
É sempre bom ver que o homem que há 15 anos atrás era Secretário de Estado do Governo Cavaco Silva e um dos grandes defensores da manutenção de dois canais públicos, vir agora reconhecer o seu erro, depois de serem gastos mais de 2000 milhões de Euros dos contribuintes em subvenções, subsídios, aumentos de capital, apoios á reestruturação e outras formas encapotadas de subsídios à televisão publica. Quase tanto como aquilo que se discute hoje como investimento para o Aeroporto da Ota.
 
Estranho no entanto a falta de sensibilidade politica da comissão politica que defendeu a decisão. No momento em que a TV pública conseguiu equilibrar as suas contas (certo que a custa das subvenções estatais), que se comemoram os 50 anos da RTP, é que o PSD se propõe a convencer os Portugueses sobre a bondade da privatização.
 
É com certeza uma boa ideia mas que apresentada no momento errado, corre o risco de ser um nado morto, retirando oportunidade política de discutir o tema nos próximos anos.
 
É o que se chama, ter razão fora do tempo!!


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De João Gomes a 07.04.2007 às 19:06

Manuel,

Não é credível privatizar o sector público de televisão por vários motivos, que gostava que tu, a direita em geral e o Dr. Marques Mendes tivessem em conta:

- A RTP através dos seus vários canais é a única estação televisiva que nunca emitiu nenhum "reality show" e é a única que não ocupa o horário nobre com telenovelas.

- A estação pública de televisão é a única estação de canal aberto que consegue ter programas culturais de nível superior como: programas de história, música, teatro, literatura...

- Em nenhum país europeu o estado privatizou ou tem planos para privatizar o seu canal público de televisão. A tendência é pois para fazer do mesmo um verdadeiro serviço público.

Esta noção de "verdadeiro serviço público" é muito vaga e para vocês liberais admito que seja ainda mais. Se me perguntam se a RTP deve ser auto-sustentável? Respondo que não, tal como as universidades e os hospitais, são um serviço do estado. Se me perguntam ainda, se a RTP já presta um óptimo serviço público? Respondo também que não, mas tenho esperança que se aposte mais na cultura e tal objectivo seja concretizado.

Qual é então o futuro a traçar pelos governantes para a RTP? Na minha óptica é: uma gestão rigoroza e eficaz mas não economicista; é também uma programação de elevado cariz cultural, mas que consiga abranger uma grande franja da população; e por último é um outro aspecto que a meu ver tem sido muito bem conseguido, que é tornar a RTP num fórum de discussão política, de grande entrevista e onde todos os especialistas sejam convidados a participar no debate em torno de todos os assuntos que dizem respeito à nossa sociedade.

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