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Este é o Nuno. Ele gosta de geatina de morango (?!)
Que as crónicas do P3 são fraquinhas, já toda a gente sabe. Que as crónicas do P3 são pouco lidas, já toda a gente sabe. É o que dá andar a tratar toda a gente por tu. No entanto, vai na volta e costuma aparecer um texto que de tão mau, torna-se viral.
É o caso da crónica de Nuno Abrantes Ferreira que nasceu nos anos 80 e gosta de gelatina de morango (?!).
Intitulada "O sonho não comanda coisíssima nenhuma, a crónica do Nuno tem um objectivo: fazer a apologia da meritocracia enquanto que tenta limitar as expectativas de uma geração que não a dele (a dos anos 90, suponho). A geração dos anos 90 parece que tem direitos adquiridos e acha que merece imensa coisa. Defende o Nuno que os miúdos de hoje em dia, saídos das faculdades, não merecem ter o que querem ter. É impensável que um recém-licenciado queira trabalhar na área onde se formou. É impensável alguém que não seja da geração do Nuno tenha aspirações elevadas.
O Nuno fala-nos da sua empregada Deolinda que depois de lhe limpar a casa, agradece por ter a oportunidade de limpar a casa. Que coisa bonita. O Nuno, que imagino ser uma jóia de pessoa e principalmente de patrão, aceita o agradecimento da Deolinda como quem acabou de salvar uma camioneta de crianças à beira do precipício. Diga-se de passagem que o Nuno nunca salvaria uma camioneta de jovens recém-licenciados: para ele, que gosta de gelatina de morango (?!), os jovem que saíram da faculdade não devem ter expectativas tão altas. O Nuno é assim, um tipo impecável mas de coração fechado. Ele gosta muito das pessoas, só não sabe é mostrar. A rudeza das letras que ele escreve é amor disfarçado de murros.
Nuno conclui este belo tratado com A Deolinda nunca terminou o ensino secundário. Mas é mais inteligente, esperta e feliz que uma carrada de jovens amestrados deste país. E o leitor questiona-se: Ora, como é que o autor Nuno sabe que Deolinda é, de facto, tão inteligente, tão esperta e sobretudo tão feliz?
É simples: lendo o primeiro paragrafo, sabemos que Deolinda desistiu dos seus sonhos. Tem 42 anos e quando era jovem sonhava ser fadista. Ainda chegou a cantar em casas de fado, mas nunca conseguiu viver das cantorias. E um dia teve de deixar cair o xaile, desistir dos sonhos de menina e pegar num espanador para limpar o pó dos outros. E ainda bem! Porque se ela fosse fadista, quem é que hoje me limpava a casa e me engomava as camisas?!
Qual é a tese desta crónica? Desistir dos sonhos é a melhor maneira para ser feliz. Ou isso ou engomar as camisas do Nuno. Enfim, quanto a vocês não sei mas eu, recém-licenciado, vou procurar uma casa que precise de um empregado doméstico