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o país que não tinha likes

por Alexandre Borges, em 06.10.15

Sempre pensei que o que distinguia a direita e a esquerda em Portugal era o realismo. Mas pensei mal. É o realismo e o tom de voz. A esquerda fala muito e fala alto; a direita fala pouco ou não se ouve. A esquerda está sempre aí em fóruns e comícios e greves e manifestações e t-shirts e revoluções de facebook; a direita faz-se de morta. O partido com assento parlamentar mais à direita define-se como “centrista”; o maior partido de direita diz-se “social-democrata”, nome que o socialismo se deu quando decidiu que, afinal, nem todos os socialistas queriam construir o caminho para a sociedade comunista (Sá Carneiro, aliás, bem tentou filiar o PSD na Internacional Socialista; Soares é que não deixou). A esquerda bate no peito com orgulho; a direita age como uma minoria clandestina que combina sinais secretos para se reconhecer na rua. E, no entanto, em 41 anos de democracia, a direita governou 20. E há-de governar pelo menos mais um, ou quatro. Soares é a eterna figura da democracia. E, no entanto, entre a liderança do Governo e a Presidência da República, esteve 14 anos no poder, acabando pulverizado nas urnas por Cavaco, que completa agora 20 anos de poder, entre os mesmos lugares em São Bento e Belém.

Falando muito e alto, a esquerda convenceu-se de que a direita ia ter uma derrota histórica. Que o PS voltava ao poder, que a CDU capitalizaria a revolta dos trabalhadores, Marinho e Pinto a dos descontentes com os partidos, que o Parlamento ia ser inundado por um sem-fim de “plataformas” e “movimentos cidadãos”, com o Livre à frente de todos. Só para o Bloco não se augurou grande futuro, provavelmente destinado à implosão, sem honra nem glória, depois de habitado e abandonado por todos.

Afinal, foi-se a ver e as eleições funcionavam com a fórmula “1 eleitor = 1 voto” e não “1 amigo = 1 like” ou por um qualquer sistema de medição tonal (fosse assim e Heloísa Apolónia teria um reinado só talvez comparável ao de João Jardim).

Ao que parece, havia um país para lá das fronteiras Cais do Sodré – Príncipe Real. Ao que parece, por mais amigos que tenhamos, há sempre uns 10 milhões de portugueses com quem nunca falámos.

Esse Portugal, o único que existe, castigou a coligação PSD / CDS pelo sofrimento que o fez passar e pelas promessas que não cumpriu, dando-lhe menos 700 mil votos e assim lhe retirando a maioria absoluta. Mas confiou-lhe novamente o governo, porque não confundiu quem lidou com o problema com quem o provocou. Porque não se esqueceu de que foi o governo Sócrates que nos atirou direitinhos para a troika. Porque a troika nem sequer era o problema; a troika era a solução desesperada; o problema era termos chegado ao ponto de, em dois meses, já não ter sequer dinheiro para pagar salários e pensões (ministro das Finanças de então dixit) e já ninguém nos emprestar mais ou só o fazer a juros de 8, 9, 10 e até 11%. Porque reconheceu que, apesar dos percalços, Passos fez o que tinha de fazer, mesmo arcando com o odioso de todas as questões. Porque não viu o PS de Costa explicar ao certo que diabo ia fazer assim de tão diferente do de Sócrates. Porque viu o que se passou em França e Itália e, sobretudo, na Grécia. Que, um a um, todos os que se gabavam de ter soluções diferentes, fizeram tudo que antes criticavam assim que chegaram ao governo. Porque não acreditou que isto era mesmo porreiro era se voltássemos ao escudo. Que isto ia lá era voltando ao “orgulhosamente sós” agora em versão comunista. Porque percebeu que a triste realidade é que devemos muito dinheiro a muita gente, e que, se decidirmos não pagar parte dele, o credor é capaz de não nos emprestar mais, chame-se Merkel ou Zé Manel. Sobretudo quando quem sugeria ideia tão peregrina não tinha uma palavra sobre como tencionava pôr o país a sustentar-se e ainda baixar impostos e distribuir aumentos sem precisar de ir pedir outra vez ao Zé Manel.

