As saudades que eu tinha deste senhor. Há alguns meses atrás este homem protagonizou um dos melhores momentos televisivos de 2006. E não, não me refiro ao debate do programa Prós e Contras em que Carrilho pegou numa pá a cavou a própria sepultura como os condenados nos filmes de domingo passados no faroeste. Esse, não menos extraordinário, exercício de autoflagelação negligente em público mediado pela igualmente lamentável e estridente Fátima Campos Ferreira não é, nem de perto, comparável à tentativa de homicídio político (à queima roupa) levada a cabo por (quem mais?) Marcelo Rebelo de Sousa aquando das autárquicas.
E quem não se lembra do momento em que o senhor professor, instado a comentar o desempenho de cada um dos candidatos, se refere a Carrilho com a repetido emprego de um adjectivo que, em si, não seria grave não tivesse sido repisado, na sua deliciosa singularidade e autonomia. E, cito de memória, perdoem qualquer (ainda que difícil) inexactidão: "Carrilho é mau, mau, mau, mau, mau, mau, mau, mau, mau, mau. É muito mau, mau, mau, mau, mau, mau."
Marcelo pode ser (ele mesmo) muito mau, mas quando é péssimo, é ainda melhor.
É por essas e por outras que preferia a eternidade no inferno ao lado da candura inepta de Santana Lopes a partilhar a barca do purgatório com o sibilar repelente de Manuel Maria Carrilho.