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Mas não só as organizações que representam os médicos têm culpas no cartório, os próprios médicos são de alguma forma responsáveis. Primeiro, porque votam em quem os representa desta forma. Segundo, porque, durante anos, acharam bem contratar recém-especialistas a €3200 euros/mês (o equivalente a uma subida de 15-20 anos pela tão defendida carreira médica), aproveitaram-se de um regime de ordenados baseado em horas extra-ordinárias (muitas vezes inflacionadas), não denunciaram os contratos dos seus pares que prestavam serviço médico a um preço muito mais caro que o preço da hora extra estipulado, muitas vezes através da constituição de empresas, entre outros pequenos escândalos. Defenderam-se os médicos, não se defendeu o Sistema Nacional de Saúde.
Chegados a este ponto, percebe-se que é necessária uma mudança. Nas redes sociais manifestam-se recém-especialistas e médicos internos (os que ainda estão a tirar a especialidade), porque percebem que o caminho trilhado pelos colegas mais velhos e pelos governos anteriores empurrou-os (-nos) para uma situação de crise que pagarão com salários baixos independente da competência ou qualidade de cada um. São médicos que defendem que o mérito deverá ser critério de desempate, que a progressão salarial deverá ser proporcional à competência individual e da qualidade do serviço, que a forma de reconhecimento deverá passar pela escolha livre do utente. Tudo ideias que continuam a não vir espelhadas nas declarações conjuntas dos sindicatos e da Ordem dos Médicos. Tudo ideias que o governo já defendeu e que parece ter deixado de acreditar. Quem defende estes médicos? joaompinto