Esse único Portugal que existe foi também aquele onde uma deputada de um pequeno partido pôde afrontar olhos nos olhos o homem de quem se dizia ser dono disto tudo. E esse único Portugal decidiu premiar o partido dela e de uma líder/porta-voz/escolha-o-seu-eufemismo que se mostrou sólida e consistente num mês de debates e entrevistas. Sim, porque, afinal, esse único Portugal vê televisão e consome informação para lá dos reality-shows e das galas da Cristina.

Esse Portugal não foi na conversa oportunista dos Marinhos e Pintos desta vida. Na morte aos traidores do Garcia Pereira. Esse Portugal podia não ter nada contra a nudez da Joana Amaral Dias, mas, provavelmente, teria apreciado conhecer mais uma ou outra ideia do Agir. Esse Portugal ainda há-de estar para perceber que raio passou pela cabeça de Rui Tavares quando, às nove e tal da noite, irrompeu nas televisões com o coração quase a saltar-lhe pela boca, oferecendo-se para unir um governo das esquerdas – e, afinal, ao fim da noite, era apenas o líder do oitavo partido mais votado, atrás de Marinho e Pinto e do PCTP-MRPP-poramordedeus, com 0,7% dos votos, que é como quem diz, mais 0,2 do que o PNR. Esse Portugal decidiu ainda eleger um deputado do PAN, que falava pouco e baixinho (se calhar, tem qualquer coisa de direita), porque tinha uma causa clara, uma causa que uma pessoa às vezes até se esquece que devia ser defendida pelos Verdes (é dar-lhes tempo. Ainda só tiveram 33 anos).

Ou seja, no fim do dia, esse único Portugal que existe foi realista, sensato, moderado e bem mais atento do que, porventura, se poderia alvitrar. Confiou, de novo, o governo aos partidos que o tiraram do fundo para onde se preparava para esborrachar espectacularmente, mas decidiu que, desta vez, vão ter de se entender com, pelo menos, parte dos outros.

Nas tão representativas redes sociais, esse país foi, nos últimos dias, catalogado de burro, estúpido, atrasado mental. Isto assim de memória. Masoquista, apaixonado pelo verdugo, fazia vergonha. Agora é que é, escreveram uns quantos, vou-me embora, agarrem-me, senão eu vou, ai vou, vou, ó para mim a ir. Um cavalheiro – que, para o caso, vale o que vale (como se diz nestas coisas), até está longe de ser um anónimo – fez mesmo questão de pedir, em nome do “respeito pela opinião de merda alheia”, que quem votasse PaF o “desamigasse” porque “não tolerava sequer respirar o mesmo ar”. Demorei um nano-segundo a fazer-lhe a vontade, mas já me arrependi. Foi demasiada boa educação da minha parte.

Aos que assim escreveram e não conheço, recomendo, vivamente, que façam um favor a si mesmos e se ponham a andar. A sério. Vão em busca desse país e dessa civilização superior que vos compreenda e que, não sei como, ainda não vos descobriu. Penso que, se não tivessem a cabeça tão cheia de superioridade moral e intelectual, teriam espaço para compreender o país, o mundo, o tempo e, quem sabe, respeitar outras opiniões e pôr a hipótese de a democracia, a liberdade e o direito serem o resultado do respeito e da cedência mútuos entre seres humanos e não a imposição da vossa opinião. Mas talvez eu esteja errado. E haja por aí um mundo diferente à vossa espera. É procurar. Ouvi dizer que, em Marte, há água. Sabe-se lá se, um dia destes, não encontram lá gin.

