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Então os plasmas, as consolas e as roupas de marca?

por João Moreira Pinto, em 12.08.11

Dos distúrbios ocorridos em Londres há uma importante lição a tirar. O estado social não se pode limitar a atirar dinheiro aos pobres para comprar a paz social dos ricos. joaompinto

Independência da Madeira

por João Moreira Pinto, em 07.08.11
Ana Sá Lopes assina no i um artigo interessante, onde descreve a coligação PSD/CDS um «casamento de fachada que tem tudo para correr muito mal» e que os familiares da Madeira já se mostram «perturbados» com as liberdades entre o casal.
 
Não é raro na família existir um tio afastado que acha o rapaz ainda garoto para casar. O tio, habituado a viver a expensas do resto da família, por força de um poder que foi alimentando lá na vila, vê o seu estatuto ameaçado pelo novo apelido que se junta à família, cheio de ares de liberdade e rebeldia.
 
Factos são factos. Um dos derrotados nas últimas legislativas foi Alberto João Jardim. Com a eleição dos 24 deputados do CDS, o PSD nacional deixou de precisar dos deputados do PSD Madeira para passar os diplomas na Assembleia. O 104 deputados do PSD nacional mais os do CDS dão uma maioria segura, que faz com que o governo e o primeiro-ministro que o lidera não precise dos 4 votos da Madeira para nada.
 
Esta situação de 'independência da Madeira' pode até ser do agrado de Pedro Passos Coelho. Se quiser dar uma imagem de rigor, o primeiro-ministro terá que se distanciar o mais possível do despesismo do Presidente Regional da Madeira. E não aparecer em Chão da Lagoa em vésperas de eleições regionais é um bom sinal disso. joaompinto

Olimpíadas Parlamentares de Matemática

por João Moreira Pinto, em 06.08.11
 
 
100% (totalidade das chamadas) - 62% (aquelas que demoram 5 segundos) = 38% das chamadas (demoram mais de 5 segundos). Telefonar uma única vez não prova nada, porque essa chamada tem uma probabilidade de 38% de cair no grupo das que demoram mais de 5 segundos. Se queriam testar o tempos de espera, precisavam de uma amostra maior de chamadas, a diferentes horas, em diferentes dias e em diferentes regiões do País. Isto é estatística básica. E deveria fazer parte de um compêndio básico a entregar no início da legislatura. joaompinto

O saco

por João Moreira Pinto, em 10.07.11

 

Não compreendo a onda de contestação contra as agências de rating. Algum Português sente confiança suficiente no Estado para lhe emprestar o seu dinheiro? Alguém acredita que parte do seu salário que deposita a prazo todos os meses nos cofres da segurança social estará lá aquando a reforma? No fundo, a Moody's veio dizer aquilo que a maioria dos portugueses dizem há muito: o bolso do Estado é um saco roto. Se não o é, provem-nos o contrário. joaompinto

Assim espero

por João Moreira Pinto, em 24.06.11

Pedro Passos Coelho passa a viajar em classe económica dentro da Europa. Chegará ao mesmo tempo que chegaria se viajasse em executiva, mas poupa dinheiro aos contribuintes. À esquerda, grita-se demagogia. À direita, pouca dignidade para o cargo.
Eu aplaudo o exemplo. Exemplo para a esquerda que sempre usou a demagogia para gastar mais dinheiro. Exemplo para a direita (ou parte dela), que tende a dar demasiada importância a pormenores bacocos. Os homens não se medem pelos fatos Armani que vestem, pelos concertos no S. Luís a que chegam atrasados, pelas férias de luxo que passam no Quénia.
No essencial, PPC passou a mensagem: o tempo é de poupança e o exemplo virá de cima. joaompinto

Manifesto comunista

por João Moreira Pinto, em 14.05.11

É curioso o único partido de direita em Portugal ter o único programa eleitoral com título de esquerda. Esta aparente contradição reflecte a situação excepcional em que o País se encontra. Quem olhar com seriedade para o que está a acontecer em Portugal percebe que durante a próxima legislatura estaremos constantemente a negociar a soberania da Nação, que o governo socialista colocou no prego.

