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O PSD preso no passado?

por Nuno Gouveia, em 09.10.17

Pedro Santana Lopes foi candidato a líder do PSD pela primeira vez em 1995, tendo ensaiado novamente candidaturas em 1996 (contra Marcelo Rebelo de Sousa) e em 1999 (contra Durão Barroso e Marques Mendes). Viria a ser eleito líder em 2004, isto depois de Durão Barroso ter ido para Bruxelas e novamente candidato em 2008 (contra Manuela Ferreira Leite e Pedro Passos Coelho).

 

Rui Rio foi deputado durante a década de 90 e Secretário-geral de Marcelo Rebelo de Sousa entre 1996 e 1997, tendo batido com a porta depois de uma zanga com o actual Presidente da República. Foi ainda Vice-presidente de Durão Barroso, de Santana Lopes e de Manuela Ferreira Leite, e é consensual que poderia ter sido líder do PSD, se o quisesse, em 2008. Desde então, tem sido sempre falado como candidato a líder do Partido e foi ainda putativo candidato presidencial em 2016.

 

São estes os dois únicos (?) candidatos à liderança do PSD, havendo aqui uma conotação excessiva com o passado. Se a última década do século passado e a primeira do actual estão muito bem representadas nestas duas candidaturas, salta à vista que não existe ainda um vestígio de futuro nelas. Quererá isto dizer que o PSD está preso nesse passado? Quero acreditar que não, até porque vários são os membros do presente do PSD que poderiam liderar o partido: sejam aqueles que já anunciaram não estarem disponíveis para tal neste momento (como Luís Montenegro ou Paulo Rangel) mas também outros, que me escuso de referir, mas que se têm destacado nos mais variados palcos, desde o parlamento, no governo anterior ou até fora dele. 

 

Os últimos anos foram muito difíceis para o PSD: primeiro porque teve de salvar o país (juntamente com o CDS) de uma bancarrota provocada pelo Partido Socialista; mas também porque teve dois anos muito duros de oposição, principalmente depois de ter ganho as eleições. E isto sempre com forte oposição dos ditos “barões” do velho PSD, os mesmos que parecem ter ficado parados no tempo e que sempre demonstraram mais interesse nos famigerados “interesses” que Pedro Passos Coelho combateu nestes últimos sete anos do que propriamente no país. E isso poderá ter causado em diversos putativos candidatos um afastamento claro nesta altura, o que lamento. Preferia que existisse uma candidatura alternativa àqueles dois nomes, até porque teriamos um debate mais franco e aberto. Mas neste momento parece-me que tal não acontecerá.

 

E quererá isso dizer que caso não exista uma candidatura alternativa,  o PSD estará condenado a ficar preso no passado, seja com Rui Rio ou Santana Lopes? Talvez não, mas isso dependerá muito do que quiserem trazer para o PSD, que tipo de programa vão apresentar aos militantes e que tipo de pessoas vão ter a seu lado. Neste momento, resta esperar.