Aos outros, que são bons amigos, gente inteligente, humanista e toda ela, julgo, crendo-se de esquerda, não me lixem. Vocês são melhores do que isso. Eu sei que hoje parece que nunca ninguém votou nele, mas eu lembro-me que alguns de vocês votaram em Sócrates em 2005. E eu não vos chamei de burros. Alguns de vocês até voltaram a votar em Sócrates em 2009. E eu não vos chamei de burros. Alguns de vocês votaram ainda uma terceira vez em Sócrates em 2011!! E eu, ah, caramba, mordi-me todo, mas nem aí vos chamei de burros. Outros votaram hoje em Costa, ou no Bloco, ou no Livre, em quem quiseram, e fizeram muito bem. Mas não me falem de uma coligação de governo de esquerdas. Umas esquerdas que não se entendem num partido e que criam novos “blocos” e “plataformas” e “movimentos cidadãos” de cada vez que discutem ao almoço, mas que agora, por milagre, se iam entender para governar um país. Não falem em nome do povo como se o povo vos pertencesse e quando, na verdade, 68%, 90%, ou mesmo 99,3% do eleitorado não vos mandatou para coisa nenhuma. E, sobretudo, não falem em nome do povo para depois o chamarem de burro.

Mais do que nunca, isto só vai lá com diálogo, tolerância, respeito, inteligência. E, já agora, algum amor à pátria. Este país somos nós, com todos os nossos defeitos e virtudes. E vai para onde o levarmos. Façam-me a vontade e eu prometo, desde já, nunca me candidatar a coisa nenhuma.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De Pereira Brava a 06.10.2015 às 12:19

Salvo opinião mais autorizada não foi soares que impediu o PPD de se filiar no socialismo.
Foi Sá Carneiro que se adiantou, mudou o nome de Partido Popular Democrata, para PSD (Partido Social Democrata) pois o Bochechas preparava-se para alterar a sigla "ps" para "psd".
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De Zé Povinho a 06.10.2015 às 12:38

Claro que concordo com muita coisa que escreve. Mas também discordo de muitas outras-
Não vou enumerar
A esquerda portuguesa é uma esquerda teórica e mentirosa
Veja-se:
mário soares. Não é esquerda? não me diga para mim até é o paradigma da esquerda portuguesa
Augusto santos silva. Não é esquerda? não me diga que um trauliterio daquele calibre não preenche os requisitos.
Sócrates. Não é esquerda? Não me diga que um corrupto daqueles também não preenche os requisitos
Carrilho. Não é de esquerda? Mas então o que é que lhe falta, bater na mãe?
Ana Gomes. Não é canhota? Faz tudo à mão?
Manel Gay. Não é de esquerda? Mas canta tão bem?
O Mãozinhas. Não é de esquerda? Aceito fanou os gravadores com a mão direita.

Como vê estou de acordo com muitas coisas.
Só não estou de acordo porque não chegou a perceber que o actual governo sacrificou os portugueses para encaminhar o país para longe da bancarrota e mesmo assim não chegou à maioria absoluta


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De Vasco a 06.10.2015 às 12:40

Meu caro, Ainda na sexta feira tive que levar com eles, fiz dois posts os únicos sobre politica.

Insultaram-me pois diziam que devia colocar posts a favor da esquerda.
Que o que eu defendo não pode ser feito, porque aqui não funciona.
Que o BPN é culpa do PSD, quando foi o BE e o PS a privatizar.
Que só falo dos corruptos do PS.
Que a escola pública tem qualidade, que a saúde pública é que é boa!

Haja paciencia
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De Isa a 06.10.2015 às 14:40

não sei se vcs lêem os comentários, mas não posso deixar de comentar. Toma lá um beijo, Alexandre, melhor texto que li sobre as eleições e as reações às mesmas. Parabéns. Roubei.
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De in memoriam a 06.10.2015 às 15:39

"Mas confiou-lhe novamente o governo, porque não confundiu quem lidou com o problema com quem o provocou. Porque não se esqueceu de que foi o governo Sócrates que nos atirou direitinhos para a troika. Porque a troika nem sequer era o problema; a troika era a solução desesperada; o problema era termos chegado ao ponto de, em dois meses, já não ter sequer dinheiro para pagar salários e pensões (ministro das Finanças de então dixit) e já ninguém nos emprestar mais ou só o fazer a juros de 8, 9, 10 e até 11%. Porque reconheceu que, apesar dos percalços, Passos fez o que tinha de fazer, mesmo arcando com o odioso de todas as questões."

