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Fala-se muito nesta altura das praxes académicas. Uns destacam as práticas des- e sub-humanas a que os... bichos (precisamente), ie os (pré-)caloiros, são frequentemente submetidos ao entrar na Faculdade, criticando alguma complacência das instituições ou até recomendando a sua abolição. Os outros destacam a necessidade de integração e a propensão natural da juventude para o divertimento como argumentos para a sua continuidade.
Algo que é sistematicamente ignorado nessas discussões é a influência das praxes no rendimento académico dos novos alunos. Não disponho de dados para desenvolver uma tese consistente, mas por experiência vejo que em alguns casos os alunos começam a sua experiência universitária com um foco errado. Se é verdade que ao entrar na Faculdade é bom que os alunos percebam que a vida universitária não se pode resumir apenas ao estudo, por outro lado a ênfase que as praxes dão à diversão, leva a que muitos só realmente comecem a olhar a sério para os estudos ali em Outubro ou Novembro. Sim, que muitas vezes as actividades de praxe prolongam-se por semanas e semanas a fio, seguidas dos arraiais e outras actividades sociais que pouco mais fazem que proporcionar a destruição dos neurónios. Entretanto os testes e frequências já começaram, inúmeras aulas se perderam e quando esses alunos dão por si... já estão a contemplar uma época de exames e um final de semestre em que será inevitável deixar várias cadeiras por fazer..., situação que constituirá uma verdadeira pedra no sapato académica, com as cadeiras atrasadas constantemente a afectar a vivência dum plano de estudos equilibrado, muitas vezes durante anos. Tentar fazer 6 ou 7 cadeiras com um horário semanal descoordenado é completamente diferente de fazer as habituais 5 disciplinas, com um horário harmonizado, horário que inerentemente deverá permitir aos alunos terem os seus sãos e necessários momentos semanais de escape e diversão.
Podem os perigos aqui mencionados suceder a quaisquer alunos universitários, quer se submetam quer recusem as praxes? Claro que sim. Mas penso que há uma reflexão, um estudo a fazer relacionado com as praxes. Da forma como estão muitas vezes organizadas, as praxes académicas estão a enviar a mensagem académica errada às novas gerações de..., precisamente, estudantes.