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Este é o Orçamento necessário ao crescimento

por Francisco Mendes da Silva, em 16.10.11

Quanto mais ouço dizer-se que o Orçamento para 2012 não tem nenhuma medida para o crescimento, que se devia ter mantido - ou mesmo aumentado - o poder de compra de toda a gente para estimular a economia, que se devia era apoiar as empresas exportadoras, e mais isto e mais aquilo, quase que me convenço de que, em vez de termos pedido ajuda financeira externa quando a pedimos, o melhor mesmo teria sido deixar o Estado resvalar para a bancarrota (era só esperar umas poucas semanas, como se sabe). Se num belo dia, aparentemente igual a todos os outros, os funcionários públicos, os pensionistas, os credores e os fornecedores do Estado reparassem que os pagamentos devidos pura e simplesmente não iriam ser feitos, agora não pensavam como pensam. É triste, mas a maior parte das pessoas que trabalham para o Estado não tem a mínima noção de que só permanece empregada e a receber ordenado porque Portugal foi resgatado à beira do precipício. A teoria do moral hazard não serve só para a discussão dos resgates de bancos: como se vê, pouca gente compreende o risco que enfrentamos. Talvez um pequeno choque antes da entrada da Troika nos tivesse feito bem.

 

Manter o nível de vida? Subsidiar as empresas exportadoras? Quem fala assim vive em que mundo? Com que dinheiro acham que se pode fazer isso? Com o nosso é que não será, porque esse não existe. E o dinheiro que nos emprestaram, como é óbvio, serve para sobrevivermos enquanto nos ajustamos ao nível de vida que podemos ter (sim - surpresa, surpresa! - vai haver recessão) e trabalhamos para pagarmos o empréstimo.

 

O Orçamento não tem medidas de crescimento? Errado. O Orçamento é todo ele orientado para o crescimento: só existirá crescimento económico quando houver acesso ao financiamento sem ser a condições ruinosas; só haverá esse acesso quando Portugal recuperar a credibilidade nos mercados; a credibilidade só se recupera se o país provar que é capaz de se disciplinar; Portugal só faz essa prova se cumprir escrupulosamente aquilo a que se comprometeu. E o verdadeiro compromisso não é com um conjunto de medidas, mas sim com uma série de metas orçamentais bem definidas. Se as não cumprirmos, o crescimento económico será um amanhã que canta na boca de alguns fantasistas. Nesta fase inicial do cumprimento do plano, quando ainda não provámos absolutamente nada e não há ainda qualquer alteração significativa nos mecanismos de intervenção do Euro, dizer o contrário é uma completa irresponsabilidade.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De tric a 16.10.2011 às 20:27

"só haverá esse acesso quando Portugal recuperar a credibilidade nos mercados; a credibilidade só se recupera se o país provar que é capaz de se disciplinar; Portugal só faz essa prova se cumprir escrupulosamente aquilo a que se comprometeu."

essa história da credibilidade é fantasia...há um ano, dois anos atrás Portugal tinha a confiança dos mercados e Portugal não estava muito diferente de agora...
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De tric a 16.10.2011 às 20:29

este Governo é da Banca! Dá mau nome à Direita...
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De Carlos a 16.10.2011 às 23:40

vale a pena ler~
http://www.publico.pt/Local/como-e-que-alguns-fazem-em-lisboa-o-que-mais-ninguem-pode-1516787?p=1 (http://www.publico.pt/Local/como-e-que-alguns-fazem-em-lisboa-o-que-mais-ninguem-pode-1516787?p=1)
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De Lisboeiro a 17.10.2011 às 08:53


 Dentro de dias, o 31 da armada fecha para obras,por indecente e má figura.Assim se leva o pais para o caos.A A Europa aceitava de bom grado o Pec 4, para evitar contagios. Já estamos no pec 15 e o problema agrava-se com a recessão.A direita dos meninos do 31 da armada, é mediocre a caminhar para o burro,é isso que a Europa está a dizer,quando reclama inteligência na aplicação da austeridade em Portugal. No 31 tivessem um pouco de pudor, estariam a pedir desculpa pela merda que espalharam quando ligaram a ventoinha do PSD.
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De Algarve a 16.10.2011 às 20:42