Perdoe-me a franqueza, mas não acredito que o Alexandre acredite nas suas palavras que supra citei. Retiremos todos os "sócrates" da equação. Não seria intelectualmente mais honesto recuar ao reaganismo, thaetcherismo, à bondade da auto regulação dos mercados, ao lehman brothers, "madoffs", hiperliberalismos e demonização do Estado (...) para melhor compreender o vendaval que percorreu toda a Europa e conduziu Portugal onde sabemos?
"Passos fez o que tinha que fazer"!!! Não haveria outras formas de o "fazer"?
Acredito que sim. Há sempre outras formas de"fazer"...às vezes mais difíceis...às vezes porque tocam onde não convém tocar...
Quanto aos "burros" - adjectivação disparatada e desesperada de alguns - o que me preocupa, como português e patriota são os caminhos do analfabetismo funcional e da iliteracia que vamos percorrendo e semeando alegremente (não sei se já deu uma vista de olhos ao "Censos 2011")!
Sinceros cumprimentos!
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De Gomez a 06.10.2015 às 22:14

Oh in
Parece que não sabe em que País vive??!!

O que tem a haver a iliteracia com a falta de dinheiro, o estado depauperado (a falta de capacidade para se importar alimentos) para se comer algo?

Nao se lembra das palavras do seu (?) querido líder Sócrates ditas em Paris que as dívidas são para se irem fazendo e pagando (quando calhasse)??

Numa altura de crise europeia e mundial o nossos credores querem é receber o seu!!

Deve estar esquecido!!!!!!!!!!!!!! Saúde


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De Rui Rodrigues a 06.10.2015 às 15:58

Parabéns pelo seu texto. Até me arrepiei com a convergência do que sentimos sobre o assunto. A diabolização da direita e endeusamento da esquerda, achar que a esquerda é solidária, humana e tem o exclusivo dos valores positivos deixando à direita os defeitos e a obscuridade é algo que passou muito bem no seu texto. Eu estive indeciso até ao último dia porque votando na PAF estaria a votar sem brilho, sem ãnimo, no menos mau. Mas votar em outra força que mostra pouco rigor, promete chuva no nabal e sol na eira, que promete orgias de direitos e austeridade de deveres, dar-me-ia uma azia certa.
Grato pela forma como expôs. Foi um prazer lê-lo.
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De Alexandre Borges a 06.10.2015 às 16:34

Obrigado a todos pelos comentários (sim, Isa. Lemo-los. Muito obrigado pelas tuas palavras). Todos fazem observações pertinentes e que mereceriam maior atenção. Por razão de tempo, comento apenas estas, muito brevemente:
-Pereira Brava, creio que a questão do nome "PSD" é como a conto. Pinto Balsemão já o disse em várias entrevistas. A intenção era que se chamasse "PSD" desde o início, mas, naqueles dias pós--revolucionários, apareciam partidos de 5 em 5 minutos, nem que apenas grafitados na parede - e, entre eles, havia já dois "PSDs" ou similares. Numa conversa por telefone entre Porto e Lisboa, apareceu a alternativa: PPD, sugerida pelo poeta Ruben A.. Tempos depois, quando a poeira assentou e ficou claro que as ditas siglas dos murais não passavam disso mesmo, recuperou-se o "PSD".
- In memoriam, acredito, sem dúvida, nessas palavras. Toda a Europa foi afectada pela crise, mas nem toda foi intervencionada e, da que foi, nem toda foi da mesma maneira. Portugal é uma economia frágil que foi conduzida por um louco no período mais perigoso da História recente. Agora, se Passos podia ter feito coisas de forma diferente? Sem dúvida. Defendo apenas que nunca poderia ter sido muito diferente. E, seguramente, nunca poderia ter sido fácil ou sem sacrifício.
- Rui, obrigado. Concordo inteiramente consigo. Mesmo quando nenhuma opção nos empolga, votemos ao menos na que achemos menos má. Nada me parece mais preocupante do que a negligência com que, a pouco e pouco, todas as sociedades democráticas vão tratando a política, as eleições, enfim, a própria democracia.
Um abraço.
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De in memoriam a 06.10.2015 às 17:29

