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A estratégia que seria boa se tudo fosse mentira

por Henrique Burnay, em 11.04.07
Aquilo que o João diz faz todo o sentido. Ou melhor, faz quase todo o sentido. Faria todo, se a estratégia de deixar esticar a corda aqui fosse boa. Eu também acho que foi nisso que os assessores do primeiro-ministro pensaram. “Eles que escrevam tudo o que têm a escrever e no fim falamos nós.” É uma boa estratégia, prova de que se tem sangue frio e imunidade à excitação. Acontece que o mal já está feito (às vezes as histórias são mesmo difíceis de explicar e por melhor que seja a estratégia de comunicação, os factos intrometem-se maçadoramente). Hoje à noite Sócrates diz com um ar convicto que tem o diploma, o certificado de habilitações e dez colegas dispostos a testemunhar por si. Amanhã alguém desencanta um post-it com a lista da mercearia para a empregada onde o licenciado Sócrates assinou eng, José Sócrates e lá se enche a blogosfera de piadas, e os jornais de dúvidas. Pior. Por mais que os spins, oficiais ou oficiosos, declarem na quinta-feira estar satisfeitos com as declarações, nas redacções todos querem ter mais uma peça da roupa da vítima. É da natureza dos tubarões, como diria o Rodrigo. A estratégia de silêncio de Sócrates só é boa se as respostas dadas na Quinta-feira à noite forem suficientes e não forem desmentidas na Sexta ou no Sábado. Caso contrário, Sócrates é apenas mais um humano, vítima da sua vaidade.