Em vez de financiarem os bancos deveriam financiar as pessoas que teem creditos para pagar ao banco.Financiando como estão financiando os bancos só serve para os bancos enriquecerem ainda mais e daqui pouco tempo queixam-se que não teem e voltamos ao inicio.Deveriam fazer uma manifestação a apoiar a causa mas com porrada nos PSP da policia de intervenção(vão mamar na put. que os pariu) e fogo a serio,as que teem feito é uma completa perda de tempo.
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De Carlos a 16.10.2011 às 20:48

A austeridade é necessária e ninguém de bom senso  a coloca em causa, a questão é da equidade das medidas. Argumentar que as medidas necessárias são adoptadas não porque é imprescindível cumprir o acordo da Troika mas porque é necessário prejudicar determinado grupo social (funcionários públicos e pensionistas) é um erro político de palmatória só percebível ou por este governo ser um "governo de classe" (coisa que o PSD nunca deu guarita) ou por fanatismo ideológico.
Aliás, é já óbvio que o PPC cometeu um enorme erro político ao evocar esta argumentação.
Primeiro, porque será relativamente fácil demonstrar que não é verdade o que afirma em termos gerais (intuitivamente todos nós trabalhando no privado ou no público sentimos isso), podendo no entanto se verificar para alguns trabalhadores na base da pirâmide remuneratória, o que poderá dar argumentos para que o Tribunal Constitucional se pronuncie desfavoravelmente;
Segundo porque no público para a esmagadora maioria dos assalariados o salário é a totalidade do recebimento que aufere da entidade patronal ao contrário do privado onde ou os bónus formais são significativos face ao salário (viatura, gasolina, telemóvel, viagens, almoços, prémios etc.) ou são auferidos de forma informal por via da economia paralela. Aliás é óbvio que as empresas têm vantagem contabilísticas em remunerar parte dos seus custos de trabalho fora dos salários.
Terceiro, e o mais importante, PPC ao dizer o que disse põe portugueses contra portugueses desfocando a necessidade de todos enveredarem por um desafio de aumento da produtividade e competitividade do país para se guerrearem em lutas de grupos sociais contra grupos sociais, pode dar-lhe benefícios de curto prazo que aliás duvido, mas a prazo ser-lhe-á fatal. Para um Homem de Estado, estamos falados.
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De WR a 16.10.2011 às 21:47

Eu paguei as minhas dívidas todas, isto é, compras, serviços e impostos. Trabalhei para servir bem os meus patrões. Não pedi dinheiro aos bancos, mas depositei lá os meus salários.


Os nossos políticos contraíram dividas gigantescas, fizeram obras desnecessárias e encheram bem os bolsos de forma ilícita. A banca encheu os bolsos com o apoio dos políticos e continua a encher. A riqueza foi distribuída: muito para os ricos (bancários, bolsistas e políticos) e pouco para os outros.


Como é que o Francisco justifica que eu tenha de encher os bolsos dos mesmos pela segunda vez? Pensa que eu sou uma máquina de fazer dinheiro para os outros? Não será possível responsabilizar de vez em quando, para variar, os verdadeiros responsáveis?
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De montenegro a 16.10.2011 às 22:11


Tanta "basucada", é só peixinhos.

 

Não acerta uma, foi o que mandaram dizer na universidade  de verão
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De WR a 16.10.2011 às 23:16

Ainda bem que posso mandar umas "basucadas". As "basucadas" em sentido figurado devem ser preferíveis a umas "pauladas" em sentido literal.
Não estive em nenhuma universidade de verão. Não falo ao serviço de nenhum partido, nem mando recados por interposta pessoa. Apenas expressei o que penso e fiz algumas perguntas. O senhor não respondeu a nenhuma delas.
Este movimento não é necessariamente infantil e inconsequente. Infantil e inconsequente é o texto escrito pelo Francisco e aparentemente perfilhado por si.
Infantil é o modo de viver de muitos poderosos que brincam com o rumo da vida dos outros sem qualquer preocupação ética.
A história pode ser feita por diálogo, mas também pode ser feita pela violência. O dinheiro não é a única forma de poder e os que se indignam aceitam falar. Os que desesperam partem e matam. É melhor falar antes de partir para a violência. Mas perceba que muitas pessoas estão a desesperar e a perder a paciência para ouvir a argumentação dos advogados de defesa dos mega-assalariados e dos ultra-ricos. É mais seguro para esses "advogados" a adopção de um discurso de defesa mais pedagógico e persuasivo. Nestes momentos o obscurantismo e o dogmatismo nem sempre vingam. A injustiça e a ganância nem sempre são tão fortes como parecem.
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De EXCELENCIA a 16.10.2011 às 23:48