 

Esta época que atravessamos abre a porta à realização de reformas importantes no País, das quais a que se tem falado mais é a das finanças, por ser a mais urgente, mas deverá ser acompanhada de medidas que permitam a sustentabilidade da saúde, a melhoria da justiça, a recuperação económica, etc. Nestas reformas como noutras, Portugal precisará de tomar decisões rápidas, assertivas, e, por isso, bem estudadas e bem pensadas.  Não adianta, e até prejudica, lançar ideias para o ar e desdizê-las passados poucos dias, como tem feito o PSD. Muito menos adiantará insistir na fórmula gasta que o governo tem usado nos últimos anos e, como mostra a situação das contas públicas portuguesas, não resulta.

 

O CDS tem uma equipa que se foi preparando à medida que a conjuntura económica nacional foi piorando. Estudou as medidas fiscais que Portugal precisa tomar e expô-las de uma forma clara para que todos (da direita à esquerda) percebam que podem confiar nesta equipa. Posto isto, faz sentido que o CDS se apresente aos portugueses como o partido com a equipa mais preparada para enfrentar a crise em que estamos.

 

Ideologias à parte, há que recuperar as finanças do País sem comprometer o crescimento económico, sem retirar o apoio aos mais pobres, sem abdicar de saúde, educação e segurança para todos.  Li o documento e aconselho que o façam também, porque está lá isto tudo. Não é o programa de um partido, é um manifesto para todos os portugueses.

 

(também no Rua Direita)

De bolsos vazios

por João Moreira Pinto, em 14.05.11

O quase-engenheiro José Sócrates repetiu o número da pasta vazia no debate com Louçã. Depois da demonstração circense frente a Portas, o nosso pândego continua alegremente a fazer troça de um País na penúria.

 

Hoje, o CDS lançou oficialmente o seu manifesto eleitoral. Estão lá todas as medidas que o CDS propôs em alternativa ao PEC I, ao PEC II, ao PEC III e ao Orçamento de Estado para 2011. As mesmas sugestões foi repetindo até ao PEC IV. A todas elas o ex-primeiro ministro tapou os ouvidos. Se José Sócrates tivesse guardado algumas delas na dita pasta transparente, talvez não estivéssemos todos de bolsos vazios.

 

(publicado no Rua Direita).

Andamos nisto

por João Moreira Pinto, em 03.03.11

 

De segunda a quinta, o Dr. Manuel Pizarro, secretário de estado do governo PS, impede a nomeação de novo presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo - impasse que dura desde Novembro do ano passado. De sexta a domingo, o Dr. Manuel Pizarro, presidente do PS-Porto, critica o «abandono e desleixo» a que foi vetada a cidade. joaompinto

Mas ninguém se insurge contra este tipo de ameaças? O uso do taser é uma questão controversa, mas defensável: um tiro com arma de fogo só acrescentaria sangue à pocilga em que se tinha transformado aquela cela, e o contacto físico com um tipo que se esfrega na sua própria cáca é de higiene duvidosa. Mas enquanto se discute esta questão paralela, existe um guarda que mostra total incapacidade de insultar e de ameaçar com palavrões à séria.

Sejamos Portugueses

por João Moreira Pinto, em 11.02.11

Adoro o Português da cunha, do desenrasque, do documento pessoal imprimido no emprego, da fotografia fotocopiada à socapa do chefe, das horas perdidas no e-mail pessoal e no facebook. Adoro o Português que passa à frente o familiar, dá 'um jeitinho' ao amigo, desempata a vida ao vizinho. Adoro o Português que quebra as regras de vez em quando, que tenta safar-se a si e ao próximo, não é impoluto sem ser ao mesmo tempo corrupto. É este Português humano que deveríamos adorar e preservar.

