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Na casa dos neoconservadores

por Nuno Gouveia, em 30.08.12

 

A Foreign Policy Initiative é um think tank neoconservador, fundado em 2009 por Bill Kristol, Dan Senor e Robert Kagan. Numa iniciativa moderada por Bill Kristol e com Tim Pawlenty, antigo candidato presidencial e governador do Minnesota, agora conselheiro de Mitt Romney, pude verificar a razão para não se falar tanto de política externa nesta campanha. É que, apesar da retórica e de algumas diferenças em relação ao Irão, Israel ou Rússia, os republicanos não apresentam divergências substanciais em relação à Administração Obama. Kristol chegou mesmo a referir que os seus apoiantes de 2008 devem estar desiludidos com a política externa do Presidente.

 

Tim Pawlenty falou sobretudo do que seria a política externa de uma Administração Romney. E o que disse? Em relação ao Irão, que iriam aumentar a pressão e fazer tudo para impedir o regime de Teerão de obter armas nucleares. Aqui a crítica ao Presidente Obama cingiu-se sobretudo à sua posição de não ter apoiado de forma aberta os manifestantes durante a revolução verde e apenas ter endurecido o discurso depois do Irão ter recusado negociações directas. Em relação à Síria, novamente críticas pelos Estados Unidos não estarem a apoiar os revoltosos e de passado mais de um ano de revolta armada nada terem feito para derrubar Bashar Al Assad. Mas não se comprometeu com grandes iniciativas e apenas deu a entender que tentarão, juntamente com a Turquia e aliadas da região, armar os revoltosos.  

 

Em relação à Nato, Pawlenty secundou as críticas que o antigo Secretário da Defesa Robert Gates teceu a alguns parceiros da coligação e disse que era necessário que estes se comprometessem mais com as missões da aliança. Questionado sobre a política de segurança comum europeia, nada acrescentou. Em algo que nos diz directamente respeito, nomeadamente sobre a crise de países como Portugal, Espanha, Grécia ou Irlanda, disse que uma Administração Romney não se iria envolver e deixaria esse problema para a União Europeia, além do seu papel nas instituições internacionals como o FMI e o Banco Mundial. No entanto, não deixou de lançar uma farta ao facto de termos uma união monetária sem união fiscal.

 

Na parte final, e como não poderia deixar de ser, Bill Kristol agradeceu a Tim Pawlenty por este ter liderado o campo republicano nas primárias na defesa dos princípios da política externa que norteiam o Partido Republicano desde Ronald Reagan e de ter contribuído para que o GOP não tivesse cedido à tentação populista de cair no isolacionismo que Ron Paul e Pat Buchanan defendiam para o GOP. Aliás, Tim Pawlenty reafirmou que com Mitt Romney os Estados Unidos devem reforçar a ajuda externa aos países aliados e ao terceiro mundo. No ciclo eleitoral de 2010 muitos foram os candidatos republicanos do Tea Party que defenderam que os EUA deviam assumir uma postura mais isolacionista no mundo. Pelo que depreendi da conversa de hoje, não será assim com Mitt Romney.

 

Não sei que papel estará reservado a Tim Pawlenty, caso Mitt Romney seja eleito. Mas pelo que ouvi hoje, estou certo que muitos presentes naquela sala gostariam que ele fosse nomeado Secretário de Estado. E por falar em política externa, hoje à noite discursa Condoleezza Rice, naquele que se espera o momento alto da convenção sobre política externa.