Se está com algum problema financeiro diga que eu arranjo-lhe um bom tacho numa E.M. á sua escolha com um vencimento igual ao de um juiz,viatura de serviço(serviço é o nome mas pode andar,emprestar,vender a peças,etc),combustivel é o que quiser,etc,etc,Só tem que dizer o nome da cidade que está interessado.Não tenha vergonha de aceitar se for do PCP ou BE que o seu chefe tem um tacho dez vezes melhor e não se preocupa nada com isso.Qual é que vai ser a cidade que escolhe?
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De WR a 17.10.2011 às 00:14

Nunca votei em nenhum desses partidos, nem pertenço a nenhum partido. Também não estou interessado no tacho que o senhor me quer dar. Pode ficar com ele todo para si e para os seus amigos.
Mas gostava que me fizesse um favor. Use essa coisa que tem em cima do pescoço e atrás dos olhos. Chama-se cabeça e, em alguns casos, serve para pensar. Se conseguir, pense.


Gostaria de ser reduzido a uma personagem tipo? Gostaria que me dirigisse a si como o lambe-botas de um milionário ou o palermita que defende a liderança do PSD?
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De João. a 17.10.2011 às 04:26

WR, a coisa é simples, o "EXCELÊCIA" ainda não percebeu que é parte da nova "geração cassete" do comentário político em portugal - a música é sempre a mesma, a do moralismo pimba.
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De WR a 17.10.2011 às 10:46

João,


pode explicar-me o que é o "moralismo pimba"? Só para que eu perceba com que olhos me olha...


Encontro na blogosfera muitas cassetes susceptíveis de serem categorizadas numa dialéctica "esquerda vs. direita", "comunismo vs. capitalismo", no seguimento do paradigma político da guerra fria. Essas cassetes já não são paradigma para o presente, porque já não explicam coisa nenhuma. São cassetes de uma época que já pertence ao passado histórico.
Muitas das pessoas que manifestaram indignação não são de esquerda nem de direita, foram até aqui apartidários. Muitas pessoas de esquerda não estão a aderir a este movimento, muitas de direita estão. 
Na Grécia não são os esquerdistas que se manifestam. São os pobres e os desempregados. Nos EUA não são os esquerdistas que se manifestam, são os desempregados (democratas ou republicanos). Manifestou-se também o Warren Buffett, que não está desempregado.
O que é ainda mais significativo do que o próprio movimento é a reacção que está a provocar. Os textos do Francisco Mendes são parte dessa cassete de reacção. Agir, fazer propostas políticas diferentes, não ter a presunçosa opinião ortodoxa é infantilidade, é irresponsabilidade e é fantasia.
Alguns ricos e políticos americanos estão a reagir desta forma a um protesto que se dirige a Wall Street e não à Casa Branca. Estão desesperados! Não sabem o que fazer, nem o que pensar ao ver tantos republicanos a protestar na rua contra o centro financeiro dos EUA.


Por fim, o João considera que também Paul Krugman e António Barreto são "moralistas pimba" quando escrevem respectivamente os seguintes artigos?
http://goo.gl/UUd31
http://goo.gl/1FXkt


Também são irresponsáveis, infantis e fantasistas?
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De WR a 17.10.2011 às 13:56

Ai estes esquerdistas, estes indignados da extrema esquerda:


http://goo.gl/ORXVd
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De João. a 17.10.2011 às 16:57

O moralismo pimba é  a abordagem das relações económicas e sociais sem a mediação de factores objectivos de que resulta uma lógica em que o desacordo político se afunda em julgamentos de carácter.

