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Obrigado Charlie Hebdo

por Nuno Gouveia, em 19.09.12

 

A Europa e o mundo ocidental convivem há décadas com a crítica e a sátira à religião. Podem por vezes surgir reacções negativas por parte das diferentes igrejas ou crentes (o que é perfeitamente natural), mas sempre dentro da lógica democrática em que nos inserimos. Uma coisa é criticar e outra bem diferente é reagir com violência. A primeira é legítima e a segunda é inaceitável. Nestes últimos anos têm surgido pressões para nos impor comportamentos diferentes em relação à religião islâmica, pois alguns dos seus crentes tendem a desencadear ondas de violência sem que os sectores moderados o consigam impedir. Para mim estas são sempre boas alturas para no Ocidente se reafirmar um valor essencial à nossa civilização: a liberdade de expressão. Por isso fez muito bem a Charlie Hebdo em publicar esta semana caricaturas do profeta Maomé, precisamente numa altura em que surgem pressões de vários governos, entre os quais o americano, o francês e o alemão, no sentido de tratar o islamismo de forma diferente de outras religiões. Tal como esteve bem a Google em recusar o pedido do governo americano para retirar o tal vídeo patético do YouTube. Se não podemos contar com os governos, pelo menos que a imprensa e as empresas estejam à altura das suas responsabilidades. Como sucedeu nestes dois exemplos.