Agradeço a sua resposta e consideração.
Não quis alongar o meu comentário para não maçar desnecessariamente. Vejo que não fui suficientemente explicito. Os argumentos ad hominem (falaciosos por definição) impedem-nos, muitas vezes, de ver a raiz e origem das crises. O que desejava problematizar era o seguinte:
- Não chegámos onde chegámos por estar lá o Sócrates (ou outro qualquer). Os "nossos donos" continuam aí...à espera e a ganhar biliões com as dívidas públicas.
- As políticas que Portugal seguiu nessa altura foram definidas por toda a UE, como o Alexandre bem sabe (tentando imitar atabalhoadamente a Reserva Federal Americana).
- A coligação podia ter feito de outra maneira...sim! (e apenas me refiro aos princípios e valores humanistas que achava serem já uma conquista civilizacional adquirida; só 1 ex. - poderiam ser mil: os cortes cegos nos apoios às crianças com necessidades educativas especiais).

Resumindo: eu não estou a defender nem a atacar o "Manel" ou a "Maria"...acho que o problema das democracias europeias e da UE é bem mais profundo...e perdemos demasiado tempo a discutir a espuma dos não-assuntos risíveis.

Melhores cumprimentos!
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De Alexandre Borges a 07.10.2015 às 01:54

Não concordo porque não acho que os políticos sejam todos iguais. Acho, pelo contrário, perigoso que essa falácia se instale cada vez mais. A culpa não foi só de Sócrates? Nem pensar. Mas a maior fatia de responsabilidade foi dele. A estratégia expansionista da UE como resposta à crise durou uns meses. Rapidamente, como sabemos, passaram ao plano oposto. Se o governo português de então, tivesse seguido a prudência europeia, não teria apresentado quatro "PECs" no espaço do ano. Apresentava sucessivamente novos PECs porque não cumpria nenhum. Para já não falar da fuga em frente, continuando a contrair dívida a juros impossíveis. Sócrates sabia perfeitamente que pedir ajuda externa seria a sua derrota. Como sabe - é público - se o BCE não tivesse fechado a torneira aos bancos portugueses, estes não teriam aparecido ao primeiro-ministro dizendo-lhe que não havia mais dinheiro. Ainda assim, foi preciso Teixeira dos Santos dizer à imprensa, à revelia do chefe do Governo, que Portugal precisava de ajuda externa, para que aquele o assumisse por fim. De outro modo, sabe-se lá até onde teriam ido os juros. E vale a pena lembrar: essa factura ainda está longe de ser paga. Nada tem a ver com a da troika. Ainda a teremos de carregar por muito tempo.
No restante, concordo consigo. O caso particular dos cortes na educação especial também me choca. E sim, sobre os problemas (e responsabilidades) da UE muito, mas mesmo muito, haveria a dizer.
Fica para outra crónica.
Agradeço-lhe os comentários francos e educados.
Os melhores cumprimentos.
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De in memoriam a 07.10.2015 às 20:39

Uma vez mais, agradeço a sua disponibilidade e gentileza.
Concordo inteiramente consigo quando afirma que os políticos não são todos iguais (infelizmente, para todos nós, a "qualidade" tem vindo a decair assustadoramente...em Portugal e na Europa). Em momento algum defendi Sócrates. Aliás, exemplo acabado do que atrás afirmei. Penso é que personificar o problema conduz os menos avisados a pensar que afastada a "persona" se resolvem as questões de fundo que mergulharam a Europa na anemia económico financeira em que ainda se encontra. Pessoalmente, acho que o federalismo há muito deveria ter sido efectivado...se de facto acreditamos num projecto europeu humanista e solidário. Só assim deixaremos de estar tão vulneráveis à voracidade dos especuladores. O "plano Draghi", embora decisivo, não deixa de ser um balão de oxigénio... Continuamos no fio da navalha e se os EUA voltam a tremer...serão novamente os países do sul os primeiros a afundar em poucos meses...por muito competente e responsável que seja quem nos estiver a governar! Por isso lhe reafirmo a minha preocupação sobre os riscos de quem pensa que uma mesma crise não se repetirá caso os políticos europeus não assumam, corajosamente, um verdadeiro projecto europeu. (Que saudades de quando usávamos a palavra "estadista"!)

