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25 de Abril, Sempre!

por Rodrigo Moita de Deus, em 25.04.07

querido Pedro,

 

Hoje – como todos os anos – também eu gostava de ter estado na Avenida da Liberdade a comemorar o 25 de Abril de 1974. Comemoro mais que a data. Comemora a liberdade, a igualdade e a fraternidade que só Abril trouxe ao meu país e à minha família.

 

Gostava de ir para a rua celebrar essa liberdade com o meu avó, mas ele fica sempre dorido nesta altura do ano. Diz que os meses que passou na prisão de caxias não lhe fizeram bem ao reumatismo.

 

A tia Carlota diz que não tem dinheiro para passear ao fim-de-semana desde que lhe nacionalizaram os negócios. “Nacionalização é a redistribuição da riqueza”, explicou-me um dia a minha maezinha enquanto tratava de juntar água à sopa. “O caminho para a verdadeira igualdade!” insistiu. Lá em casa, a igualdade chegou com abril, quando tivemos todos que ficar a dormir nos mesmos quartos com os primos que chegavam de áfrica.

 

O tio Carlos também guarda boas memórias desses dias. Passeou por Lisboa nas traseiras de um camião com uma G3 apontada. Fraternamente não o fuzilaram como prometeram. Infelizmente é raro encontrar o tio Carlos. Foi  para o Brasil e nunca mais voltou. Também não posso contar com o tio augusto que não bate bem da cabeça. Ficou assim desde que foi cercado e atacado no alentejo por proteger a herdade. 

 

O primo Bernardo, este ano, admitiu fazer-me companhia. Diz que só iria, se eu jurasse não contar  a ninguém sobre os seus seis anos de serviço voluntário na guerra e nas medalhas que lá ganhou por feitos heróicos. Tem medo que o chamem de “assassino” outra vez.

 

Gostava de ir à Avenida da Liberdade “para lembrar e ensinar que há momentos – poucos, porém – que merecem ser vividos de forma intensa e nos dão a sensação que todos os sonhos podem ser realidade e todas as promessas podem ser cumpridas”. Infelizmente não tenho é companhia.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De io a 25.04.2007 às 20:25

Li três vezes...
Está sério... lindo.. Obrigada
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De Anónimo a 25.04.2007 às 21:34

Ora bem, obrigado.
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De Nuno Abrantes a 25.04.2007 às 22:33

Rodrigo pá,
estás a ver? Só quando nos toca a nós é que damos verdadeiro valor à liberdade. É o mal de nos centrarmos demasiado no nosso umbigo. Felizmente hoje podemos dizer o que queremos sem nos preocupar em olhar para o lado. Só por isso valeu a pena uns quantos Álvaros Cunhais mais o teu Avô e uma meia dúzia de tios (grande família) terem passado as passinhas do Algarve em Caxias ou no Alentejo…
E comer sopinha aguada nunca fez mal a ninguém. Dizem que forma o carácter…
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De Anónimo a 26.04.2007 às 11:41

A sua saga familiar é de fazer chorar as pedras da calçada da avenida. Ficamos todos muito chocados e também com muita pena que não possa ir à avenida compartilhá-la com muitas pessoas com histórias um bocadito parecidas, embora não tão cruéis, é claro.



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De Anónimo a 19.05.2007 às 22:45

Vão mas é TRABALHAR.

anónimo

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