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Da série O dinheiro não tem cor

por Augusto Moita de Deus, em 10.04.20

Eu normalmente não comento política per se aqui no 31. Deixo isso para quem sabe. Mas isto agora é mais um exercício acerca do comportamento humano do que outra coisa. Vejamos:

- o ministro holandês das finanças estava a vetar o tal pacote do eurogrupo, porque não queria pagar o déficit anterior da Espanha e Itália e Grécia e Portugal, países baixos em prestígio orçamental;

- mas a pressão aumentou, pois sem aquele dinheiro, sem aquela liquidez, a coisa seria muito complicada para todos os países; e até para a Alemanha; sim, que se não existir dinheiro para comprar, a Alemanha deixa de vender, e isso tudo seria mau, repito, para todos;

- mas agora a Holanda, ou melhor, os Países Baixos e o seu ministro das finanças tinha que salvar a face;

- então o acordo diz que a linha de crédito só pode ser usada para itens directamente ligados ao coronavirus;

- todos concordam;

- todos concordam porque em vez de usar (e tomem-se os valores seguintes apenas para efeitos de argumento) digamos que 1000 milhões do fundo de resgate em reforço nos sistemas de saúde e 500 milhões em medidas de base económica (incluindo layoffs, salvar transportadoras aéreas etc), o que farão é riscar 500 milhões do orçamento nacional da saúde, e pedir 1500 milhões ao fundo de resgate para o reforço da saúde, e depois os tais 500 milhões para a economia que estariam no pacote europeu, são substituidos no item da saúde do orçamento de estado.

É mais ou menos isto, certo?