De Anónimo a 07.12.2011 às 14:43
Caros,
contrariar estas declarações de José Sócrates é primário:
1ª Porque o que ele diz é verdade
2º Este homem:
- mentiu deliberadamente ao país,
- atrasou porpositadamente a ajuda quando era inevitável por mero cálculo eleitoral
- usou de métodos que são vergonhosos para qualquer pessoa decente, quanto mais para um responsável Nacional.
Há 1001 razões para considerar José Sócrates a maior fraude governativa de Portugal; estas declarações não são uma delas.
De João a 07.12.2011 às 15:54
2º Este homem (Passos Coelho):
"- mentiu deliberadamente ao país" - é só ver o vídeo que anda por aí e verificar a diferença entre as afirmações de campanha e as medidas que toma no governo.
"- atrasou porpositadamente a ajuda quando era inevitável por mero cálculo eleitoral" - é o que Passos faz com a colagem às teses alemãs que cada vez mais se mostram contra os interesses nacionais.
"- usou de métodos que são vergonhosos para qualquer pessoa decente, quanto mais para um responsável Nacional." - Como dizer a crianças que era uma tolice as acusações do PS que o PSD queria cortar salários no governo; como dizer que bastava mudar de governo para as taxas de juro da dívida descerem, como fazer tábua rasa disso tudo, dando a entender que a campanha mentirosa que fez é uma virtude na medida em que agora no governo, mesmo sob falsos pressupostos, o país está melhor servido.
Enfim, sugerindo tacitamente que a mentira sendo alforreca-laranja é virtuosa.
De Anónimo a 07.12.2011 às 16:22
João foste maltratado quando eras jovem? Abusaram de ti? Gosta de ser do contra para chamar a atenção?
Senão cala-te de gente como tu estamos saturados!
De João. a 07.12.2011 às 17:34
eh pá... Você enfiou a carapuça à força toda. És tu Passos Coelho?
De Gustavo Santos a 07.12.2011 às 18:18
João,
A sua argumentação é: como todos mentem são todos iguais (isto é, péssimos).
Para mim a mentira (e estou a falar da premeditada e calculista) não tem cor: rosa, laranja ou vermelha.
Eu nem sequer falei remotamente de Passos Coelho; não tenho pressa se o associar rapidamente a uma mentira para poder, de uma forma torcida, desculpar quem eu quereo desculpar.
Falei de José Sócrates alguém que governou com maioria absoluta durante uma legislatura e com maioria relativa em parte de outra.
De João. a 07.12.2011 às 18:34
"como todos mentem são todos iguais (isto é, péssimos)."
Isto não é a minha argumentação. Na verdade a minha argumentação de fundo é que o que muitas vezes se chama mentira é apenas o dia a dia da democracia, aqui e em todo o lado, o que eu fiz foi apresentar a quem mede a democracia pela mentira que nenhum político escapa e que portanto, na realidade, e não no ideal que não existe, se tomarmos a viabilidade da democracia pela sinceridade dos políticos, então esqueçamos a democracia.
Isto em geral. Nos casos concretos, ao contrário, os políticos são penalizados pela mentira, mas são-no enquanto ao mesmo tempo a democracia convive necessariamente com a mentira. É um paradoxo, mas é assim que funciona.
Que se diga que Sócrates atrasou o pedido de ajuda ao FMI por motivos eleitorais diz-se na medida em que se aceita a narrativa do PSD/PP apresentada já em clima eleitoral e portanto no clima menos fiável que há no que respeita ao que dizem os políticos.
Na verdade não saberemos com segurança porque é que Sócrates pediu o FMI quando pediu. A oposição disse que foi por motivos eleitorais embora o pedido de ajuda tenha vindo apenas quando as eleições já eram inevitáveis e não tenha sido pedido durante o mandato regular do PS, um mandato que ainda tinha dois anos e que, portanto, não estava ainda em clima eleitoral.
Veja que eu também posso dizer que Passos Coelho inviabilizou o PEC IV não por interesse nacional mas por interesse pessoal, porque queria eleições, queria aproveitar a fragilidade do governo para o substituir a meio do mandato, para ir ao pote, como ele se referiu. Que Passos Coelho tenha ido já além do PEC IV quando disse que o PEC IV já exigia sacrifícios incompatíveis com os interesses nacionais deixa-me desconfiado.
De Gustavo Santos a 07.12.2011 às 18:40
Eu respondo-lhe porque é que José Sócrates pediu ajuda ao FMI quando o fez: porque Teixeira dos Santos ameaçou demitir-se se não o fizesse.
De João. a 07.12.2011 às 18:50
Bom, é mais uma tese. No caso, no entanto, que aponta para um facto objectivo e não para intenções subjectivas. Apesar de tudo, obriga-me a aceitar a sua palavra como definitiva, uma obrigação, não se ofenda, que por ora declino.
De Gustavo Santos a 07.12.2011 às 19:04
Não me ofendo nada. Quando escrevo não é para convencer ninguém: é para exprimir o que penso e o que sei.
