Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
As trapalhadas que envolvem a Caixa Geral de Depósitos, António Costa e António Domingues já ultrapassaram todos os limites da decência. Todas as semanas temos conhecido novos pormenores desta história, que envergonham qualquer pessoa de bem e denotam a ligeireza e incompetência com que o Governo tem lidado com a CGD. Mas neste momento preferia não me focar nas mentiras descaradas de Costa, de Centeno ou de Domingues, na urgência da recapitalização que afinal não o era ou ainda sobre as garantias que receberam ou não os novos administradores da CGD sobre as declarações de rendimentos.
Concentro-me nas declarações do ainda Presidente da CGD sobre Pedro Passos Coelho no passado mês de Outubro. Numa entrevista dada pelo líder do PSD ao jornal Público, o antigo Primeiro-ministro afirmou que António Domingues, enquanto Administrador do BPI, ou seja, um banco concorrente da CGD, tinha estado envolvido no processo de reestruturação da CGD e que tinha tido acesso a informação privilegiada sem qualquer responsabilidade formal sobre a CGD. Nessa altura, o incompetente Presidente da CGD escolhido por Costa, entrando no campo de debate político (provavelmente instruído por alguém do Governo), negou as palavras de Passos Coelho e acusou-o de mentir. Qualquer pessoa de boa fé percebia quem falava a verdade. Mas o aparelho mediático, como quase sempre tem feito, protegeu o governo, com a cobertura de altos quadros da República, a começar pelo seu topo.
Hoje foi confirmado pela Comissão Europeia aquilo que sempre soubemos: António Domingues mentiu descaradamente quando negou não ter tido acesso a informação privilegiada durante o processo de recapitalização da CGD. A grande questão é se António Domingues vai continuar a ser protegido pelo governo que o nomeou. Num país sério e responsável, há muito tinha sido afastado. Mas neste país governado por António Costa, até pode continuar em funções. Mas ninguém poderá dizer que isto não é uma república das bananas.