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O debate Sarko-Ségo que a TV5 Monde acaba de transmitir foi, antes de mais, a confirmação de uma improbabilidade. A improbabilidade de um candidato, estruturalmente de direita, desenvolver um programa e um discurso vincadamente de direita - e, no que à França diz respeito, uma proposta de ruptura a todos os títulos excepcional - e com isso benficiar de uma votação vitoriosa de proporções históricas.
Goste-se ou não da personagem, concorde-se ou não com as suas ideias, a verdade é que Sarkozy está a fazer o que quase pensávamos impossível na velha e decadente Europa: ganhar eleições com uma retórica que desafia o consenso ideológico politicamente correcto socialista/social-democrata, falando da reforma do estado social, da inevitabilidade do liberalismo, reabilitando noções democráticas de autoridade e não tendo medo do confronto ideológico com a situação soixante-huitard.
A sua (esperada) vitória deveria entusiasmar, não só a direita, mas todos os que gostam da política essencialmente como processo de debate incisivo entre ideias e mundividências opostas.