 A direita hoje em dia resolveu que todo o funcionário público é um parasita, ou seja, não considera o factor objectivo do exercício de uma função que, como tal, deve ser remunerada, nem sequer o factor objectivo do Estado ser uma necessidade se não se quiser cair na barbárie.

Uma coisa são homens representativos, homens que são o rosto de instituições e cujo comportamento se reflecte directamente na instituição que dirigem, outra coisa são os funcionários das instituições que cumprem a sua função social do trabalho nessas instituições como, se possível, as cumpririam noutras instituições.

Pessoas como Krugman e Barreto, que cita, concorde-se ou não, ao menos dão-se ao trabalho de pensar com um mínimo de sistematicidade o que permite que o seu discurso se possa tornar um objecto social. Outros laboram apenas na opinião imediata, na expressão do sentimento imediato sem que este tenha sido mediado por uma (auto) crítica séria.

Você, de facto, encontra na esquerda críticas pessoais, a este ou aquele empresário, muito ao estilo do bloco de esquerda, mas, ainda assim, não encontra a esquerda a dizer que os funcionários do privado são todos exploradores ou fascistas, ou seja, existe à esquerda uma diferença entre o que é um homem representativo, um homem que é o rosto de uma instituição, e o que são as pessoas comuns que lutam pelo seu sustento.

A direita, ao modo de comentadores como o EXCELENCIA, não faz essa diferença e por isso não sai do moralismo - pois que sem diferenciar não há expansão de conteúdo, e sem esta expansão de conteúdo resta-lhes a musiquinha (moralista) de uma nota só. 
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De Dédé a 16.10.2011 às 23:25

Do crescimento do buraco, evidentemente.
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De Herr Frederick a 17.10.2011 às 00:11


Vou propôr à Academia Sueca a atribuição do Prémio Nobel da Economia em 2012 ao ilustre autor deste post.

Portugal pode ter esperança.

Hope, como diria Mr. Obama.
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De paulinho amigo do anakin a 17.10.2011 às 00:41

Sou de todos, mas nao sou de nenhum. Deves ser ca um santinho. Se calhar pertence aos corrompidos, ou melhor ainda aos que corrompem. Nao ha pachorra para estes do ja paguei tudo. Finja que vai obrar e va-se embora.
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De paulinho amigo do anakin a 17.10.2011 às 00:41

Sou de todos, mas nao sou de nenhum. Deves ser ca um santinho. Se calhar pertence aos corrompidos, ou melhor ainda aos que corrompem. Nao ha pachorra para estes do ja paguei tudo. Finja que vai obrar e va-se embora.
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De WR a 17.10.2011 às 13:33

Eu sou dos que paga tudo, agora até estou a pagar o que gasto e aquilo que outros esbanjam. Tu, se és dos que não pagas tudo, então paga o que deves!
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De Ricardo Palma a 17.10.2011 às 01:42

Não discordo do post, mas o Passos não tem, infelizmente, grande capacidade de comunicação, nem carisma para entusiasmar as pessoas e as galvanizar para um grande desígnio nacional, o maior de sempre após a Restauração: recuperar a soberania nacional e não deixar Portugal acabar. O que o estudante de filosofia tinha de sobra (mas que usava mal), falta ao Passos. Ele tem que se atirar para a frente, ser persuasivo de uma forma sincera. E o Portas, que é feito dele?
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De Tabanca de São Bento a 17.10.2011 às 03:12

Grande treinador..
Vá lá explicar as tácticas ao moço de recados ! Bem precisa coitado !
Já agora o das finanças, com aquela carita de quem não consegue arranjar consulta no posto médico.
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De Ricardo Palma a 17.10.2011 às 09:24

Também concordo consigo. Eles coitados não têm grande cara. Não andam a fazer tratamentos de beleza nem andam a arriar-se na Armani.

E quanto a arranjar consulta no médico, mais uma vez o meu socrático amigo tem razão: se fosse o Armando Vara passava à frente e pronto. Tinha logo consulta:

http://www.youtube.com/watch?v=R00io6mmwYY (http://www.youtube.com/watch?v=R00io6mmwYY)
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De Tabanca de São Bento a 17.10.2011 às 03:14

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