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Os Bons e os outros

por Pedro Marques Lopes, em 10.09.07

Caro António,

Muito obrigado pelo seu comentário.

Este meu desagrado começou por se relacionar com a desmesurada importância que na minha opinião se está a dar à participação da selecção no mundial de rugby. Depois foi crescendo com uma coisa que me deixa de cabeça perdida que são os assomos de patriotismo tonto que se revelam nos acontecimentos desportivos. Subitamente, aqueles rapazes eram o espelho da pátria ou uma espécie de magriços (não confundir com os de 66) que iam ressuscitar o orgulho pátrio. Nada me poderia parecer mais ridículo.

Para lhe ser completamente franco não consigo vislumbrar mais ou menos patriotismo (seja o que isso for) na selecção de Rugby do que na de Andebol, Vela, Futebol ou Ténis.

Quanto aos estrangeiros, lamento mas não me compreendeu ou não me expliquei bem: nada contra estrangeiros nas nossas selecções. O que me irrita é que existam dois pesos e duas medidas. No futebol, os patriotas de serviço, andam a vociferar contra o Pepe e o Deco como já se sentiram muito incomodados com os brasilerios na selecção de vólei. No Rugby jogam argentinos e não jogam outros estrangeiros por não terem sido autorizados e ninguém se chateia com isso.

Deixe-me acabar dizendo-lhe que não sei o que é isso da garra portuguesa como não sei o que será a russa ou azeri. Se souber diga-me.

Um abraço e mais uma vez obrigado pelo seu comentário


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De anonimo a 10.09.2007 às 22:36

Se vossa excelência não sabe o que é a garra portuguesa então leia o livro "Homens, Espadas e Tomates" escrito por Rainer Daehnhardt www.zefiro.pt )
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De anonimo a 10.09.2007 às 22:39

Não houve outra nação a par da portuguesa que, com tão poucos homens, tivesse escrito páginas tão significativas na evolução da humanidade. Cheia de actos individuais de bravura e heroísmo, demonstrados em situações que desafiam a lógica, surgiram as perguntas de como foi possível e com que armas é que se confrontaram tão escassos números de portugueses contra exércitos, em geral, substancialmente superiores! Esta obra, não só narra uma série de casos extraordinários, como dá acesso ao conhecimento das armas de ambos os lados das contendas. No estudo comparativo do respectivo armamento surgem explicações que nos esclarecem sobre as razões pelas quais certos riscos foram assumidos. No entanto, não se pode simplificar a questão, pensando que a superioridade das armas explica tudo. Sendo verdade, em alguns casos, noutros não o é, ficando a razão principal na qualidade dos homens, na sua fé, coragem e convicção na defesa da sua existência, enfim, da sua identidade portuguesa, então plenamente assumida
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De David Silva a 10.09.2007 às 23:32

Pois, a História é muito bonita... Dirigentes de garra, povo de garra... Mas os atletas de agora (e o povo, de onde saíram) têm a garra que têm os nossos actuais dirigentes.
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De Lourenço França a 11.09.2007 às 00:06

Cruz credo!
Felizmente que os nossos melhores praticantes das modalidades (ditas) amadoras contrariam dia-a-dia tamanha injúria ao povo português. É que dantes, o escol liderava a nação, mas hoje já não é assim. Valham-nos os antigos valores encarnados em novos "guerreiros". Podia enumerar uma vastidão de desportistas que honram com brio o nosso país sem quase nada receber em troca. Mas para isso basta ler as últimas páginas (repito, as últimas) de qualquer um dos três jornais deportivos nacionais (que nem mesmo quando o Nelson Évora fez história em Osaka se dignaram a dar-lhe o relevo da capa - excepção feita ao jornal A Bola; as contratações futebolísticas de dois ou três clubes eram, nesse dia, muito mais importantes...). Vela, Ginástica, Judo, Natação, Canoagem, Triatlo, Atletismo (para falar em algumas modalidades individuais); Voleibol, Basquetebol, Rubgy, Andebol, Hóquei (para as colectivas). Nestes praticantes temos podido ver a "garra" que o David compara aos dos dirigentes? Felizmente que não!
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De Antonio a 11.09.2007 às 10:46