 

Em vez disso, idolatramos o homem exemplar, o que não parte um prato, não quebra um regulamento, não abre um processo de pessoa desaparecida se o pedido não fôr feito por um familiar da mesma, não arromba a porta da tia que não dá notícias há 9 anos não vá ser-lhe instaurado um processo, não procura saber o que aconteceu a uma velhinha que deixou de levantar a reforma, pagar a luz, a água e o fisco, ao mesmo tempo, porque não está escrito nas suas funções. Ser Português não é isto.

Pelo direito a não ter deveres!

por João Moreira Pinto, em 10.02.11

Durante a greve dos ferroviários, esta manhã não foram cumpridos os serviços mínimos. Mais que um direito dos restantes cidadãos que pretendiam chegar ao emprego, os serviços mínimos são um dever de quem tem direito à greve e são uma imposição legal que foi decretada previamente pelo Tribunal Arbitral. Segundo noticia a TSF, o sindicato dos ferroviários apoia essa decisão, até porque «até agora nunca conseguiram penalizar qualquer trabalhador pelo facto de não acatarem os serviços mínimos.» Os direitos sem deveres aliados à impunidade. Um reflexo do País.

Amiguismo

por João Moreira Pinto, em 02.02.11

Bernardo Bollen Pinto
President of the Permanent Working Group/European Junior Doctors

Por vezes deparamo com sucessos alheios que muito me orgulham. Vem esta frase a propósito do Bernardo, meu antigo vizinho de prédio, compincha de viagens, faculdade e bebedeiras, companheiro na vida académica e fora dela.

O Bernardo inciou o seu internato médico em Anestesiologia e logo a seguir suspendeu-o para se dedicar ao doutoramento em Londres. É de lá que mantém a sua actividade associativa, na defesa de uma formação médica de excelência, que foi sempre a sua grande paixão. Actulamente, preside ao European Junior Doctors e conseguiu um dos maiores feitos da sua história. Após 35 anos de existência, muito trabalho burocrático e diplomático, o EJD está finalmente registado como organização oficial, e segundo lei belga.

É um líder europeu e é português. Merece que falemos mais dele.

Causas íntimas II

por João Moreira Pinto, em 01.02.11

O governo pretende fazer a quinta alteração ao Decreto-Lei n.º 203/2004, de 18 de Agosto, que regula os internatos médicos. Desde que comecei o meu internato médico em Janeiro de 2005, por quatro vezes o Estado alterou as regras do jogo. Só se dá a este luxo quem tem o monopólio sobre a formação dos médicos (do pré-graduado à conclusão da especialidade). Só se sujeita a estes desvarios autoritários quem tem como única alternativa emigrar.

Causas íntimas I

por João Moreira Pinto, em 01.02.11

Qualquer médico que pretenda exercer a sua profissão autonomamente em Portugal, para além da licenciatura em Medicina, necessita ter dois anos de exercício tutelado (isto é, precisa frequentar o chamado internato médico, pelo menos durante os primeiros dois anos). Em Portugal, o Estado tem a tutela exclusiva deste mesmo internato médico. Mesmo após a Ordem dos Médicos ter reconhecido capacidade formativa a vários estabelecimentos privados, só os hospitais públicos podem dar formação. Sendo assim, qualquer licenciado em Medicina que queira exercer a sua profissão ou ingressar numa especialidade tem que se sujeitar aos mandos e desmandos do Estado, seja em relação à remuneração, ao concurso de acesso às especialidades, ao horário de trabalho, etc.

 

Agora, o governo pretende obrigar todos os médicos que acabem o seu internato, podendo este demorar 4 a 6 anos, a trabalhar por igual número de anos para o Sistema Nacional de Saúde (no serviço onde foi dada a formação ou noutro qualquer). De uma forma 'democrática' o Estado dá duas opções aos jovens médicos: 12 anos no SNS a receber o que entendermos dar-lhe ou emigre!

Sempre a mesma cara e o seu reverso

por João Moreira Pinto, em 29.01.11

 

Sócrates dixit: «os Portugueses optaram pela estabilidade política». Uma estabilidade que lhe interessava e sempre vira personificada na figura de Cavaco Silva.