Quanto à mentira, apenas condeno (e de forma veemente) a premeditada e calculista, como referi no meu post.
De João. a 07.12.2011 às 19:20
"Quanto à mentira, apenas condeno (e de forma veemente) a premeditada e calculista, como referi no meu post."
Mas há outra?
De Gustavo Santos a 07.12.2011 às 19:22
Há mais. E são diferentes na motivação e nas consequências.
De João. a 07.12.2011 às 19:27
Há mais, sim. Mas não na política. Não vamos ser ingénuos e pensar que os políticos não calculam praticamente tudo o que dizem publicamente.
De Gustavo Santos a 07.12.2011 às 19:43
Há mais, sim, e dentro da política.
A subjugação do discurso político à mensagem necessária do ponto de vista da comunicação e do marketing é, precisamente, o maior problema da política: afasta os competentes e atrai os actores.
Note que eu não tenho nada contra um político competente que seja bom actor...
De João. a 07.12.2011 às 20:06
Começou o processo de sublimação, curiosamente inaugurado agora em que é a direita que governa, em que o Gustavo se prepara para nos oferecer um mentirómetro que permita avaliar objectivamente quando é que a mentira, por si só, e não por decisão democrática, deve levar à remoção de um político.
A dura realidade, mais uma vez, é que a nossa tolerância à mentira dos governantes aumenta bastante quando somos apoiantes do governo.
Para a oposição o malho, para os nossos filigranas, rendilhados, pesos e medidas de toda a espécie e feitio.
Você ilude-se. A democracia convive bem com a mentira e nós também, embora convivamos melhor uns com uns mentirosos e outros com outros.
Ou seja, tudo depende da mentira a que nos filiamos se é mais à esquerda ou mais à direita.
De Gustavo Santos a 07.12.2011 às 20:23
Vou mais pela questão da competência do que pela via "puritana" da mentira.
Todos mentem? Acredito que sim?
Todos são competentes? Está visto que não.
De João. a 07.12.2011 às 20:40
A competência tem muito que lhe de diga em política. Veja que em certo sentido se pode dizer que Stalin foi muito competente na repressão brutal e terrorista da oposição. Que Salazar foi muito competente em manter-se no poder mais de 3 décadas.
Sócrates, portanto, tem-se como incompetente.
Passos Coelho como competente, mas se a competência de Passos Coelho em aprofundar a redução da despesa se revelar nefasta para o país, o que parece hoje competente amanhã será incompetente.
De Gustavo Santos a 07.12.2011 às 21:27
Concordo com o que diz em relação a Sócrates (tido como incompetente). Em relação a Passos Coelho, ainda não estou convencido que seja o político que precisamos.
De João. a 08.12.2011 às 01:39
O Passos Coelho tenta passar por inimputável - ou seja, tenta laborar num plano inferior ao da competência / incompetência, um plano que, aliás, julgo que lhe cabe como uma luva.
De João. a 07.12.2011 às 18:46
"Isto em geral. Nos casos concretos, ao contrário, os políticos são penalizados pela mentira, mas são-no enquanto ao mesmo tempo a democracia convive necessariamente com a mentira. É um paradoxo, mas é assim que funciona."
Do ponto de vista estrito da mentira acrescentaria ao que citei aqui do meu comentário anterior, que a rotatividade democrática se resume à rotação de mentirosos - isto porque todos mentem. Enfim a democracia renova-se renovando os mentirosos. É por isto que o excessivo moralismo, muito simpático à direita, é não só objectivamente hipócrita como fragiliza a própria democracia-representativa-parlamentar.
Parafraseando o sr. Costa do Banco de Portugal, esta é a dura realidade, por muito que a escondamos ela transborda por todos os lados.
De Beirão a 07.12.2011 às 19:01
Quando daqui a 100 anos aparecer um Prof. Saraiva
fazer a história 'disto' na tv , que havia um salafrário em Dezembro de 2011 que, tendo levado o país à falência por indecente e má figura e depois fugido para França, aqui, um dia, sem pingo de vergonha nas trombas, esse salafrário, sem corar, atreveu-se a declarar que "pagar dívidas é uma ideia de criança. As dívidas dos Estados são eternas. As dívidas gerem-se. Foi assim que eu aprendi."
Daqui a 100 anos, as gerações desse tempo interrogar-se-ão, perante uma tal monstruosidade vomitada por um gajo que esteve oito anos à frente dos destinos de Portugal, como foi possível que "aqueles nossos 'avós' tivesse deixado chegar ao poder um aldrabão incompetente e irresponsável deste jaez? Como foi possível uma coisa destas?!" Porca miséria!
De João. a 08.12.2011 às 01:43
Daqui a cem anos as dívidas púbicas de Portugal, Alemanha, França, EUA, Japão, Finlândia, etc, etc, continuarão a correr como correm hoje - isso se ainda estivermos num sistema capitalista.
Se o sistema for outro, já não sei.