Caro Pedro,

Eu é que lhe agradeço pela sua resposta.
De facto pode ser identificado algum exagero na importância da participação portuguesa no mundial de rugby. Mas se pensarmos nisso, temos sempre um ou outro português nos jogos olímpicos ou mundiais de atletismo, até nos habituámos a ver alguns a ganhar umas medalhas, daí que quando vemos um grupo de semi-amadores a jogar de igual para igual (e essa foi de facto a atitute) com os maiores (e neste caso são MESMO maiores) o normal é gostarmos. É uma espécie de "revival" do Viriato contra os Romanos (perdeu mas é considerado um herói).

Mas ligando a histeria ao mediatismo, não duvido que este existisse se de repente tivéssemos um jogador de ténis presente em Roland Garros, no fundo funciona na linha da novidade (o que se confirma com o que se está a passar com o basket).

O patriotismo é evocado por essa mediatização, porque, felizmente, o patriotismo vende jornais. O patriotismo (seja o que isso for) lembra-nos da tal garra que falei. Uma vontade que não habita o comum e indolente português, mas que quando vê a sua bandeira hasteada por esse mundo fora (à laia dos antigos padrões que marcavam o "nosso" território), volta, ainda que por breves momentos, a acreditar que pode conseguir grandes feitos (sejam eles um novo e melhor emprego ou uma ida à lua). Talvez seja isso a garra que referi, o não ter medo de dar um salto no vazio porque se chega a bom porto. Uma audácia que seduz a sorte.

Concordo consigo, qualquer atleta português, seja qual for a modalidade, pode mostrar tanto patriotismo como o jogador de rugby. Não são mais portugueses que os demais. Mas não é indiferente o facto desses atletas terem demonstrado paixão em campo, coisa que os "amélias" não têm feito.

Quanto aos estrangeiros, não, de facto não compreendi bem esse ponto. Quando disse que os nossos jogadores de basket têm o defeito de não ter nenhum argentino pareceu-me ler aí uma qualquer nota pejorativa sobre a existência de estrangeiros na selecção de rugby, daí ter chamado a atenção para a origem cabo-verdiana do jogador de basket que mais vendeu jornais há um ou dois meses atrás. Mas agora estou perfeitamente esclarecido.

Mais uma vez, muito obrigado pela sua resposta.

Um abraço
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De Vasco Carvalho a 12.09.2007 às 12:29

Caro Pedro,

Acredito que não esteja a par da situação de 90% dos jogadores da Selecção Portuguesa de Rugby, mas passo a explicar-lhe. Como todo o mundo sabe, os Lobos são a primeira selecção amadora a participar num Mundial de Rugby, certo? O que, só por si, já é um feito histórico, uma vez que todos eles trabalham ou estudam, e fazem um esforço gigante para representar o seu país. Só para ter uma ideia, os jogadores do Porto chegam a dormir no carro em bombas de gasolina (sim, bombas de gasolina) para poderem marcar presença nos treinos de selecção (e depois regressar a casa e trabalhar no dia seguinte). O que quase ninguém sabe é que grande parte dos jogadores se despediu dos seus trabalhos (ou pediu licença sem vencimento) para representar o seu país. A minha pergunta é: quem está a fazer mais pelo seu país? O Cristiano Ronaldo, que todos os meses leva para casa 500 mil euros, ou qualquer um dos "Lobos" que vai ter de procurar trabalho quando voltar de França? Isto para não falar da emoção que é para estes amadores representar Portugal (o hino não engana). Em relação ás vitórias que não aparecem, é preciso perceber muito pouco da modalidade para se questionar sobre isso. E nesse caso, sinceramente, mais vale não opinar.

Cumprimentos,

Vasco Carvalho
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De João Oliveira a 12.09.2007 às 15:42

http://aveirolx.blogspot.com/2007/09/basquetebol-e-rguebi-porque-que-esto.html

Neste post respondo a um conjunto de artigos sobre o mesmo assunto que o vários autores levantaram.

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