por Laura Abreu Cravo, em 19.04.07
Sou Católica, conservadora, advogada, solteira. Com profunda simpatia pelas teorias liberais no que à economia diga respeito. Descrente na humanidade mas com noção da missão terrena de cada um no que respeita à perpetuação da espécie e constituição de família. Nascida no seio de uma família igualmente católica e conservadora mas tendo por referência uma figura materna marcada pela excelência na vida profissional. Não pretendo limitar-me a gerir o vencimento do homem com quem me casar a menos que seja eleita CEO de uma sociedade gestora de patrimónios especialmente constituída para o efeito.
Mais a sério, não creio que, para estes efeitos, a distinção entre a mulher católica e a mulher protestante releve. Ao longo dos tempos as mulheres portuguesas, mesmo católicas, instruíram-se, precavendo-se intelectualmente para o infortúnio. Trabalham e contratam pessoal doméstico especializado. Consomem (e , por isso são, em grande medida, o target por excelência das campanhas publicitárias) já não apenas com o orçamento que o marido lhes despoja no chão da sala (qual pele de mamute recém-esfolado) mas sobretudo com o dinheiro que resulta da sua própria actividade profissional. As mulheres estão em maioria nas escolas e universidades, e continuam a ser católicas, começam a dominar o mercado de trabalho e as igrejas não estão vazias ao domingo.