por Henrique Burnay, em 26.04.07
Segundo o Diário Económico de há dois dias, “a Prisa afirma não compreender a razão da polémica em torno da nomeação de dois militantes socialistas, Joaquim Pina Moura e José Lemos, para o conselho de administração da Media Capital. O grupo liderado por Jesús de Polanco dá o exemplo de Francisco Pinto Balsemão, que fundou o PSD e o grupo de comunicação social Impresa. Fontes oficiais da empresa espanhola reagiram, em declarações ao Diário Económico, dizendo: “não entendemos esta polémica”. “Sobretudo tendo em conta que o presidente do nosso maior concorrente em Portugal é o fundador do partido da Oposição e nunca foi dito que a sua independência profissional estivesse comprometida por essa razão”, acrescenta fontes oficiais”. Em Espanha, onde a divergência ideológica é marcante e clara, ninguém se impressiona com o facto de haver órgãos de comunicação social assumidamente de um ou de outro lado. Por cá a tradição é outra. Balsemão não foi para a comunicação social porque tinha passado por um partido, nem fundou um partido só porque tinha um jornal. Tínhamos outra tradição. Mas a tradição vai mudar.
Tanto a Prisa como Pina Moura (voluntariamente ou não) assumem que aquilo é para o que é: uma televisão ligada ao Partido Socialista. Pelo menos assim as coisas são claras. Vitalino Canas e o PS continuam a fingir que não. Acham, provavelmente, que enganam alguém. Talvez se enganem.