Claro que o Primeiro-Ministro andou a tentar convencer os Portugueses do contrário. Ao lado de Alegre pedia aos Portugueses que votassem no poeta, na instabilidade, no discurso lunático do Bloco de Esquerda. Ao lado de Alegre punha aquela cara de confiança na vitória. A mesma cara que coloca cada vez que fala aos Portugueses do progresso, da inovação ecoverdejante, das saídas para a crise que estão sempre ali ao virar da esquina. A mesma cara com que, de mão dada a Alegre, olhava vitorioso para o abismo onde só um dos dois mergulharia.

Será a mesma cara cínica que os Portugueses verão quando estiverem no fundo do poço. joaompinto

 

 

O Bom Funcionário

por João Moreira Pinto, em 27.01.11

Durante a campanha, sempre se falou que a abstenção prejudicaria a eleição na primeira volta de Cavaco Silva. No dia das eleições, alguém no Ministério da Administração Interna achou que a ordem era para cumprir. Porque raio havia de ser demitido?

Pessoa

por João Moreira Pinto, em 19.12.10

A Prof. Maria do Carmo Fonseca, com quem tenho tido o privilégio de contactar profissionalmente nos últimos tempos é, antes de mais, boa pessoa. Merece para si o prémio, mas resolveu usar os 60 mil euros no Intituto de Medicina Molecular, instituição que representa. Quantos políticos dispensariam o seu carro de serviço com o mesmo propósito? Como diz a Ana Vidal, grande chapelada.

joaompinto

Eleições presidenciais (II)

por João Moreira Pinto, em 19.12.10

Tenho gostado do discurso semi-presidencialista de Francisco Lopes. FL é partidário, diz que quer influenciar e intervir enquanto Pesidente da República, critica este, apoia aquele, diz que quer ser PR para lutar pelos trabalhadores, pelo povo. Mas foi pena FL ter escolhido o lado errado da barricada.

Passo a explicar. Enquanto FL defende os trabalhadores não o sendo; eu, sendo um, preferiria não sê-lo. Sou incapaz de votar em alguém que vive à custa da existência de mais trabalhadores e de mais povo, enquanto eu, e este povo, trabalha para deixar de fazer parte dele.

 joaompinto

Eleições presidenciais (I)

por João Moreira Pinto, em 19.12.10

Lá tropecei nalguns debates dos presidenciáveis. Invariavelmente, a discussão vai dar ao papel do Presidente da República. Todos reconhecem que governar é papel do Governo. Todos concordam que legislar cabe à Assembleia da República. De uma forma ou de outra, e com a excepção de Francisco Lopes, os candidatos diminuem o papel do PR ao de representante do regime, acima das quezílias partidárias e atento ao rigoroso cumprimento da Constituição. Se procuram apenas um bom pai de família para secretariar os juízes do Tribunal Constitucional, basta abrir concurso público para o cargo. Poupava-se na campanha. Poupavam-nos aos debates.

joaompinto

Qual telenovela,

por João Moreira Pinto, em 22.10.10

... uma manhã chegou para ver que não tenho perdido nada nos últimos dias. Passos diz que não dá o braço a José. As alcoviteiras juntam-se na praça para juntar o par desavindo. Santos traz e leva recados de entendimento. Passos diz que até não se importa, mas José talvez já não lhe interesse.

 

Neste namoro entre PS e o PSD, o primeiro deita Portugal a perder e o segundo sabe que, independentemente do resultado, já perdeu. De PEC em PEC, o PSD foi dando as condições ao governo para se manter à tona. Como não pode convocar novas eleições tão cedo, não tem alternativa á viabilização do Orçamento de Estado. Se o reprovarem, ficarão com o ónus da instabilidade política e económica do País. Se o viabilizarem, ficarão para sempre ligados às novas medidas de austeridade, que os Portugueses dificilmente lhe perdoarão.

 

José sabe que traz Passos pelo beicinho. Juntos vão enterrar Portugal. joaompinto