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A Passos Coelho exige-se agora que salve o país da bancarrota, que reestruture a administração e reduza a sua despesa, que não aumente impostos e ainda que coloque Portugal a crescer.
A todas estas exigências, somam-se ainda outras:
- que Governe de olhos fechados, sem saber que dinheiro tem para fazer as reformas que todos os que Governaram nas últimas décadas entendem agora - e há muito tempo - como fundamentais;
- que Passos Coelho feche os olhos ao que pode ser a real situação das contas públicas porque todos consideram que não seria estranho se Sócrates e Teixeira dos Santos estivessem, há muito, a falsear as contas públicas e que Constâncio tivesse dado uma ajuda, ou que o INE tenha sido simpático com o Governo, ou mesmo que a Direcção-Geral do Tesouro tivesse dito ámen à tutela.
Pede-se ainda a Passos Coelho que Governe sem "estado de graça", porque o PS começou a "apontar o dedo" no dia em que mais uma vez virou as costas aos portugueses.
E, se o líder do PSD não fizer tudo isto - e bem - os socialistas ameaçam voltar na primeira oportunidade - como já tão bem fizeram no passado - para acabar como o que ainda resta erguido.
Segundo o Expresso apurou, Cavaco deu voz à preocupação (sua e das autoridades europeias) de que a descoberta de novos buracos nas contas ponham Portugal ainda mais em xeque, mas também a UE, que teria falhado pela segunda vez no acompanhamento de um Estado-membro. O pior cenário seria a repetição do que se passou na Grécia: a revelação de despesas escondidas e a evidência do falhanço dos mecanismos de controlo europeus.
Para Passos — que tem dúvidas sobre o real estado das finanças — este travão em nome da salvação nacional pode significar a perda de um poderoso
trunfo eleitoral. Sobretudo quando se tratar de tomar medidas impopulares. Por outro lado, a enorme preocupação do PR com a delicadeza do momento deixou bem vincada a necessidade de uma campanha moderada, sem crispação excessiva que ponha em causa a possibilidade de futuros entendimentos.
Do lado do Governo, a resposta é que as contas são auditadas pelo Banco de Portugal, INE e Direção-Geral do Tesouro. E o Banco de Portugal admite que seria dramático abrir esse dossiê, colocando-nos ao nível de países que falsearam as suas contas públicas, como a Grécia. O que está em causa é o ano em que terá de ser contabilizado o buraco do BPN e a necessidade de integrar a situação das empresas públicas, como o Eurostat prevê, mas isso não significa que as contas públicas portuguesas tenham sido falseadas, sublinha o banco central. (Expresso. Edição impressa)