Melhores cumprimentos!
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De rp a 08.10.2015 às 01:39

"Choca-lhe" os cortes no ensino especial?? Não lhe "choca" o fosso do BPN, esse abismo de laranjas podres?? Além dos cortes no ensino especial, uma outra medida metida à socapa por esta coligação de fachada mas que no fundo é a coligação do "corta nos que não têm voz até caírem para o lado" foi a perversidade de subir exponencialmente a comparticipação de 300 euros para 700 euros por cada criança institucionalizada. Enquanto isso, há famílias com filhos com deficiência, a sobreviver com menos de 200 euros por pessoa. Resumindo, em casa dos teus pais, não "vales" nada, mas aqui, onde posso ir buscar uns votos, já podes "valer" uns 700 euros. Brilhante, não é? Só mesmo alguém MUITO perverso e corrupto até às entranhas, pode alguma vez defender a privatização dos direitos da criança. E basta argumentar com dificuldades económicas para que a criança esteja em risco. Sabemos bem o que separa a direita da esquerda. Vão para o inferno com o "Passos fez o que tinha de fazer", privatizem-se uns aos outros e deixem de fora os inocentes.
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De Renato Santos a 06.10.2015 às 16:49

Excelente, não concordo com tudo o que escreveu mas é daqueles textos que deviam ser emoldurados na Assembleia da República!

Saudações democráticas!!!
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De Alexandre Borges a 07.10.2015 às 01:55

Obrigado, Renato. Saudações!
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De Francisco a 06.10.2015 às 18:44

Alexandre: parabéns pelo seu excelente artigo.
Mas é espantoso como ainda há pessoas que parece que acham que a Coligação governou como governou, com doses fortes de cortes de despesa pública e aumentos de impostos, apenas por razões de ideologia, ou por sadismo ou maldade (por definição, os de direita são intrinsecamente maus...).
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De Alexandre Borges a 07.10.2015 às 01:56

Obrigado, Francisco. Cumprimentos.
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De rp a 09.10.2015 às 10:53

O meu total descrédito e asco pelas políticas de direita nasceu com o Cavaco, e com aquela medida do aumento exponencial das proprinas, para depois as universidades privadas começarem a aparecer como cogumelos. No fundo era acabar com o ensino público ou torná-lo insuportável para alguns, para paralelamente ir dando essa fatia do "pote" aos amigos poderosos ou do partido. O Cavaco é a privatização em pessoa, ele é a perversão em pessoa. Posteriormente, muitos licenciados pela escola pública, frequentando cursos com alto grau de exigência, viram passarem-lhes à frente licenciados com cursos feitos à pressão e com médias compradas, porque o "pote" ía começando a pingar menos, e os postos de trabalho com direitos estatais, só podiam ser para os filhos dos ricos, poderosos ou influentes. Senti na pele essa perversão e só não emigrei porque tenho uma filha que será dependente toda a vida. Serei pobre, miserável até, passarei fome e outras necessidades, mas em família e sem caridadezinha. Depois, o Cavaco foi ainda o grande impulsionador da bomba imobiliária, foi o descalabro, a construção com lucros diabólicos, o paraíso para os bancos, a urbanização sem qualquer controle. Mais ainda, pela mão dele, a total desvalorização da prática agrícola e do sector das pescas. Tudo foi estagnado, para depois ser colocado à mercê da europa. Quem é essa? Ao pé do Cavaco o Sócrates é apenas um bode expiatório. E assim se deu por extinta a esperança de abril na construção de um país mais livre, autónomo e justo.
É capaz de ter razão, os de direita não são intrinsecamente maus, são intrinsecamente corruptos e intrinsecamente perversos, a maldade é apenas um dos seus instrumentos.
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De Foda-se a 06.10.2015 às 18:45

a direita fala pouco ou não se ouve?

Foda.se!!!
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De Alexandre Borges a 07.10.2015 às 02:04

E não dizemos palavrões, porra!
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De A Mim Me Parece a 07.10.2015 às 15:53

O "Foda-se" não diz palavrões. Acontece ser ele próprio um palavrão.

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