Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Parece que um antigo Presidente da República gabou-se de ter recebido prendas de Natal que "não cabiam em três salas". Os políticos portugueses, e aqui acredito que não existam grandes excepções, esquecem-se que enquanto ocupam um cargo público estão a representar o povo e não a si mesmos. Por isso, as prendas que recebem durante o exercício dos cargos (e não me refiro obviamente às prendas dos familiares) deveriam ser consideradas como ofertas ao titular do cargo público. Seria bom seguir-se o exemplo que vem dos Estados Unidos, pelo menos para os cargos de Presidente da República, membros do Governo e Presidentes de Câmara. O Presidente pode usufruir dos presentes que recebe enquanto está na Casa Branca. Mas, se porventura quiser ficar com eles depois do mandato terminar, tem de os comprar ao governo, pois são ofertas ao Presidente dos Estados Unidos e não ao individuo que ocupa o cargo. A esmagadora maioria dos presentes acabam por ser doados a instituições de apoio social, enquanto apenas uma ínfima parte fica com o Presidente (os que ele comprar). As prendas mais simbólicas, nomeadamente de líderes estrangeiros, são normalmente usadas nas Bibliotecas Presidenciais.
Mais grave foi ter afirmado que prescindia do direito de depor por escrito porque, como advogado, sabe que o depoimento presencial tem maior impacto. No futuro se alguém o indicar como testemunha e optar por fazer o depoimento por escrito está conscientemente a não ajudar quem o arrolou como testemunha... Porque motivo os ex-presidentes (só porque pertencem ao conselho de estado) podem optar por depor por escrito, se o que motiva o depoimento não deriva da actividade pública mas é do foro da vida privada dos mesmos?