por Paulo Pinto Mascarenhas, em 11.04.07
Há pedidos de desculpa a mais nesta investigação legítima aos estudos de José Sócrates na Universidade Independente. Cada vez que aparece mais uma prova das irregularidades académicas no curso do primeiro-ministro, quem a descobre pede logo desculpa - porque a verdade é que as reformas são necessárias, porque isto e porque aquilo. Como se viu uma vez mais no debate de ontem entre jornalistas na SIC-Notícias, parece que é preciso apresentar explicações ao país sobre o motivo porque se cumpre a obrigação profissional de investigar um caso de contornos mais do que duvidosos - e, por isso, de evidente interesse público. Até aqui, neste blogue de liberdade, já li algumas justificações para se falar sobre o escândalo - como se fosse preciso justificar o óbvio. Tal como escreveu Paulo Tunhas no blogue da Atlântico,
"a infidelidade conjugal, por exemplo, é uma matéria privada." Mas "
a obtenção de uma licenciatura não. A presunção que ela foi obtida por favor político e em desprezo de todas as formalidades, é, tratando-se do Primeiro-Ministro, matéria que deve ser investigada até ao mais ínfimo detalhe." O acumular de momentos húngaros do líder do PS - em que a cada nova mentira de Sócrates surge nova prova em contrário - está a tornar-se insustentável e num país menos politicamente correcto já teria levado à sua demissão. É a própria autoridade moral do chefe de governo que está em causa - e desculpem, mas não peço desculpa por o escrever.